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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-07-2016

    SECÇÃO: Destaque


    FEIRA DO LIVRO E DAS ARTES DO CONCELHO DE VALONGO

    A palavra aos escritores

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    De há três anos a esta parte que a Feira do Livro é alongada às artes, no caso a gastronomia e o artesanato. Porém, a essência do evento acaba por ser o livro, e nesse sentido foram vários os escritores que passaram pelo Parque Urbano de Ermesinde ao longo dos quatro dias em que a feira decorreu. Até pela posição do seu stand, situado mesmo ao lado do palco onde os escritores convidados fizeram as suas apresentações e/ou palestras, A Voz de Ermesinde acompanhou com especial atenção algumas dessas apresentações/palestras à volta dos livros.

    Alguns nomes mais conhecidos pisaram o palco montado no espaço dedicado à literatura, casos do escritor Álvaro Magalhães, que na noite de 15 de julho foi personagem de uma agradável conversa a três à volta da relação dos escritores com a escrita. Tendo como tema de fundo "Quando a história não aparece" esta conversa entre Álvaro Magalhães, Adélia Carvalho e Raquel Patriarca foi uma espécie de pic-nic de histórias pessoais, como um deles disse na antevisão do que ali se iria passar, sobre os costumes, manias, superstições ou rotinas dos nomes ali presentes no relacionamento com a escrita. E quando a história não chega? Quando a inspiração para escrever não surge? Como se sente mais confortável a escrever? As respostas, a estas e a outras questões, levaram-nos para o campo pessoal de cada um dos nomes que ali estava sentado, para a sua intimidade com a escrita, ficando assim o público a conhecer a relação pessoal de cada um com o ofício de escrever. Álvaro Magalhães, por exemplo, confessou que não é muito comum no seu dia-a-dia de escritor se deparar com a ausência de ideias, ou de falta inspiração para desenvolver os seus textos. Mas quando isso acontece diz que nessas alturas opta por ir dar uma volta e fazer outras atividades dispares da escrita, e que muitas vezes essa separação temporária da atividade de escrever acaba por resultar, já que as ideias acabam por surgir. Ali foi dito por um dos intervenientes nesta conversa descontraída, que Manuel António Pina, por exemplo, quando se via a braços com a falta de ideias para escrever gostava de ler as bulas dos medicamentos (!), o seu "remédio" para a ausência temporária de inspiração.

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    Já Adélia Carvalho confessou o prazer que sente em escrever descalça com música de fundo.

    A noite seguinte trouxe a Ermesinde um nome sonante da literatura de cordel. Thomas Bakk, um brasileiro radicado no nosso país conhecido como o Senhor dos Cordéis. Ator, professor, investigador, poeta popular e cantautor são alguns dos "rótulos" daquele que foi descrito - pelo moderador e também escritor Carlos Nogueira - como a figura mais importante da literatura de cordel em Portugal. Depois de ter feito uma breve síntese da história deste género de literatura popular, ressalvando entre outros aspetos curiosos o facto de os textos de cordel terem raízes ibéricas, embora, e para seu espanto, assim que chegou ao nosso país (há 16 anos atrás) este cidadão nascido no Rio de Janeiro não encontrou essas raízes (!) ou qualquer tipo de "vestígios" delas, Thomas Bakk passou em seguida à ação. Por outras palavras, cantou ao som do pandeiro alguns versos de uma das suas obras mais recentes, "O Mistério do Coiso", intercalados com versos improvisados na hora que resultaram da alegre interação com o público ali presente.

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    Na derradeira noite da feira o foco centrou-se em Nuno Afonso, colaborador de há longa data do nosso jornal, cuja presença no evento foi precisamente "patrocinada" pel' A Voz de Ermesinde. E como estávamos praticamente em família a apresentação do mais recente livro de Nuno Afonso, intitulado de "Regresso à Casa Antiga" foi feita por outro colaborador do jornal, neste caso Manuel Augusto Dias. Na antecâmara da apresentação do autor e da sua obra, o historiador fez precisamente alusão a alguns pontos que ambos têm em comum, desde logo o facto de terem seguido carreiras na área da docência e de colaborarem assiduamente com o nosso jornal.

    Na voz de Manuel Augusto Dias, "Regresso à Casa Antiga" é um livro que se assemelha a uma tela com palavras pintadas, uma obra que contém uma enorme riqueza ao nível do vocabulário português, com palavras ou expressões que fazem parte da nossa história linguística, sendo que muitas delas foram-se perdendo no tempo e hoje são desconhecidas das gerações mais novas. "Regresso à Casa Antiga" é igualmente um retrato das gentes e costumes de Trás-os-Montes, a região de onde o autor é originário, pese embora tenha nascido no Rio de Janeiro, para onde os seus pais emigraram.

    Outros nomes como Cátia Vidinhas, Afonso Cruz, Tito Couto, Carlos Granja, António Feijó, Maria João Lima, ou o poeta popular alfenense Garrincha passaram igualmente pelo palco dos escritores nesta edição de 2016.

    Por: MB

     

     

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