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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-05-2021

    SECÇÃO: Editorial


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    Revisitar a História

    No dia em que o país evocou os 47 anos depois da última revolução que se viveu em Portugal, ou seja no dia 25 de Abril de 2021, o Presidente da República proporcionou-nos uma interessante e reflexiva visita à nossa História.

    Recordo que o dia da semana em que aconteceu a Revolução em abril de 1974 foi a uma 5.ª feira, mas o 1.º aniversário da mesma Revolução, quando ocorreram as primeiras eleições verdadeiramente democráticas em Portugal – curiosamente a 1.ª vez que eu votei e comigo muitos milhares de portugueses, homens e mulheres – foi a uma 6.ª feira, elegendo os deputados que haviam de redigir a Constituição que ainda hoje, no essencial, é a Lei Fundamental que nos rege. O 2.º aniversário da Revolução (25 de Abril de 1976) calhou a um domingo, foi o dia em que entrou em vigor a Constituição de 1976 e tivemos as primeiras eleições legislativas.

    O Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou «sem autojustificações nem autoflagelações» o início da Guerra Colonial, há 60 anos, guerra que duraria 13 anos (1961-1974) e que havia de marcar tragicamente muitos jovens bem como as suas famílias, quer do lado do exército que pretendia manter inalterado o “império”, quer da parte das populações africanas, que aproveitando a maré, desejavam ser donas do seu próprio destino.

    Interessante, na análise da História, é o exercício de nos tentarmos colocar no tempo dos acontecimentos e vestirmos a pele e os sentimentos daqueles que verdadeiramente os vivenciaram, para não julgarmos os outros, personagens, cenas e ocorrências, com “os olhos de hoje”, como bem aconselhou o Presidente, no dia em que revisitou a nossa história recente.

    Permita-nos o leitor que faça referência, aqui e agora, ao excelente conjunto de artigos que vêm sendo publicados no nosso jornal, precisamente sob o título “A Guerra Colonial Portuguesa” do nosso colaborador Miguel Henriques, onde se nota exatamente essa preocupação da imparcialidade e de ver o rol de acontecimentos sob diferentes ângulos de visão.

    Sabendo-se da evidente ligação da Guerra Colonial com os militares que em Abril de 1974 protagonizaram a Revolução que garantiu um futuro mais risonho aos portugueses, quer devolvendo-lhes os direitos de cidadania, quer prometendo-lhes um futuro em união com os outros estados livres da Europa, Marcelo Rebelo de Sousa não temeu falar de temas que causaram, e causam ainda hoje, ruturas e incompreensões como a “condenação da escravatura e do esclavagismo, na recusa do racismo e das demais xenofobias”. Grato aos “Capitães de Abril” como a generalidade dos portugueses, o Presidente mencionou que estes revolucionários «não vieram de outras galáxias, nem de outras nações, nem surgiram num ápice naquela madrugada para fazerem História», estavam cá e foram capazes de uma gesta que causou profunda admiração em quem acompanhou mais de perto a evolução dos acontecimentos revolucionários! A sua heroica ação foi «o resultado de décadas de resistência e grito de revolta de militares» que tomaram consciência, finalmente, de que a Guerra do Ultramar sem solução militar a única alternativa era mesmo a mudança política.

    O Presidente da República Portuguesa apelou ainda a que os portugueses olhem para a sua História sem medos nem complexos, porque «não há, nem nunca houve, um Portugal perfeito». Ele próprio «é filho de um governante na ditadura» (seu pai, Baltazar Leite Rebelo de Sousa, foi Secretário de Estado da Educação e Deputado à Assembleia Nacional, no tempo de Salazar; Ministro das Colónias, Governador de Moçambique e Ministro da Saúde e Assistência já no tempo de Marcelo Caetano) mas nem por isso, ele, Marcelo Rebelo de Sousa, «deixou de ser eleito e reeleito pelos portugueses em democracia - democracia que ajudou a consagrar na Constituição que há 45 anos nos rege», pois foi um dos deputados constituintes que a elaborou e a aprovou.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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