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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 15-12-2017

    SECÇÃO: Desporto


    ENTREVISTA

    Ao fim de uma década de existência a Bilharsinde é já uma das provas de maior notoriedade do pool português

    2017 é um ano especial para o "universo" Bilharsinde. Aquela que é hoje uma das mais populares e conceituadas plataformas, por assim dizer, de pool português a nível nacional assinala não só dez anos de existência como também viu nesta temporada desportiva a sua competição rainha - e que lhe deu o ser -, a Superliga Bilharsinde, bater um novo recorde de participantes. Neste edição estivemos à conversa com Adolfo Pinto, o mentor das competições Bilharsinde, que nos falou dos contornos deste trajeto meteórico de popularidade que teve o seu início em Ermesinde há precisamente dez anos atrás.

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    «A Bilharsinde é a menina dos meus olhos», diz-nos Adolfo Pinto nas despedidas de uma conversa que teve lugar na Cafetaria Job, a casa comercial que este cidadão nascido - com orgulho - na Régua é proprietário e igualmente a sede do clube por ele fundado e que se dedica única e exclusivamente à prática de pool português - uma das variantes do bilhar -, o Voxx Club de Bilhar. A residir em Ermesinde há já duas décadas, o nosso interlocutor deixou bem claro nesta conversa a paixão que desde sempre teve pelo bilhar. Começou, aliás, por lembrar os primeiros anos de residência na nossa freguesia e que atestam essa paixão: «na altura eu era um "ferrinho" todas as noites no Astérix (conhecido salão de jogos ermesindense). Depois de sair do trabalho lá ia dar umas tacadas». Em 2003 torna-se proprietário do Voxx Caffé - hoje rebatizado de Cafetaria Job em homenagem aos seus dois filhos: João e Benedita -, e ai o assunto torna-se mais sério, uma vez que começou a "ganhar o bichinho" pelo bilhar de competição. Passou então a competir ao mais alto nível em ligas como a NortePool ou a BCP (Bilhar Clube de Portugal) que reuniam os melhores atletas e equipas da região, até que em 2007 decide arrancar com a sua própria liga. O porquê desta decisão? Simples. «Achei que conseguia fazer um trabalho melhor em relação ao que era desenvolvido por essas ligas. Além de que a própria modalidade merecia mais, precisava de ser mais divulgada do que estava a ser até então, já que tirando a BCP e a NortePool praticamente não havia grande competição».

    O INÍCIO

    DA CAMINHADA

    E foi então que em 2007 nasce oficialmente a Bilharsinde. Inicialmente, Adolfo Pinto estava longe de imaginar que iria chegar tão longe, em termos de prestígio, como chegou, até porque «a minha ideia era criar uma competição com 10 ou 12 equipas aqui de Ermesinde para o pessoal andar entretido». No entanto, e após ter sido desafiado por amigos de outras localidades da região, decidiu alargar a competição a equipas de outras zonas, como Vila Nova de Gaia, Maia, ou Matosinhos, e dai acrescentar à designação Bilharsinde a palavra Superliga, no sentido de abranger equipas de todo o nosso distrito. Superliga Bilharsinde, a competição que na temporada 2017/18 deu então início a este trajeto de 10 anos e que na altura arrancou com 17 equipas. Dali para a frente foi sempre a crescer. 23, 48, 64, 70, 72, 77 e 82, números que atestam o crescimento, época após época, da Superliga Bilharsinde no que toca a equipas participantes. O grande salto, conta-nos Adolfo Pinto, terá sido com o fim da liga BCP, em que a Bilharsinde acolheu muitas das equipas que participavam nessa competição. Hoje, a Superliga Bilhrasinde agrega a si conjuntos oriundos desde a Póvoa do Varzim até Vila Nova de Gaia, sendo que este último concelho teve na atual época desportiva um crescimento enorme em termos de participantes, já que há dois anos apenas competia com uma equipa e atualmente participa com 12!

