SECÇÃO: Opinião

Solidão e isolamento!

O quadro Nighthawlks de Hoper, pintado em 1942 e inspirado num restaurante de Nova Iorque deixa-nos, desde logo, a sensação de solidão, de um isolamento angustiante. A ausência de porta não nos permite perceber o que se passa no seu interior. As personagens, embora visíveis, tornam-se inacessíveis. É como se de um casulo se tratasse no qual estamos impedidos de entrar para nos podermos deleitar com o conforto de uma bebida, de um olhar empático, afável ou cúmplice. E mesmo no exterior a vida parece ter-se esgotado. De facto, o ano de 1942 não foi fácil para o mundo. Os EUA quebraram o isolacionismo e entraram na Segunda Grande Guerra (1939-1945). Algumas das cidades americanas assistiram ao desaguar dos seus homens para um mar que deixaria a vida de muitos presa por um fio. A morte espreitava a qualquer momento durante os duros combates, sobretudo na Europa, Ásia e Pacífico deixando o mundo com a sensação do murro no estômago.

Nighthawks / Criador: Edward Hopper (American, 1882-1967) / Data de Criação: 1942 / Dimensões físicas: 84.1 × 152.4 cm (33 1/8 × 60 in.) / The Art Institute of Chicago, Friends of American Art Collection, 1942.51

Mas felizmente há boas notícias: “a tempestade vai passar, a humanidade sobreviverá”. É pelo menos o que diz Harari, um dos grandes historiadores da nossa época. De facto, a História ensina-nos que não há mal que sempre dure. A épocas de recessão ou destruição sempre se sucederam períodos de recuperação, prosperidade e desenvolvimento tecnológico. A ciência e a engenharia deram resposta aos desafios lançados em pleno sofrimento. Hoje se falarmos em radares, energia nuclear ou computadores não podemos esquecer que eles remontam ao período das guerras. Mas também ficamos a dever o atual uso das máscaras à peste negra dos séculos XIV e XVII em que se verificam relatos de médicos e coveiros que utilizaram panos para protegerem o rosto de partículas. Em 1899, por exemplo, o médico Afonso de Lemos inventa a máscara profilática que usou na observação de doentes da peste bubónica. Desde então a máscara não mais pararia de evoluir.

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Cândida Moreira