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    Arquivo: Edição de 30-04-2018

    SECÇÃO: Destaque


    COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL EM ERMESINDE

    25 de Abril de 1974: Ontem, hoje e… sempre

    Ermesinde - e a sua Junta de Freguesia - associaram-se um ano mais às comemorações do 25 de Abril. Nesse sentido, foi levado por diante um vasto e variado programa alusivo às comemorações do 44º aniversário da Revolução dos Cravos, e que teve um dos seus pontos altos na manhã do dia 25, com as cerimónias oficiais que decorreram (quer no exterior, quer no interior) do edifício da Junta, e onde se destaca a sessão solene que contou com as intervenções de todos os partidos com assento na Assembleia de Freguesia de Ermesinde, bem como com a intervenção dos presidentes da Junta e da Assembleia de Freguesia, tendo terminado com a entrega de prémios dos concursos de cartazes e poemas de Abril.

    Fotos ALBERTO BLANQUET
    Fotos ALBERTO BLANQUET
    As comemorações do 44º aniversário do 25 de Abril começaram bem cedo, com o hasteamento das bandeiras no exterior do edifício da Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE), cerimónia que contou com a presença dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde. Seguiu-se então a sessão solene com as habituais intervenções partidárias, decorrida no auditório da Junta, intervenções essas que na sua génese além de evocarem - e recordarem - algumas das conquistas de Abril de 1974, como a liberdade, a consagração de direitos, a democracia, as transformações económicas e sociais, ou a instalação do Poder Local, apontaram ainda alguns caminhos futuros, onde é imperativo (continuar a) defender e aplicar muitos dos valores que o 25 de Abril de 74 trouxe.

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    A primeira intervenção coube a Sílvia Silva, representante da CDU, que lembrando que o 25 de Abril transformou profundamente a realidade nacional, culminando «uma longa e heróica luta» que pôs fim a «48 anos de ditadura fascista e realizou profundas transformações democráticas», destacou igualmente que apesar dos avanços registados na reposição e conquista de direitos, Portugal necessita «de uma mais lesta resposta a problemas estruturais ligados com o desenvolvimento das capacidades produtivas nacionais e de fortalecimento dos serviços públicos para garantir a resposta às necessidades dos trabalhadores e das populações». Recordou ainda que o Poder Local é uma conquista que viu consagrada na Constituição da República os seus princípios democráticos, e que deve ser amplamente participado, plural, colegial e democrático, dotado de uma efetiva autonomia administrativa e financeira.

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    Seguiu-se Carla Sousa, do Bloco de Esquerda, que recordaria que «antes de 1974, houve, ingenuamente, quem confiasse ao padrinho do atual Presidente da República, o outro Marcelo - o Caetano - o protagonismo duma mudança. De reformas políticas. Do fim da guerra colonial. Da instauração de um estado democrático. Não aconteceu. Houve uma limpeza de rosto, uma troca de designações institucionais aqui e ali, pseudo-eleições. E pouco mais. A opção foi a da evolução na continuidade. Por oposição a este regime ditatorial e fascista, surge o 25 de abril. Um ato de rutura ante as constantes e goradas expectativas de uma transição pacífica, para um regime democrático». Numa alusão ao passado mais recente disse que «depois dum percurso sinuoso e de submissão aos imperativos pseudo europeístas, com as hecatombes dos socialistas europeus, por força da rendição aos modelos económico-capitalistas e de uma ideologia de mercado, António Costa, contrariando a tendência europeia, aparentemente encontrou uma chave, e, se não abriu a gaveta onde repousa o socialismo, pelo menos respeitou a democracia representativa, ao ceder à inovação duma nova arquitetura política. Os ataques aos direitos sociais e laborais foram travados. Algum investimento público espreitou. Mas muito mais haverá ainda a fazer (…). Defender Abril e a democracia implica estar com a população e com as suas aspirações. É tempo de tomar decisões».

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    Pelo CDS-PP interveio Catarina Barbosa, que recordou que após o sonho da liberdade alcançada pelo povo português em Abril de 1974 seguiu-se o pesadelo do PREC, em que «várias foram as pessoas que foram perseguidas e esbulhadas da sua propriedade, vários foram os actos de violência perpetuados. (…) Hoje, estamos aqui para homenagear, não apenas todos os que foram perseguidos durante o Antigo Regime, mas também todos aqueles que foram perseguidos durante o PREC e todos aqueles que nos devolveram a liberdade e a democracia!». Acrescentaria que a liberdade conquistada deve ser evocada e apreciada diariamente e não apenas uma vez por ano (a 25 de abril), «desta forma, o povo português deve continuar a esforçar-se no sentido de proteger os seus direitos e liberdades individuais, deve continuar a preservar a democracia. E a melhor maneira que cada um de nós tem para o fazer, é através do voto! Para que a democracia seja bem sucedida, devem os cidadãos ser activos, pois é o povo quem governa, através de órgãos representativos».

