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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 14-03-2014

    SECÇÃO: Destaque


    Relatório e Contas dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde aprovados em assembleia hostil e muito quente...

    O Relatório de Atividades e as Contas do exercício de 2013 foram, na segunda-feira, dia 10 de março, aprovados em Assembleia Geral de Sócios, por 74 abstenções e 39 votos a favor, numa votação entendida como um gesto pacificador justificado por Jorge Videira, presidente da Direção eleita em dezembro, mas que nunca chegou a tomar posse por impugnação do ato eleitoral. A votação, indicativa da oposição à Direção ainda em funções, tornou-se ainda mais explícita com a derrota sucessiva das posições da Direção de Artur Carneiro nos três recursos sucessivamente postos à discussão e votados favoravelmente, anulando as anteriores sanções impostas a dois associados e a um candidato a sócio. Na base de toda a polémica continuam as acusações de assédio sexual ao comandante Carlos Teixeira, com a Direção de Artur Carneiro a ser acusada de fechar os olhos à situação, quadro este que estará também na base da sua derrota nas eleições de dezembro.

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    O presidente da Mesa da Assembleia Geral, Queijo Barbosa, começou por submeter à aprovação dos sócios que as votações nominais nesta assembleia fossem feitas de “braço no ar”, o que foi aprovado. O método seguido foi o dos sócios assinalarem a sua votação levantando-se do lugar.

    Seguidamente, convidado a apresentar o Relatório da Direção, Artur Carneiro propôs um minuto de silêncio em memória de Artur Ramalho, sócio distinto que pertenceu aos corpos sociais da Associação Humanitária. Cumprido o minuto de silêncio, iniciou a apresentação do Relatório de Contas, destacando a boa saúde financeira dos Bombeiros e a inexistência de dívidas, embora o exercício em conjuntura difícil tenha levado a uma ligeira diminuição do número de sócios.

    Elogiou também o Comando do corpo ativo de bombeiros.

    Seguiu-se a apresentação do Relatório do Comando, apresentado por Carlos Teixeira, que aproveitou o momento para se queixar de estar a ser alvo de uma campanha difamatória, como aliás já teria acontecido há alguns anos atrás. Estaria ali a dar a cara com orgulho, lamentando que só em ocasiões como esta os sócios e a comunicação social aparecessem, «quando viam o bichinho a correr». E acrescentou que gostava que ficasse registado que ele tinha, aliás como outros bombeiros, um Crachat de Ouro, pelo reconhecimento dos serviços prestados.

    Seguiu-se um período de inscrições em que o primeiro orador foi o associado José Alves, que dando os parabéns aos Bombeiros pela saúde financeira, assinalou um certo «agastamento» pela presença massiva anormal de associados, acusando a Direção de nada fazer para os trazer às assembleias e deixando no ar a sugestão de que estes pudessem ser avisados por e-mail. Por fim lamentou o decréscimo de associados.

    Seguiu-se Jorge Videira, que se manifestou orgulhoso de ver a sala tão bem composta, «tal como no ato eleitoral», acusando Carlos Teixeira de usar, com pouca ética, expressões como a do «bichinho...». Iniciou de seguida a crítica do Relatório de Contas, sobre o qual manifestou alguns dúvidas e pediu alguns esclarecimentos. Manifestou desagrado pelo elogio do Comando do corpo ativo e que a questão ocorrida com a bombeira queixosa de assédio sexual e alvo de uma carta de despedimento tivesse depois sido resolvida com o pagamento de uma quantia de 6 mil euros. Apesar de tudo concluiu que, em geral a gestão foi boa, e que por isso, anunciava em seu nome e no de outros associados, o voto de abstenção.

    Carlos Teixeira pretendeu então intervir em defesa da honra, sendo a sua intervenção interrompida por associados que consideravam estar ali apenas a lavar-se roupa suja.

    Seguiu-se Teixeira Santos, que sendo a primeira vez que vinha a uma Assembleia Geral, estranhava contudo os comentários da Direção de Artur Carneiro sobre a «anormalidade» desta Assembleia.

