CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE
Os 60 anos de vida de “A Voz de Ermesinde” merecem ser celebrados
Com efeito, a imprensa escrita atravessa uma crise profunda, estando a antiga relação de cumplicidade entre os jornais e os seus leitores a ser progressivamente substituída pela informação não editada, que circula a grande velocidade nas redes sociais, pouco importando se é verdadeira ou falsa essa "informação", que dispensa a mediação dos jornalistas.
Essa falsa "informação", a que agora se chama "fakenews", até elege Presidentes, como nos Estados Unidos.
Têm-se multiplicado os casos de jornais, alguns centenários, que vão encerrando, à míngua de leitores, ou passam a dispor apenas de edição na internet, já que as entidades suas proprietárias não estão dispostas a suportar prejuízos constantes e cada vez mais vultosos.
Mesmo na imprensa local ou regional, embora necessariamente a uma escala financeiramente mais restrita, vão deixando de ser publicados em edição impressa muitos dos jornais que nos habituáramos a ler, repositório vivo das tradições, da história e da vida de cada comunidade.
Até no nosso concelho.
Tenho para mim que a principal razão por que "A Voz de Ermesinde" tem subsistido, sem interrupções, desde a década de 50 do século passado, é o facto de pertencer ao Centro Social de Ermesinde - cujo equilíbrio de resultados financeiros tem permitido acomodar o custo do jornal.
Desde a fundação da Sopa dos Pobres - nome inicial e comum, quer da Instituição, quer do jornal - que os seus promotores quiseram que a acção de beneficência da Sopa dos Pobres (depois designada Centro de Assistência Social de Ermesinde e, mais tarde, Centro Social de Ermesinde) fosse divulgada na comunidade, tendo o jornal Sopa dos Pobres (e depois, "A Voz de Ermesinde") constituído um elo permanente de ligação entre o jornal e a Instituição sua proprietária.
Mais do que isso: a visibilidade dada pelo jornal às actividades do Centro Social de Ermesinde serviu, nos anos iniciais, para reforçar a participação dos homens bons de Ermesinde ao serviço do Centro Social e, deste modo, para que a Instituição tivesse tido desde sempre um percurso de afirmação e crescimento que lhe permitiu atingir a robustez e a amplitude que apresenta nos nossos dias.
Mas a identidade de "A Voz de Ermesinde" vai muito mais além do que é essa vinculação permanente ao Centro Social de Ermesinde - constituindo paralelamente um verdadeiro retrato caleidoscópico e um repositório de informação e da História da nossa comunidade de Ermesinde ao longo dos últimos 60 anos.
Parece pouco tempo - mas estas 6 décadas foram provavelmente aquelas que viram uma mais profunda transformação de Ermesinde ao longo da sua História.
Espero que o nosso jornal continue a ser a voz de Ermesinde: atenta e vigilante, serena e cuidadosa, simultaneamente crítica e factor de desenvolvimento e de progresso da cidade e do concelho, ponto de convergência dos interesses de Ermesinde e dos seus habitantes.
Por: Henrique Rodrigues*
*(Presidente da Direção do Centro Social de Ermesinde)
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