REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO
Aditamento ao contrato de concessão das Águas de Valongo chumbado pela oposição
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Foto ARQUIVO MANUEL VALDREZ |
Foi chumbada na sessão pública do Executivo camarário de 21 de julho passado, com os votos contra da CDU e da coligação PSD/PPM, a proposta do segundo aditamento ao contrato de concessão da exploração e gestão dos sistemas de abastecimento de água para consumo público e de recolha, tratamento e rejeição de efluentes do Concelho de Valongo. A proposta colocada em cima da mesa previa um aumento do tarifário para os consumidores, mas contemplava a criação de um tarifário social e outro para famílias numerosas. Conforme explicou o vice-presidente da Câmara Municipal de Valongo (CMV), Sobral Pires, a aprovação desta proposta iria permitir, por exemplo, uma evolução progressiva do tarifário ao longo dos anos que não iria ultrapassar a taxa média dos dezanove municípios envolventes; a inclusão no plano de investimentos dos custos da expansão da ETAR de Campo e do fecho dos decantadores primários da ETAR de Ermesinde; ou a criação de condições para concluir a rede de saneamento na Zona Industrial de Campo.
Os contornos desta proposta mereceram, contudo, um parecer negativo da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), que emitiu ainda uma série de recomendações, entra outras a redução dos preços. A posição da ERSAR foi, aliás, o principal argumento usado pelos vereadores da CDU e da coligação PSD/PPM para votarem contra uma proposta cujo processo vem já desde 2014, altura em que a empresa concessionária avançou com um pedido de reequilíbrio económico-financeiro. (Nota: em anexo a este texto podemos ler as posições/declarações de voto das forças partidárias com assento no Executivo da Câmara sobre este assunto).
Após a votação, que rejeitou então a proposta, o presidente da autarquia, José Manuel Ribeiro usaria da palavra, para num tom agreste referir que aquela proposta era «a melhor forma de defender o superior interesse dos munícipes do Concelho de Valongo e sobretudo resolver inúmeros problemas que se arrastam há muitos anos», recordando ainda que não havendo acordo quanto ao pedido de reequilíbrio económico-financeiro, a concessionária poderia agora recorrer à via judicial, colocando o Município sob a ameaça de um processo judicial.
CMV PEDE
ESCLARECIMENTOS
AO GOVERNO SOBRE
CORTES NAS ESCOLAS
Além deste tema a derradeira sessão pública do mês de julho ficou igualmente marcada pelo anúncio - do presidente da autarquia - do envio por parte da CMV ao Ministério da Educação de um ofício onde eram pedidos esclarecimentos sobre os cortes nos orçamentos das escolas do concelho. Na carta, a que o nosso jornal teve acesso, podia ler-se que a «autarquia de Valongo tomou conhecimento nas reuniões dos Concelhos Gerais de Agrupamentos que o Ministério da Educação fez cortes elevados nos orçamentos das escolas para 2016 na ordem dos 20 por cento». Assim sendo, o ofício evidenciava a preocupação das Direções dos agrupamentos, da comunidade escolar e do Município «com a elevada percentagem dos cortes que cria sérios constrangimentos na gestão corrente das escolas, nomeadamente no pagamento dos serviços básicos de água, eletricidade e comunicações. Estamos muito preocupados com toda esta situação que cria sérios constrangimentos à educação dos nossos alunos e das nossas crianças, podendo, inclusive, levar ao encerramento das escolas».
Ainda na mesma missiva, o autarca voltou a questionar o Poder Central sobre «a data de início das obras na Escola Secundária de Ermesinde (ESE) e de Valongo, que constam do mapeamento feito pelo Governo através da DGESTE como equipamentos educativos de intervenção prioritária dada a degradação dos mesmos». No mesmo dia em que José Manuel Ribeiro dava conta do envio desta carta ao Governo, o Jornal de Notícias (JN) fazia uma manchete com o título "Escolas sem dinheiro para luz e água", dando o exemplo do agrupamento de escolas de Ermesinde. João Paulo Baltazar lançou então duras críticas ao presidente da CMV, dizendo que este só havia enviado a carta ao Ministério da Educação porque o assunto tinha saído no JN desse dia, até porque o vereador com o pelouro da Educação já sabia da existência deste tema. O vereador social-democrata lançou para cima da mesa outra informação, a qual dizia que o Governo tinha intenção de avançar com as obras na ESE se a Câmara pagasse 15 por cento da empreitada, o equivalente a 600.000 euros, propondo que se fosse isso a impedir o arranque da obra que a Câmara inserisse essa verba no seu orçamento e assumisse a comparticipação. Na resposta José Manuel Ribeiro frisou que esta é uma questão de justiça, e que o seria justo era que o Governo assumisse uma responsabilidade que é sua, lembrando que o concelho de Valongo não recebeu um cêntimo para recuperar o seu parque escolar enquanto que noutros municípios vizinhos isso não aconteceu, já que ali o Estado recuperou escolas e construiu outras, mas que em Valongo nada foi feito. «A CMV não tem dinheiro para cumprir com a sua parte na intervenção das escolas quanto mais fazer investimentos em escolas que são da responsabilidade do Governo», sublinhou o autarca que na conclusão deste assunto voltaria a frisar que o Governo tem de cumprir com a sua obrigação.
Por:
MB
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