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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2017

    SECÇÃO: Destaque


    REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO

    Alfena fez ouvir a sua voz (de desagrado) para com a Câmara Municipal

    Antevia-se participada e - sobretudo - quente, e... assim foi. Referimo-nos à reunião pública do Executivo da Câmara Municipal de Valongo (CMV) de 14 de junho passado, que teve lugar em Alfena, mais concretamente no centro cultural daquela cidade. Uma sessão - descentralizada - que começou por volta das 21H00 do dia 14 e terminou cerca das 02H00 do dia seguinte (!), o que diz muito sobre a acesa discussão ali mantida num clima acalorado diante de um auditório bem composto. Em suma, Alfena mostrou o seu desagrado perante as opções de investimento da Câmara para com aquela cidade ao longo do mandato que está prestes a ser concluído, ao passo que a autarquia se defendeu - na voz de José Manuel Ribeiro - com as diversas obras que foram sendo ali realizadas no decurso destes quase quatro anos de mandato. Todo este ambiente crispado evidenciou que as próximas eleições autárquicas já mexem, e de que maneira, no Concelho de Valongo.

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    A primeira intervenção da noite foi para César Vasconcelos, vereador da coligação PSD/PPM, que fez uma espécie de balanço do mandato que se aproxima do final no que concerne à intervenção da Câmara em Alfena. Mandato que para o social-democrata fica marcado pelo avançar de uma série de obras que hoje são realidade, graças ao trabalho realizado no mandato anterior, dando como exemplo maior o Centro de Distribuição da Jerónimo Martins, uma infraestrutura cuja vinda para Alfena se ficou a dever, nas palavras do vereador, à ação do PSD enquanto partido que conduzia os destinos da autarquia. Uma infraestrutura sobre a qual «no mandato anterior o atual presidente da Câmara dizia "cobras e lagartos" mas que agora acaba por ser a sua "galinha dos ovos de ouro", atendendo a que vai passar a lucrar 1,2 milhões de euros em taxas com a instalação da plataforma», atacou o social-democrata, que alertou ainda para alguns problemas de ordem técnica e ambiental que rodeiam a mini ETAR que está precisamente a ser construída na zona onde ficará a plataforma da Jerónimo Martins. César Vasconcelos ressalvou ainda a dificuldade que, ao longo do mandato, quer a Junta de Freguesia de Alfena (JFA), quer as associações e cidadãos desta cidade, sempre tiveram em dialogar com o presidente da Câmara, classificando esta postura de José Manuel Ribeiro como «uma falta de respeito para com os alfenenses».

    Também Hélio Rebelo (PSD/PPM) não poupou José Manuel Ribeiro a críticas, fazendo também ele uma espécie de balanço da atuação do autarca à frente dos destinos da CMV, ressalvando que se hoje a autarquia goza de boas finanças o deve ao PSD, que no mandato passado recorreu ao PAEL e colocou a dívida «nos carris. Colocamos as contas no sítio certo», lembrou, não sem antes acrescentar - e criticar - que foi face a essa opção do seu partido que «hoje há dinheiro para contratar artistas para atuar em festas, mas não há dinheiro para arranjar passeios e ruas». Focaria ainda a necessidade de a Câmara rever a política de comparticipações dadas aos clubes e associações que têm infraestruturas próprias, dando como exemplo o Atlético Clube Alfenense, que, na sua voz, é prejudicado face a outros clubes que, não tendo instalações próprias utilizam as infraestruturas desportivas da autarquia, a troco de uma taxa de cinco euros, não tendo de se preocupar com os custos de água, eletricidade, entre outras obras de manutenção. Isto, contrariamente ao que acontece com clubes como o Alfenense, que, utilizando as suas próprias instalações, tem de arcar com todas estas despesas mensais. Sobre este tema, Hélio Rebelo recordou que o seu partido já havia colocado em cima da mesa a proposta para que a taxa de cinco euros que é paga para a utilização das infraestruturas da CMV seja consignado aos clubes que têm instalações próprias e despesas inerentes ao uso desses equipamentos.

