SECÇÃO: Crónicas

“The Roaring Twenties”

A edição deste mês recupera o artigo sobre Wassily Kandinsky para abordar o contexto em que ele viveu – os anos 20 do século passado, que ficaram conhecidos pelos “Loucos anos 20” ou “Roaring Twenties”. Este período caracterizou-se pela disrupção no pensamento, nos valores, nos costumes, na sociedade e na cultura. Isto deve-se, por um lado, ao conflito que decorreu na Europa entre 1914 a 1918 e que deixou uma visão amarga do mundo. Por outro, ao papel de protagonista assumido pelos EUA porque não conheceram nem a destruição material, causada pelos bombardeamentos, nem a penúria de bens. Pelo contrário, esteve ao lado dos aliados na luta no terreno, homem a homem, e no fornecimento de bens aos aliados. Depois da guerra optou por uma política de investimentos e concedeu empréstimos ao Ocidente para que este pudesse prosperar.

A abundância económica, aliada aos traumas de guerra vividos por muitos, provocou alterações importantes na mentalidade da época. O conservadorismo da sociedade vitoriana deu lugar a uma fúria desenfreada de viver e ao ócio.

O aumento do poder de compra proporcionou a vastos setores da população novas formas de lazer tais como o cinema, bares, casinos, recintos desportivos ou das agências de viagem, etc. Foi também neste ambiente que se assistiu à emancipação feminina feita muito à custa do trabalho nas fábricas de munições, transportes ou correios enquanto os homens lutavam na frente de combate. A sociedade reestrutura-se e empodera a mulher que parte em busca da diversão com vestidos mais leves e ousados, cabelos soltos e curtos, sentando-se ao balcão de um bar com um cigarro e um copo de vinho. A vida noturna acolhe novas sonoridades como charleston e o jazz acompanhados por novos instrumentos como o banjo, cornetim, trombone, caixa, ou bombo atraindo, assim, as grandes massas.

No mundo do desporto ganharam visibilidade modalidades como futebol, rugby, ciclismo, corridas de cavalos, de carros ou boxe.

A rádio, cinema e jornais publicitaram produtos como eletrodomésticos, automóveis e ações, criando necessidades de consumo. Todos queriam viver a “American way of life”.

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Por: Cândida Moreira