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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-07-2016

    SECÇÃO: Destaque


    ENTREVISTA COM A COORDENADORA DO SAD, ALBERTINA ALVES

    Serviço de Apoio Domiciliário serve 105 utentes, um número que fica aquém das necessidades da freguesia

    Albertina Alves é a coordenadora do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), e foi com ela que, na sequência do acompanhamento feito com uma das equipas que compõem esta resposta social, dialogamos no sentido de ficarmos a conhecer um pouco melhor a "intimidade" desta valência do Centro Social de Ermesinde.

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    A Voz de Ermesinde (AVE): O SAD é uma resposta social criada há precisamente 30 anos pelo Centro Social de Ermesinde e que está direcionada para a população idosa da freguesia. Pedia-lhe para fazer um retrato daquilo o que é hoje em dia este serviço.

    Albertina Alves (AA): O SAD é um serviço que prestamos a idosos ou dependentes nas suas próprias casas de forma a impedir ou retardar a institucionalização da pessoa. De uma forma em geral as pessoas preferem manter-se em casa, num espaço onde têm as suas memórias, e nós trabalhos precisamente para que os nossos utentes se mantenham nas suas casas com a qualidade de vida que têm direito. Atualmente o SAD trabalha com 105 utentes, sendo que a maioria são idosos, embora tenhamos uma minoria de pessoas, cinco, mais concretamente, que são portadores de deficiência. Esta valência contempla um leque alargado de serviços, que vão desde a higiene pessoal, o tratamento de roupas, a limpeza da habitação, serviço de pequeno-almoço, almoço e jantar, e as atividades de animação sócio-cultural, que são desenvolvidas nas instalações do Lar de S. Lourenço e na Piscina Municipal de Ermesinde, ambas asseguradas pela educadora social Carla Ferreira.

    AVE: Em termos de raio de ação, quais são as zonas da freguesia em que o SAD atua com maior relevo?

    AA: Nós temos utentes espalhados um pouco por toda a cidade, embora uma grande parte deles sejam da Gandra e da Palmilheira, que são as zonas com maior densidade populacional. Aliás, é precisamente destas duas zonas da freguesia que nos chegam mais pedidos de apoio.

    AVE: Por falar em pedidos de apoio, como decorre este processo, digamos assim, de entrada do utente no SAD?

    AA: A grande maioria dos utentes chega até nós pela via das famílias, ou seja, são as famílias que nos procuram. Porém, também temos utentes que nos chegam através dos serviços, isto é, são sinalizados pela Segurança Social, pelos hospitais, ou pelas técnicas que fazem o atendimento social. Convém referir que somos um serviço de apoio e não um serviço de suporte, pelo que um utente com perfil para o SAD que não seja autónomo tem de ter alguma retaguarda (familiar, de vizinhança, ou outra). Quando as pessoas vão ficando cada vez mais debilitadas e a família não aparece o SAD entra em contacto com a Segurança Social de modo a que o utente seja institucionalizado, ou seja, que seja sinalizado para um lar. Claro que há utentes que não querem ir para um lar, e nesses casos, tentamos sensibiliza-los para a necessidade de serem integrados num lar, a eles e às famílias, ou então que arranjem um cuidador, o que também não é fácil, porque não é um serviço barato, e não nos podemos esquecer que a grande maioria dos nossos utentes têm parcos recursos financeiros.

    AVE: Durante a visita que fizemos com uma das equipas do SAD foi notório que esta é uma resposta social que vai muito além do que o simples servir de marmitas ou tratamento de higiene pessoal. Por trás deste serviço mais visível há um elo emocional entre a funcionária que presta esse serviço e o utente, e até com as próprias famílias…

    AA: Sim, é um facto que as famílias se sentem mais confortáveis e acompanhadas com o nosso serviço. Para elas é uma segurança quando as nossas Ajudantes de Ação Direta vão às suas casas. Outras vezes é o próprio utente, que está sozinho, e que espera aquele momento do dia em que as funcionárias lá vão, e aproveitam para conversar um pouco. Houve uma vez um padre que dizia que "não há nada pior do que não ter ninguém à nossa espera ou não ter ninguém por quem esperar", e há utentes do SAD a quem isso aconteceria se não fossem as nossas funcionárias. Para elas é um trabalho gratificante sob o ponto de vista humano, mas um pouco desgastante do ponto de vista físico. Temos uma equipa composta por 15 Ajudantes de Ação Direta, todas elas com formação (em geriatria), e por isso habilitadas para prestar cuidados pessoais. Sei que há pessoas que pensam que o trabalho delas se resume à entrega de marmitas, o que é uma ideia errada. Em cada visita ao utente as funcionárias têm uma preocupação de vigilância, ou seja, perceber se o utente esta bem. Caso percebam que algo não está bem elas tomam as devidas precauções para resolver a situação. Elas têm olho clínico. Devo, aliás, dizer que todas as Ajudantes de Ação Direta do SAD são fantásticas, muito humanas, e extremamente dedicadas ao que fazem.

    AVE: Por último, gostávamos de saber quais os principais obstáculos do SAD em levar a "água ao seu moinho", se é que os têm, e conhecer os vossos projetos com vista ao futuro.

    AA: As nossas dificuldades passam sobretudo pela falta de viaturas para desenvolver o nosso serviço. As que temos já estão um pouco desgastadas, embora estejam aptas a circular. Mas necessitávamos de viaturas ligeiras, até porque são mais fáceis de estacionar, de aceder a casas situadas em zonas mais complicadas de lá chegar.

    Outro problema é não conseguirmos dar resposta aos pedidos que nos chegam com a brevidade que gostaríamos, mas ai é mais complicado, pois prende-se com acordos de cooperação (com a Segurança Social). Efetivamente a freguesia e o concelho têm necessidade de mais respostas sociais para a população idosa. Quanto a projetos, está nos nossos planos alargar esta resposta social para um serviço de apoio domiciliário integrado, isto é, onde possam ser integrados os cuidados de saúde, algo que irá funcionar em parceria com o Ministério de Saúde e os centros de saúde locais. Porque neste momento nós só prestamos serviços ao nível dos cuidados pessoais, pois os cuidados de saúde ficam a cargo das famílias e a ideia é que fique tudo no mesmo serviço.

    A EQUIPA DO SAD

    A equipa do SAD é composta por 15 Ajudantes de Ação Direta, nomeadamente Diana Nogueira, Emília Marinho, Esmeralda Oliveira, Dulce Rodrigues, Fernanda Paiva, Ivone Oliveira, Lina Carneiro, Lurdes Neiva, Manuela Oliveira, Mónica Pinto, Patrícia Martins, Adosinda Sousa, Adélia Ramos, Sandra Paula Sousa e Carla Pinto. A equipa técnica é constituída por Albertina Alves, assistente social que desempenha as funções de coordenadora deste serviço, e Carla Ferreira como Educadora Social.

    Por: MB

     

     

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