    Por sua vez, Adriano Ribeiro (CDU) começou a sua intervenção questionando em que ponto estava a resposta à recomendação feita pelo seu partido sobre a intenção da Junta de Freguesia de Alfena (JFA) em utilizar as instalações da Escola do Xisto para ali desenvolver atividades relacionadas, entre outras, com empreendedorismo social e formação. E porque estávamos em Alfena, o vereador da CDU aproveitou para fazer um esclarecimento sobre os panfletos assinados pelo PS/Alfena, que circularam por aquela freguesia um dia após a 2ª Revisão Orçamental ter sido chumbada em sede de Executivo, panfletos esses que, conforme recordou, acusavam PSD e CDU de «coligação negativa que estava a boicotar o trabalho da autarquia». Adriano Ribeiro elencou então alguns argumentos que davam conta de que o seu partido sempre esteve ao lado dos alfenenses e na defesa dos interesses destes, recordando as lutas pela construção do novo Centro de Saúde e pela concretização do projeto Plataforma Solidária de Alfena, bem como a reivindicação para a inclusão de uma verba de 100.000 euros na 2ª Revisão Orçamental para o início da construção da nova sede da JFA. «Quais foram as obras que a CDU boicotou aqui em Alfena?», questionou o vereador no sentido de desmentir a acusação de boicote impressa no referido panfleto. «A CDU assume sempre a responsabilidade do que é bom e do que é mau. Não estamos aqui para boicotar mas sim para trabalhar», rematou.

    A atuar em casa, passe a expressão, estava Jorge do Aido, vereador do PS que ali se encontrava a colmatar a ausência do vice-presidente da autarquia, Sobral Pires. O vereador alfenense deixou elogios ao trabalho que a Câmara tem realizado neste mandato em Alfena, sublinhando que nestes últimos três anos e meio se havia realizado mais investimento naquela freguesia do que nos anteriores 20 anos.

    Também João Paulo Baltazar (PSD/PPM) usou da palavra para fazer um balanço do mandato que está prestes a terminar, dando conta da frustração que sentia em não ter podido gerir a Câmara - na altura em que desempenhou funções de presidente - «com a abundância (financeira) que hoje existe». Recordou que foi graças às medidas tomadas no anterior mandato, mais precisamente na adesão ao PAEL, que «hoje a CMV consegue cumprir com os seus compromissos e ter as suas finanças equilibradas», disse, acrescentando que se atualmente José Manuel Ribeiro tem 3,8 milhões de euros - inseridos na 2ª Revisão Orçamental - para gastar em seis meses, ele não havia tido essa verba para gastar em quatro anos. No que concerne ao Centro de Distribuição da Jerónimo Martins, o vereador social-democrata chamou a si o mérito, digamos assim, da vinda da empresa para o nosso concelho, referindo que todo o processo dessa vinda havia sido iniciado por si enquanto presidente da autarquia.

