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    Arquivo: Edição de 30-06-2016

    SECÇÃO: Editorial


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    Associações e Homens com História

    Na passagem do 95º Aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, profusamente noticiada neste número, não será despiciendo recordar as origens, mais ou menos remotas, das atuais associações de bombeiros e lembrar Guilherme Gomes Fernandes.

    Desde tempos imemoriais que a humanidade se empenhou em combater os incêndios, muitas vezes devastadores, sem meios capazes de o fazer com eficácia. Apesar de muito se ter evoluído nesta matéria, ainda haverá, seguramente, muito a fazer, pois não raras vezes é impossível evitar a rasto de destruição e miséria deixado pelos incêndios.

    Uma das primeiras organizações de combate ao fogo foi criada na antiga Roma, no ano 27 a.C.. A sua missão era patrulhar as ruas da cidade e combater os incêndios logo na sua origem.

    Entre nós, foi em 1395, no reinado de D. João I, que surgiu a primeira iniciativa de organizar o serviço de incêndios de Lisboa. Foi, então, ordenado que "… em caso que se algum fogo levanta-se, o que Deus não queria, que todos os carpinteiros e calafates venham àquele lugar, cada um com seu machado, para haverem de atalhar o dito fogo. E que outrossim todas as mulheres que ao dito fogo acudirem, tragam cada uma seu cântaro ou pote para acarretar água para apagar o dito fogo".

    Em 1513, a Câmara do Porto decidiu "eleger diversos cidadãos para fiscalizar se os restantes moradores da cidade apagavam o lume das cozinhas à hora indicada pelo sino da noite".

    Em 1612, a Câmara Municipal do Porto ordenou:"…que fossem notificados os carpinteiros da cidade de que iriam receber machados e outras pessoas de que entrariam na posse de bicheiros, para que, havendo incêndios, acudissem a ele com toda a diligência".

    A instalação em Lisboa dos três primeiros "quartéis" foi decidida por D. Afonso VI, em 1678, tendo sido conferidos poderes ao Senado para criar três armazéns "providos de todos os instrumentos que se julgarem necessários para se acudir aos incêndios, e escadas dobradas de altura competente, para que, com toda a prontidão, se possam remediar logo no princípio…".

    Em 1681, os pedreiros, os carpinteiros e outros mestres passaram a ser alistados para combater os sinistros, ficando sujeitos a uma pena de prisão por cada incêndio em que não comparecessem.

    Em 1722, no reinado de D. João V, foi fundada no Porto a Companhia do Fogo ou Companhia da Bomba, constituída por 100 "homens práticos", capazes de manobrarem a "bomba, machados e fouces".

    A primeira companhia de bombeiros de Lisboa, que ficou conhecida por "Companhia do Caldo e do Nabo", foi criada em 1834 pela Câmara Municipal.

    O bombeiro que mais prestigiou os bombeiros portuenses no estrangeiro foi, sem dúvida, Guilherme Gomes Fernandes. Nasceu na Baía (Brasil) a 6 de fevereiro de 1850, mas foi na cidade do Porto que passou a viver a partir dos três anos. Fez os estudos liceais em Inglaterra, para onde partiu quando tinha 13 anos. Aos 19 anos regressou a Portugal e fixou residência no Porto. Em 1875, fundou um corpo de bombeiros voluntários, tendo assumido os custos do material e equipamentos necessários.

    Ajudou a fundar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários e foi Comandante do Corpo de Bombeiros e Inspetor de Incêndios do Porto. Foi, ainda, comandante da Companhia de Incêndios. Organizou e instruiu várias corporações de bombeiros e realizou no Porto o 1º Congresso dos Bombeiros Portugueses em 1893.

    A nível internacional, Guilherme Gomes Fernandes participou em 1884 no Torneio de Lyon-França com uma força de 14 bombeiros, tendo conquistado o 2º lugar e em 1893 participou no Torneio Internacional de Londres, onde conquistou o primeiro lugar. No concurso Internacional de Bombeiros de 1900, realizado em Vincennes, os bombeiros do Porto, sob a sua direção, ganharam o 1º prémio. No mesmo ano, participou no concurso internacional de Paris, onde foi primeiro classificado. Esta vitória valeu ao grupo vencedor uma medalha de Ouro, a Taça de Sévres que lhe foi entregue pelo Presidente da República francês, o título de campeão do Mundo e um prémio pecuniário de 1500 francos.

    Guilherme Gomes Fernandes faleceu a 31 de outubro de 1902, com 52 anos. Em 1915 foi, em sua honra, erigido um memorial na cidade do Porto, na praça que tem o seu nome.

    O seu contributo para o progresso dos bombeiros do Porto e do país valeu-lhe o tratamento de "Mestre".

    Por: Casimiro Sousa

     

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