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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2016

    SECÇÃO: Destaque


    Casa do Povo de Ermesinde assinalou o seu 75º aniversário

    Foi num ambiente intimista que a Casa do Povo de Ermesinde comemorou oficialmente os seus 75 anos de vida. Cerimónia ocorrida na fria e chuvosa noite de 19 de novembro nas acolhedoras e calorosas instalações da acarinhada instituição particular de solidariedade social, onde marcaram presença diversas individualidades locais que testemunharam a vitalidade e ambição de uma casa que pretende continuar a caminhar rumo ao futuro com os mesmos propósitos com que hoje se apresenta junto da comunidade, por outras palavras, prosseguir com a sua missão solidária junto da população mais necessitada, neste caso em concreto os cidadãos seniores, os destinatários do trabalho que a instituição tem vindo a realizar com distinção, como foi possível constatar pelos elogios que foram proferidos pelos inúmeros convidados.

    Momento emotivo desta cerimónia aconteceu com a sentida homenagem que foi feita a António Vasques, histórico dirigente da Casa do Povo de Ermesinde falecido há cerca de cinco meses.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    A noite fria e chuvosa que se fazia sentir no exterior do edifício da Casa do Povo de Ermesinde (CPE) rapidamente foi esquecida assim que fomos encaminhados pelas simpáticas colaboradoras da instituição para o acolhedor e caloroso salão onde decorreu esta cerimónia. Ali, os convidados foram brindados com uma agradável ceia enquanto no palco do salão iam sendo proferidos os habituais discursos de ocasião adornados por não menos agradáveis apontamentos musicais.

    E foram muitos os convidados que ali se deslocaram para dar os parabéns à CPE nesta data tão especial. Entre estes destacaram-se inúmeras individualidades, casos de José Manuel Ribeiro (presidente da Câmara de Valongo), Abílio Vilas Boas (presidente da Assembleia Municipal de Valongo), Luís Ramalho (presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde), Raul Santos (presidente da Assembleia de Freguesia de Ermesinde), diversos dirigentes de outras instituições locais, caso de Henrique Rodrigues, presidente do Centro Social de Ermesinde (CSE), bem como familiares de atuais e antigos dirigentes da instituição aniversariante.

    O mestre de cerimónia foi Jerónimo Pereira, atual presidente da Direção da CPE, que numa primeira intervenção, e após agradecer a presença de todos, deu conta da sua honra e emoção em ali estar nesta data tão relevante para a instituição. Seguiu-se a projeção de um vídeo institucional, que recordou alguns dos capítulos da vida da CPE, em especial aqueles que mostram a instituição a desenvolver o seu trabalho junto dos seus utentes seniores.

    Posto isto usaria da palavra outra figura muito querida desta casa, Joaquim Moutinho, personalidade que há quase duas décadas exerce funções de presidente da Assembleia Geral da casa do povo. Começaria por recordar dois homens a quem a instituição muito deve daquilo o que é hoje, «as duas figuras mais importantes da história da CPE», nas suas palavras, nomeadamente o "grande sócio benemérito" Manuel Joaquim dos Santos, mais conhecido por Santos Rasteiro e o «grande dirigente» António Vasques, ambos já falecidos. Dirigiu em seguida palavras de elogio ao atual presidente da Direção, Jerónimo Pereira, que no pouco tempo que leva à frente desta casa «tem dado passos largos no sentido de continuar o trabalho que vinha sendo desenvolvido por António Vasques».

    Recordaria ainda um pouco do trajeto histórico da CPE ao longo destes 75 anos, uma instituição que começou por estar ligada essencialmente à comunidade rural e que ao longo dos anos 60, 70 e 80 acompanhou a transformação e o crescimento galopante da freguesia de Ermesinde, tendo a partir dos finais da década de 80 centrado a sua ação ao nível do apoio social junto de «uma terceira idade que ao invés de ficar esquecida no seu lar tem aqui uma casa que a apoia e anima, que lhe dá uma segunda vida», referiu Moutinho ao lembrar a missão das duas principais valências da CPE, no caso o Centro de Dia, hoje com 50 utentes, e o Serviço de Apoio Domiciliário, que serve atualmente 35 utentes, números que aliás já por nós foram evocados na passada edição do nosso jornal, altura em que elaboramos um trabalho que teve como pano de fundo precisamente o 75º aniversário desta instituição.