    JOSÉ MANUEL RIBEIRO

    REBATE CRÍTICAS

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    Por seu turno, José Manuel Ribeiro discordou das intervenções vindas da oposição que aludiam a falta de investimento em Alfena. O edil recordou que, assim que chegou à liderança da CMV, encontrou muitos problemas, que havia resolvido muitos deles, e que outros estarão na calha para também serem solucionados. Lembrou que a Câmara fez ao longo deste mandato muitos investimentos naquela freguesia, ressalvando no entanto que fruto de opções erradas tomadas há 20 ou 30 anos, a Câmara demitiu-se de fazer obras em Alfena, deixando assim que a iniciativa privada fosse fazendo obra na freguesia, sendo que, em seu entender, essas opções passadas fazem com que hoje aquela cidade tenha menos equipamentos públicos, «o que distorce todos os anos o investimento que é feito». Referindo ainda que fala e recebe sempre toda a gente que o solicita, rebatendo assim a crítica de César Vasconcelos, informou ainda que a Escola do Xisto está a ser utilizada pela Câmara para acolher um projeto - um ATL - para crianças com necessidades especiais, sendo essa a justificação pela qual a autarquia está indisponível para partilhar o equipamento com a JFA. Sobre o PAEL foi perentório em dizer que «vou fazer todos os possíveis para me libertar do PAEL», enquanto que no que se refere à vinda da Plataforma da Jerónimo Martins para Alfena o edil sublinharia que «tudo foi decidido neste mandato», contrariando assim a afirmação de João Paulo Baltazar quando este chamou a si o mérito da implementação da plataforma no nosso concelho.

    Após as muitas intervenções do público, que ali trouxe situações problemáticas - sobretudo ao nível de infraestruturas e de trânsito - que afetam diversas artérias alfenenses, foi dada a palavra ao presidente da JFA, Arnaldo Soares, que à semelhança do que havia feito na Assembleia Municipal de Valongo de 18 de maio (a qual demos conta na edição anterior) não se poupou em críticas ao presidente da Câmara. Começou por desafiar José Manuel Ribeiro a «falar verdade» no que concerne ao comunicado lançado o ano passado, quando este falava na transferência de uma determinada verba para a Junta ao abrigo da delegação de competências para a varredura das ruas cinco vezes por semana. «Isso não é verdade, e o presidente tem aqui uma oportunidade para corrigir o que disse nesse comunicado em que mentiu deliberadamente à população», desafiou Arnaldo Soares. O autarca alfenense agradeceu ainda publicamente - e mais uma vez - a ação da CDU e do PSD na colaboração dada à JFA ao longo destes quase quatro anos de mandato: «e não fosse a intervenção destes dois partidos muitos dos investimentos que foram acontecendo em Alfena não teriam acontecido». Enumerou em seguida alguns projetos cuja concretização, ou avanço, se devem na sua voz à ação dos dois partidos atrás mencionados, como por exemplo a Plataforma Solidária de Alfena, cujo mérito de implementação atribuiu à CDU, ou a verba de 100.000 inserida na 2ª Revisão Orçamental para o início da construção da nova sede da Junta, uma reivindicação a que, na voz de Arnaldo Soares, o presidente da Câmara se opôs numa primeira fase e que só foi validado por exigência da CDU e do PSD, caso contrário a 2ª Revisão Orçamental não seria aprovada. O presidente da JFA lamentou o pouco investimento que a sua freguesia tem recebido por parte da autarquia no atual mandato, referindo que nestes últimos quase quatro anos Alfena recebeu «apenas quatro por cento do investimento público».

    Por sua vez, José Manuel Ribeiro não concordou com a avaliação do presidente da JFA, dizendo que este não faz bem as contas, lembrando alguns dos investimentos que foram realizados na freguesia e outros que irão ser feitos. De uma forma mais concreta lembrou o investimento realizado na Plataforma Solidária de Alfena; as obras na Rua de Cabeda, bem como outras pequenas e diversas intervenções noutras artérias da cidade; a candidatura para a abertura da Oficina do Brinquedo, um projeto que, segundo o edil, envolve um «investimento de quase dois milhões de euros»; o investimento no Espaço Multiusos; a requalificação da Levada do Cabo para a implementação do futuro Parque do Vale do Leça; ou recuperação do antigo cinema de Alfena foram alguns dos investimentos que o autarca recordou.

    «É evidente que falta aqui fazer muita coisa ainda, mas garanto-lhe que vamos não só conseguir estar a inaugurar isto como vamos fazer muito mais. Acho por isso injusto passar a ideia de que não tem havido investimento em Alfena», rematou José Manuel Ribeiro.

    Por: Miguel Barros

     

     

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