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    Teresa Raposo, do PSD, recuou até à noite da véspera, altura em que a JFE deu início a estas comemorações, com a realização de um debate em que foram ouvidos testemunhos sobre o dia da Revolução de Abril de 74. E lembrou esse apontamento (que damos conta na caixa ao lado) para referir que na plateia a faixa etária que ali imperava situava-se acima dos 40 anos, um sinal de que para os jovens de hoje a ideia do 25 de Abril se situa num passado longínquo em que tudo funcionava a preto e branco. Com esta ideia, a social-democrata quis fazer referência ao afastamento dos jovens daquilo o que foi o 25 de Abril. Mas «enquanto existir alguém a quem o 25 de Abril de 1974 tenha de algum modo alterado o seu rumo da sua vida, dos seus pais ou dos seus familiares, esse alguém tem o dever, tem a obrigação, de, em nome da liberdade que todos nós temos hoje, tem a responsabilidade de transmitir aos seus jovens, de lhes fazer sentir, a extraordinária importância daquela revolução. (…) E quando cada um de nós conseguir passar essa mensagem, tenho a certeza que para os jovens o 25 de Abril de 74 não será apenas uma história que se passou numa época em que tudo era a preto e branco».

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    Pelo PS, interveio André Teixeira, que começou por dizer além da restituição da liberdade o 25 de Abril permitiu a melhoria da qualidade de vida das pessoas em várias áreas, nomeadamente na saúde, no ensino, ou na proteção social. «No entanto, não podemos ver o 25 de Abril como um fim, mas sim com um início, um início de um ciclo que se transforma, principalmente nos dias de hoje», acrescentando que o mundo global está hoje em constante mudança, «e trouxe consigo uma nova era, a era tecnológica, e como tal teremos pela frente novos desafios e novas perspetivas, novas formas de encarar o emprego, com contratos de trabalho, novas dinâmicas do mercado e imobiliário, e novas formas de encarar a sociedade, principalmente nas nossas aldeias, vilas e cidades».

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    Usaria em seguida da palavra o presidente da JFE, João Morgado, que discursava pela primeira vez nas comemorações do 25 de Abril no exercício das funções para as quais foi eleito. Na sua alocução referiu que é necessário lembrar Abril todos os dias, porque ainda há muito para fazer. Sublinhou que é urgente criar mecanismos que combatam as desigualdades «para tudo fazer que todos tenhamos as mesmas condições de acesso aos mais diferentes patamares da sociedade. Como diz a canção, uma sociedade não é justa se para todos não houver paz, pão, educação e saúde. Ninguém consegue viver em liberdade se não estiverem reunidas todas as condições. Por isso temos de continuar Abril todos os dias». Focou ainda a «mais do que provável» descentralização de competências do Governo para as autarquias, «novos desafios para as autarquias, esperando nós que essas mesmas competências venham acompanhadas de meios que nos permitam melhorar a qualidade de vida dos nossos cidadãos e não representem um corte de verbas a atribuir aos mais variados serviços», disse, terminando a sua intervenção sublinhando que «continuemos lutando para que em todas as vertentes se melhorem as condições de vida dos ermesindenses».

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    Por fim, interveio o presidente da Assembleia de Freguesia de Ermesinde, Josué Morais, que lembraria que o 25 de Abril deu origem ao Poder Local, democrático e autónomo, sendo que na sua voz a autonomia local tem sido um dos motores do progresso e de modernização do país. «Hoje, mais do que nunca, as autarquias devem ser o baluarte da boa gestão pública liderando o processo da transformação sócio-cultural e infraestrutral do país promovendo assim melhores condições de vida às gerações vindouras. O poder local pode garantir um rumo de progresso e de coesão no nosso país e continuar a trabalhar e a trilhar novos caminhos de proximidade em benefício de populações tornando-se na imagem próxima do Estado junto das mesmas, ajudando ao livre acesso à educação, saúde, cultura, desporto, ou ao lazer».

    Finalizadas as intervenções, procedeu-se à entrega dos prémios alusivos ao concurso de cartazes e poemas que a JFE levou a cabo no âmbito das comemorações do 25 de Abril, com as chamadas ao palco dos jovens vencedores.

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    Por: Miguel Barros

     

     

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