Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 29-02-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-09-2016

    SECÇÃO: História


    foto
    60º aniversário do Centro Social de Ermesinde (20)

    A defesa do desenvolvimento de Ermesinde

    UM ASPETO DO IDÍLIO LEÇA COM AS SUAS PONTES, NA TRAVAGEM (ERMESINDE) ONDE O CPN, AGORA A CELEBRAR AS SUAS BODAS DE DIAMANTE, NASCEU E DEU "AS PRIMEIRAS BRAÇADAS"
    UM ASPETO DO IDÍLIO LEÇA COM AS SUAS PONTES, NA TRAVAGEM (ERMESINDE) ONDE O CPN, AGORA A CELEBRAR AS SUAS BODAS DE DIAMANTE, NASCEU E DEU "AS PRIMEIRAS BRAÇADAS"
    "A Voz de Ermesinde" para além de noticiar os acontecimentos mais importantes da vida do Centro Social de Ermesinde também manteve sempre em 1.º plano as notícias de Ermesinde (afinal era o único periódico que aqui se publicava regularmente) e, muito frequentemente, tomou partido pelas suas aspirações a melhoramentos e a uma consequente melhor qualidade de vida da sua população. Curiosamente, no artigo que transcrevemos, do grande jornalista e amigo de Ermesinde, Manuel da Conceição Pereira, faz-se a defesa da construção de uma piscina, reivindicação que vem já dos tempos de Joaquim Lagoa. Agora, em pleno século XXI, nas redes sociais surge novamente essa reclamação para Ermesinde. Os tempos são outros e a obra é bem mais fácil de concretizar hoje, assim o queiram os autarcas que se "sentam" na cadeira do poder municipal.

    O turismo com base no lindo leito do rio Leça e nas suas pontes, bem como as romarias a S. Lourenço e, sobretudo, à Santa Rita também foi uma reivindicação que o jornal da então vila de Ermesinde assumiu.

    Conceição Pereira sob o título "Santa Rita e o Rio Leça poderiam fazer do Rio Leça um importante centro de turismo" escreveu em "A Voz de Ermesinde" de junho de 1960:

    "Ermesinde, vila que progride e se valoriza hora a hora, que vê aumentar a sua população dia a dia, tem vivido sempre afastada de iniciativas que revelassem qualquer interesse ou carinho pela sua valorização turística, apesar de ter características especiais que bem a poderiam elevar a uma posição destacada e marcante no conceito turístico regional.

    Porém, os ventos nunca correram de feição a uma política de renovação ou a um estudo sério do problema, capaz de permitir uma organização que pudesse encaminhar o turismo para o seu verdadeiro rumo.

    A romaria de Santa Rita, já o frisámos em artigo anterior, só por si é um cartaz berrante, rico, luminoso e magnético, capaz de fazer incidir sobre si a atenção de milhares de forasteiros que, em peregrinação ou em simples passeio, vêm à Formiga admirar toda a sua exuberante beleza, graça e frescura, vêm extasiar-se com toda a sua romântica sedução, vêm delirar com todos os seus maravilhosos encantos e louvar todos os pródigos favores com que a Mãe Natureza a guarneceu e alindou, carinhosamente. E, se a Natureza prodigalizou favores, porque não hão-de os homens favorecê-la e acarinhá-la, erguendo-a mais ainda no seu pedestal de rainha?...

    A Travagem, por onde passam e correm serenas, mansas e cristalinas as águas do Leça, poderia ser o lugar mais "turístico" desta vila, se fosse devidamente aproveitado. Bastava para tal aproveitar o leito do rio, aprofundá-lo e marginá-lo convenientemente, colocar sobre as suas águas pequenas embarcações de recreio e para maior atracção e beleza, construir uma piscina, a sonhada e desejada piscina, pela construção da qual tanto se debateu em tempos, Joaquim Lagoa, grande e dinâmico impulsionador do desporto em Ermesinde, que tanto lhe deve pelas suas iniciativas pessoais e a quem nós, saudosamente, vimos abalar para outras paragens, sem ver concretizado o grande e doirado sonho da sua vida: a construção duma piscina em Ermesinde.

    Para completar o "quadro", belo, sugestivo, atraente e maravilhoso, bastaria, somente, que fosse construído um hotel, com bar e esplanada, arquitectónicamente moderno e modelar, capaz de satisfazer as exigências da vida actual e do espantoso desenvolvimento que se vem notando nesta nova e moderna vila de Ermesinde.

    Todas estas "belezas e modernizações" aconchegadas num pequeno perímetro, situa-das, mesmo, à margem de uma via rodoviária de grande movimento e por onde passam muitos turistas estrangeiros que se deslocam dos seus países para visitar este "jardim à beira-mar plantado", porque não há-de ir por diante tão grande empreendimento, se é de prever resultados compensadores e de auspicioso futuro.

    Agora, que temos à frente da nossa Municipalidade um homem com personalidade firme, inteligente, digno, dinâmico e conhecedor do momento actual, bem poderá acontecer que, depois de solucionar, convenientemente, outros problemas de maior transcendência, dedique um pouco de atenção a este, que julgamos, também de grande vitalidade para fazer acelerar mais ainda o ritmo do progresso que, vincadamente, se vem notando em Ermesinde. Estamos convencidos de que, para ter finalidade tal projecto bastaria apenas meia dúzia de bem intencionados, com recursos, dizerem o que queriam, e que pretendiam fazer, e, em colaboração com a Câmara Municipal de Valongo e a Junta de Freguesia de Ermesinde trabalharem no mesmo sentido e, então, o sonho tornar-se-ia realidade, para orgulho e alegria de todos nós, ermesindenses."

    Também no mesmo jornal, surgiu um artigo que trata das Festas em honra de Santa Rita desse ano. As romarias eram, como acima se afirma, outro grande motivo de atração de forasteiros. Porque já passaram 56 anos e a data e programa são bem diferentes do que acontece atualmente, passo a transcrever esse pequeno apontamento das Festas de Santa Rita, de maio de 1960, pela pena de Serafim Dias.

    "Festas em honra de Santa Rita / Com o esplendor habitual realizaram-se nos passados dias 22 e 23 de Maio as tradicionais e grandiosas Festas em honra de Santa Rita, que, como nos anos anteriores, atraíram milhares de forasteiros.

    No dia 22 a população desta progressiva e populosa vila acordou alvoroçada com o estrondear de foguetes e morteiros, enquanto as bandas de Pevidém e Polícia de Segurança Pública saíam do Largo da Estação em direcção ao arraial para se fazerem ouvir em alguns números musicais do seu vasto reportório.

    À missa solene houve sermão por distinto orador sagrado, seguindo-se depois a procissão, na qual se encorporaram, além dos organismos católicos, escutas e devotos, o andor de Santa Rita e cerca de 350 anjinhos.

    Abria a procissão um esquadrão da Guarda Nacional Republicana para que a mesma pudesse romper, dentro da melhor ordem, por entre a multidão que se aglomerava ao longo do trajecto que a mesma seguiu.

    Com as ruas lindamente ornamentadas e iluminadas, continuaram concorridas e alegres as Festas, no dia 23, havendo também, neste dia, uma procissão com elevado número de anjinhos, tendo as Bandas de Vizela e Tarouquela animado o auditório, com os seus acordes, durante O arraial.

    AS barracas de "comes e bebes", bares, os carrocéis, pistas de automóveis, pavilhões e mais diversões tiveram também grande afluência, fazendo portanto bom negócio, e, como sempre, emprestaram às Festas de Santa Rita o seu contributo, ornamentando, colorindo e alegrando o ambiente festivo do arraial".

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].