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    Arquivo: Edição de 30-11-2018

    SECÇÃO: Editorial


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    O fim da Guerra…

    Desde pequeno convivi frequentemente com a temática da Grande Guerra, que era o invariável assunto que o meu avô materno trazia à baila sempre que nos encontrávamos. Ele falava dela na primeira pessoa, pois viveu-a diretamente, no palco africano e no europeu, entre 1914 e 1918.

    Em 1913, quando foi à inspeção, não havendo ainda sinal inequívoco de que poderia haver guerra, existia a possibilidade dos recrutas apurados serem trocados pelo pagamento de uma determinada importância a favor do Estado e, assim, ficarem dispensados da recruta e do cumprimento do serviço militar. Foi precisamente o que aconteceu com o meu avô. Mas, como entretanto, a Guerra se declarou, o Governo Republicano de imediato deu ordens para que todos os homens fossem mobilizados para o serviço militar. Assim, não só foi mobilizado para o serviço militar, como integrou o 1.º grupo de militares que embarcou, ainda em 1914, para Moçambique, donde regressou em 1916. No ano seguinte, integrou a 1.ª leva que em janeiro de 1917 partiu para a França, de onde só regressou em fevereiro de 1919, depois da Guerra ter terminado. Apesar de gaseado e de ter tido graves problemas de visão, numa das vistas, depois dos 30 anos, viveu até aos 97 anos, nunca perdendo memória do horror da Guerra que vivenciou sobretudo nas Trincheiras, na Flandres. Aí, durante os tempos que passava na retaguarda, foi escrevendo episódios do seu dia-a-dia na Guerra, mas quando regressou esse livro manuscrito foi passando de mão em mão até nunca mais ser devolvido nem se saber onde ficou.

    Em memória deste meu avô e em honroso respeito para com todos aqueles que há cem anos correram risco de vida e serviram a Pátria republicana, sobretudo na África e na Flandres, tenho direcionado a minha investigação histórica precisamente para o esforço de Guerra que Portugal fez no primeiro grande conflito mundial. O resultado são dezenas de artigos publicados em jornais que vão do Alto Douro (“Notícias da Beira-Douro”), até Leiria (“Diário de Leiria”), passando por Paços de Ferreira (“Tribuna Pacense”), Ermesinde e Ansião (“Serras de Ansião”); várias conferências sobre esta temática, em Ermesinde, Ansião, Maçãs de D. Maria, Alvaiázere e Caldas da Rainha; e três livros que relatam o esforço de guerra de outros tantos municípios: Ansião (“Ansião e a Primeira Guerra Mundial”, lançado no dia 25 de abril de 2018); Alvaiázere (“Combatentes de Alvaiázere na Grande Guerra”, lançado no dia 10 de novembro de 2018”) e Valongo (“Valongo e a Primeira Grande Guerra”, lançado no dia 17 de novembro de 2018).

    O Armistício ou cessar-fogo com que terminaria a Primeira Grande Guerra, foi assinado à 11.ª hora, do 11.º dia, do 11.º mês de 1918 após uma reunião de três dias, entre delegações dos principais países beligerantes (principais potências aliadas e Alemanha), chegando, assim, ao fim as hostilidades que duraram na Europa 4 anos e três meses.

    Ainda no dia 11 de novembro, nesse dia de S. Martinho tão diferente, Lisboa e Portugal festejaram a boa notícia que chegava da frente da Guerra. E nos dias seguintes, um pouco por toda a Europa a alegria pelo fim da Guerra enchia de gente as principais praças e largos das cidades. A Guerra dava lugar à Paz e à expansão de valores como justiça, democracia e igualdade. Em Lisboa, logo no dia 12, organizou-se, espontaneamente um cortejo, em que se integrou uma multidão de portugueses que quis manifestar ao seu Presidente da República e aos representantes diplomáticos dos países Aliados a congratulação nacional pela vitória alcançada pelas armas.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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