    TRABALHO E HONESTIDADE:

    A CHAVE DO SUCESSO

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    O segredo para esta acentuada escalada em termos de sucesso num curto espaço de tempo resume-se nas palavras do nosso interlocutor a trabalho e honestidade. «Tento sempre cumprir com os regulamentos da competição e não beneficiar ninguém, e dessa forma cumprir com quem confia em nós, e esse é o grande segredo não só para o bilhar como na postura de estar na vida. E quando assim é as coisas só podem correr bem», diz-nos Adolfo Pinto, que faz questão de evocar as palavras convívio, amizade, fair-play, brio e dignidade como as diretrizes das competições Bilharsinde. O crescimento da Superliga Bilharsinde em tão pouco tempo obrigou a que os seus organizadores dessem alguns passos no sentido de credibilizar ainda mais a competição, como por exemplo, o facto de obter a homologação da Federação Portuguesa de Bilhar (FPB) ou de criar em 2011 a Associação Desportiva Bilharsinde, no sentido de separar as competições do Voxx Club de Bilhar e assim dar um cariz mais profissional às provas. Falamos aqui em provas, plural, o que nos leva a perceber que hoje a Bilharsinde vai muito além da sua competição rainha, isto é, a Superliga, pois para além desta organiza ainda a Liga Bilharsinde e de há dois anos a esta parte a competição Master. E dentro de cada uma destas provas temos ainda a taça e a competição individual, o que comprova não só a dimensão como a popularidade do universo Bilharsinde na atualidade. «A Superliga Bilharsinde, por exemplo, é a única competição do distrito a ser disputada à segunda-feira, o que faz com que não tenhamos grande concorrência, sendo atualmente mais forte que a própria competição da FPB, isto é, temos mais equipas do Distrito do Porto a competir na Superliga do que a própria federação na mesma região», refere Adolfo Pinto.

    Grande alavanca para o crescimento destas competições foi também o facto de que ao longo desta década muitos dos melhores jogadores de pool português atuaram nas provas Bilharsinde. Ícones como Pedro Fonseca, Pedro Grilo, João Sousa, Bruno Fumega, Fernando Oliveira ou mais recentemente Américo Francisco, deram um impulso muito grande à competição, conforme refere Adolfo Pinto, que aproveita para agradecer a todos eles a contribuição dada para o crescimento da Bilharsinde.

    BILHARSINDE LUTA PELA

    PROMOÇÃO DO BILHAR

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    Adolfo Pinto, é como já dissemos antes, um apaixonado do bilhar, um acérrimo defensor e promotor de uma modalidade que na sua voz tem ainda pouca divulgação em Portugal. A Bilharsinde tem lutado contra esta tendência, e essa luta tem sido expressa na promoção da competição em espaços públicos, mais concretamente em espaços comerciais. Ao longo destes dez anos a Associação Desportiva Bilharsinde tem realizado as fases finais de algumas das suas competições em grandes espaços comerciais, como é o caso do Maia Shopping (em duas ocasiões), o Parque Nascente (em três anos), ou o Centro Comercial de Valongo. «Já que as pessoas não vêm ao bilhar, nós levamos a modalidade até elas. Por norma, as sedes dos clubes e associações são pequenas e não têm condições para receber os adeptos da modalidade, e ao promovermos este tipo de eventos em grandes espaços comerciais acabamos por atrair público e promover desta forma a modalidade», explica. A Bilharsinde tem sido falada em termos nacionais igualmente pelo facto de promover a modalidade em termos de formação e de competição feminina, algo que até há pouco tempo não existia. Paralelamente às fases finais disputadas em grandes espaços comerciais, a Bilharsinde organiza provas para jovens atletas - a Liga Bilharsinde Júnior - e para senhoras - a Liga Bilharsinde Feminina. «Fomos pioneiros nestas duas vertentes, na formação e na promoção do pool português feminino, e agora outras ligas concorrentes já o fazem também». Ainda no que concerne ao panorama atual do bilhar em Portugal, Adolfo Pinto lança algumas críticas à FPB, que na sua voz não tem feito uma promoção adequada da modalidade, como era de sua obrigação. «Face ao número de atletas que temos a competir em Portugal, que são mais de 4000 - só a Bilharsinde agrega a si 700 -, acho que a federação podia fazer mais no sentido de promover o bilhar. Talvez divulgar mais a modalidade na televisão, por exemplo, isso iria fazer transcender o bilhar para patamares mais elevados. Eu fico chateado quando ouço dizer muitas vezes que o bilhar é uma competição de tasco. De todas as formas eu tento dizer que bilhar é desporto, e aos poucos a mentalidade vai mudando, mas ainda é preciso mais. Faltam infraestruturas e apoios, e caso a FPB divulgasse mais a modalidade na comunicação social, sobretudo na televisão, esse panorama poderia mudar». A terminar, Adolfo Pinto traça um claro objetivo para a Bilharsinde: «queremos chegar às 100 equipas. Esta época conseguimos alcançar 82, mas em breve pretendemos chegar à centena», remata o nosso interlocutor.

    Por: Miguel Barros

     

     

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