    RUMO AO FUTURO

    COM A POSTURA

    ATUAL

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    Em seguida seria a vez de Jerónimo Pereira brindar os presentes com algumas palavras. Começou por agradecer e elogiar o empenho de todas as colaboradoras da instituição na organização desta festa. Agradecimentos estendidos a algumas empresas e entidades locais que deram o seu contributo para dar expressão a esta cerimónia. Posteriormente, deixou um agradecimento a Henrique Rodrigues, dirigente do CSE, pelo facto de no período pós 25 de Abril este ter ajudado de forma graciosa a CPE a atualizar os seus estatutos de acordo a legislação que então estava em vigor, e desta forma evitar o encerramento de uma instituição que até então era considerada corporativa. Sublinhou ainda a dedicação e o empenho de antigos dirigentes em prol do crescimento da casa do povo, dando os exemplos de nomes como Augusta Moura, Américo Silva, ou de Carlos Azeredo (todos ali presentes).

    Em seguida apontou ao futuro como o caminho a ser trilhado pela CPE, sempre sob a orientação dos valores da solidariedade em prol dos idosos e respeitando as obrigações inscritas nos protocolos de cooperação mantidas quer com entidades locais quer com a Segurança Social.

    Jerónimo Pereira traçou ainda alguns objetivos que a Direção tem em mente cumprir até ao final do próximo ano, altura em que irá terminar o atual mandato, mais concretamente trabalhar para obter alguns patrocínios para o rancho folclórico da CPE não só para manter viva esta popular valência como também para que seja possível a realização do 14º Festival de Folclore de Ermesinde; aumentar o número de associados da instituição; levar por diante o projeto da ampliação da cozinha; tentar obter ajudas para a substituição de uma carrinha para a valência do Serviço de Apoio Domiciliário; e proceder à reparação das instalações recentemente deixadas pelo balcão de Ermesinde da Segurança Social no sentido de no futuro ou fazer uso próprio destas ou voltar a alugá-las.

    O RECONHECIMENTO

    DO PODER

    AUTÁRQUICO

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    Como já foi dito, foram muitas as personalidades locais que marcaram presença nesta festa. O presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde foi uma delas, tendo sido convidado para subir ao palco de modo a proferir algumas palavras aos presentes. Luís Ramalho começaria por referir que 2016 está a ser um ano atípico na história da CPE. Primeiro, a instituição perdeu o seu histórico presidente António Vasques; depois a saída do balcão de Ermesinde da Segurança Social das instalações da casa do povo e a consequente perda da importante receita que provinha do arrendamento dessas mesmas instalações; e agora a importante data das comemorações do 75º aniversários.

    Tudo, aconteceu quase em simultâneo, como recordou Ramalho. Para o presidente da Junta a CPE está de parabéns não só pelo relevante aniversário assinalado mas também pelo trabalho desenvolvido ao longo dos anos junto da população sénior, cidadãos que, nas palavras, do autarca muitas vezes são portadores de histórias de vida difíceis e em muitas ocasiões se vêem a braços com a solidão, sem apoio das famílias, e «nesta casa encontram o carinho, o conforto e o aconchego que muitas vezes não encontram nos seus próprios lares. A Direção e as trabalhadoras desta casa todos os dias se esforçam para mimar os utentes que cá estão, com a intenção de lhes dar alegria, e eu sinto essa alegria sempre que cá venho», disse Luís Ramalho.

