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    Arquivo: Edição de 31-10-2018

    SECÇÃO: Editorial


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    Estudar...

    A instrução sempre foi considerada como um meio indispensável à valorização pessoal, profissional e cívica de qualquer cidadão.

    Os países mais conservadores nunca deram muita importância à valorização escolar de cada cidadão,competência que consideravam até capaz de perturbar a boa paz, que pressupunha a submissão e a obediência políticas, em vez da arreliadora crítica à atuação do poder, tanto a nível central como local.

    Em Portugal, só após o triunfo dos princípios liberais se procurou, de forma mais sistemática, a alfabetização e educação da sua população e não apenas aquela que se destinava a funções eclesiásticas.

    Em 1844 seria promulgada uma lei que previa coimas para os pais que negligenciassem a educação escolar dos filhos. Contudo, não estariam sujeitas a essas coimas aquelas famílias que residissem a mais de dois quilómetros e meio da escola. Ora, na verdade, em meados do século XIX,só uma em cada quatro freguesias tinha escola. Assim, a progressão da escolarização da população portuguesa seria muito difícil.

    No início do século XX, sobretudo com a implantação da República – e os republicanos foram intransigentes no código eleitoral quanto à necessidade de instrução para se poder votar – tentou expandir-se a obrigatoriedade de frequentar a escola a todas as crianças, tanto do género masculino como do feminino (por exemplo, Ermesinde, só no período da República é que teve uma escola para o género feminino). E, nesse período, os conteúdos do currículo escolar do ensino primário eram bastante exigentes e passavam por três níveis: elementar, complementar e superior. Os professores deveriam ter formação superior. Mesmo assim os níveis de alfabetização não progrediram muito.

    Esta situação é bem notória nas taxas de escolarização que se mantiveram baixas quase até meados do séc. XX. Tudo isto vem a propósito dos 50 anos da chegada do ensino preparatório a Ermesinde, assunto que “A Voz de Ermesinde” traz de novo às suas páginas, nesta edição.

    Efetivamente, a criação da Escola Preparatória de S. Lourenço, no início do ano letivo 1968-1969, contextualiza-se no aumento da escolaridade obrigatória de quatro para seis anos (quatro para o ensino primário propriamente dito e mais dois para o chamado ensino preparatório), aprovado em 1966, já no derradeiro executivo salazarista, pelo Ministro da Educação, Galvão Teles, que exerceu aquele cargo entre 1962 e 1968, imediatamente antes de Veiga Simão, que, já no período do Marcelismo, foi bastante mais longe em termos de política educativa.

    Mas o “grande salto” para a democratização no acesso ao ensino só se deu com as profundas transformações que o “25 de Abril” proporcionou. A partir de então, praticamente todos os jovens puderam prosseguir os estudos, porque todos os concelhos, mesmo os do interior, passaram a ter escolas secundárias públicas e o acesso à universidade também foi mais facilitado, garantindo o Estado aos alunos mais carenciados bolsas de estudo, cujos escalões máximos, davam para viver na cidade, sem terem de sobrecarregar os respetivos agregados familiares.

    Hoje, mais de quatro décadas após a“Revolução de Abril”, avançou-se bastante em matéria de política educativa, chegando-se aos 12 anos de escolaridade obrigatória e tendencialmente gratuita, uma vez que até os manuais começam a ser distribuídos graciosamente.

    Estudar, hoje, passou a ter um sentido diferente no que respeita à possibilidade de todos acederem ao ensino. As oportunidades existem, oxalá os nossos jovens e os seus encarregados de educação não desbaratem o ensejo de poderem, através da formação escolar, obter os conhecimentos necessários a tornarem-se bons profissionais e bons cidadãos.

    É esse o objetivo último da política educacional, deve ser esse, também, o objetivo dos jovens, com o apoio e incentivo de professores e familiares.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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