    Lembraria ainda que a CPE sofreu um grande abalo no seu orçamento com a saída do balcão de Ermesinde da Segurança Social das instalações da instituição e a consequente perda da renda desse aluguer, que em números redondos rondava os 6000 euros por ano. No seguimento deste facto o presidente da Junta referiu que este tipo de instituições particulares de solidariedade social vivem com grandes dificuldades para se sustentarem, lançando em seguida duras críticas aos sucessivos Governos, sejam de que partido forem, pelo desinvestimento que tem sido feito no apoio a estas instituições. «O Estado recorre sistematicamente a estas instituições de solidariedade social para que estas cumpram com funções que são da responsabilidade do próprio Estado, com exigências cada vez maiores mas com uma ajuda financeira cada vez mais curta», disse Ramalho. Nesse sentido sublinhou ainda que competia aos associados da CPE zelar pelos interesses da instituição, lançando em seguida um apelo: «Se algum de nós souber de alguém que esteja interessado em arrendar o espaço que era ocupado pela Segurança Social neste edifício que diga, pois com 6000 por ano nas mãos esta casa faz autênticos milagres. Acreditem», rematou o autarca.

    Também o presidente da Câmara, José Manuel Ribeiro, proferiu algumas palavras no âmbito desta cerimónia. Começou por evocar a figura de António Vasques, uma ilustre figura que na sua opinião era alguém que muito admirava e respeitava, alguém de trato fácil e que gostava de ajudar os outros. Dirigindo-se posteriormente aos dirigentes e funcionários da CPE elogiou o trabalho digno que é realizado pela instituição, «um trabalho de combate à solidão na terceira idade, e eu admiro muito todas as instituições que combatem esta que é uma das maiores chagas da nossa sociedade. A solidão é um assunto pouco tratado, mas muito sério, e muitas vezes nem imaginamos a quantidade de pessoas que vivem em solidão», referiu com preocupação o edil. A terminar deixou uma proposta em cima da mesa: «a Câmara de Valongo tem interesse em alugar o espaço deixado vago pela Segurança Social neste edifício. Pelos valores - 6000 euros por ano - que aqui foram mencionados nós queremos estudar a possibilidade de alugar o espaço com o intuito de ali instalar o nosso Programa de Ação Sénior. Neste momento depara-mo-nos com um problema, a falta de espaço, e assim sendo, se houver interesse da vossa parte a autarquia quer estas instalações», vincou publicamente o edil.

    A SENTIDA

    HOMENAGEM

    A ANTÓNIO VASQUES

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    Esta cerimónia serviu ainda para a Direção da CPE prestar homenagem a alguns dirigentes que deixaram a sua marca na história da instituição. E a homenagem mais sentida foi sem dúvida aquela que foi prestada a António Vasques, representado nesta comemoração por alguns dos seus familiares, entre outros, destacaram-se a sua viúva, dois filhos e uma neta. Ainda antes de chamar ao palco a viúva do histórico dirigente para receber o diploma de homenagem, Jerónimo Pereira confessou a sua profunda admiração por António Vasques, elogiando o seu conhecimento e a sua humildade, pedindo em seguida um minuto de silêncio em sua memória. Seguiu-se um novo e sentido ato simbólico com o descerramento da fotografia do célebre dirigente, que ficará ao lado da imagem de outro ícone da instituição, o sócio benemérito e também ex-dirigente Santos Rasteiro. Ainda no que concerne a diplomas de homenagem, dois outros nomes da história da CPE foram chamados ao palco para receberem a distinção, nomeadamente Joaquim Moutinho e Abel Coutinho - membros dos atuais órgãos sociais da casa do povo, sendo que o primeiro exerce funções de presidente da Assembleia Geral enquanto que o segundo desempenha o cargo de presidente do Conselho Fiscal.

    Como já antes foi referido a cerimónia foi adornada com alguns apontamentos musicais, sendo então de destacar a agradável atuação de um grupo de jovens violinistas e de Inês Mota, outra jovem ermesindense que se destacou pela sua presença no concurso televisivo Voice Portugal. E foi precisamente esta cantora que entoou os "parabéns a você" ao que se seguiu a degustação de uma fatia de bolo de aniversário e de um brinde à saúde da "senhora" Casa do Povo de Ermesinde.

    Por: Miguel Barros

     

     

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