    Interveio de seguida o ex-comandante (e ex-presidente da Junta de Freguesia) Casimiro Gonçalves, que satisfeito com o Relatório de Contas e por não haver desvios, lembrava contudo que a saúde financeira da Associação Humanitária não era de agora, recordando os resultados positivos de exercícios de décadas atrás.

    Fez depois um apelo emocionado à Mesa, considerando que não estava certo o uso de linguagem ofensiva, que não se coadunava com aquela instituição, criada pelo amor do seu semelhante.

    Assim, propunha a suspensão desta Assembleia por 15 dias, para que no entretanto as duas posições se pudessem aproximar.

    Queijo Barbosa mostrou-se disposto a aceitar a sugestão, mas só se a Assembleia se pronunciasse por unanimidade nesse sentido.

    Serafim Santos, em concordância com Casimiro Gonçalves, sugeriu uma reunião privada entre as listas de Artur Carneiro e Jorge Videira, propondo uma interrupção de 5 minutos para delinear o seu agendamento e caráter.

    Artur Costa veio então dizer que aquele grande número de sócios presentes não era pelas melhores razões, mas como iniciou a sua intervenção dizendo que não era sócio... há muitos anos, as suas palavras, mal compreendidas, geraram um “coro de assobios” e pouca vontade para o escutar.

    José Miranda, de Alfena, ex-vereador e uma autoridade no meio, com responsabilidades distritais, veio recentrar a discussão na proposta de Casimiro Gonçalves, com a qual estava de acordo. «Temos que saber compreender e perdoar. Estamos aqui para seguir em frente, mas às vezes é preciso recuar», e propôs que em vez da unanimidade a Mesa pudesse aceitar a suspensão da Assembleia, se decidida por simples maioria.

    Mas a sua intervenção foi uma espécie de canto do cisne. Logo de seguida interveio José Manuel Pereira, que se opunha à suspensão. Jorge Videira também corroborou esta posição, adiantando que estando assegurada a aprovação do Plano de Atividades e Contas, os outros pontos eram ainda menos polémicos que aquele, pelo que não via necessidade de adiar a Assembleia Geral para outro dia.

    De formas, considerando Queijo Barbosa não haver nada que aparentemente impedisse a Assembleia de prosseguir, passou-se de imediato à votação do Relatório de Contas, que foi aprovado com 39 votos a favor e 74 abstenções, o que logo ali deu um claro sinal do pendor da Assembleia.

    A VOTAÇÃO DOS RECURSOS

    O primeiro dos recursos a ser discutido foi o de Serafim Barros, associado n.º 547, com uma larga folha de bons serviços prestados nos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, e também ele possuidor de um Crachat de Ouro. Em 8/10/2013 foi Serafim Barros suspenso pela Direção de Artur Carneiro por seis meses, pelo facto de se ter recusado a pagar quotas que teria em atraso. O associado refutava aquela acusação referindo que não se recusou a pagar as quotas em atraso, apenas na altura não o pôde fazer junto do cobrador, mas que as tinha pago posteriormente na secretaria, sendo a sua sanção discriminatória, pois a mesma nunca se aplicou a qualquer outro associado, e tal visava simplesmente afastá-lo, em face das posições que vinha defendendo, contrárias às da Direção.

    Votado o recurso foi o mesmo aprovado por 93 votos a favor, 0 contra e 16 abstenções, sendo assim revogada a pena aplicada pela Direção, tendo esta justificado o seu voto com uma espécie de abstenção técnica por ser parte envolvida.

    Seguiu-se a discussão do recurso de Celestino Neves, sócio n.º 9021, também suspenso por seis meses, por exprimir posições hostis às dos Bombeiros nas redes sociais. O associado refutou as acusações apontando que tinha sim tomado posição contra a Direção e nunca contra os Bombeiros. Além disso a pena fora-lhe aplicada sem sequer ter sido ouvido. E reafirmou que nunca poderia, em momento algum, atacar os Bombeiros.

    Nem toda a gente foi da mesma opinião – houve quem apontasse que «seis meses ainda era pouco para o senhor Celestino». Também Artur Costa, mesmo sem ler o que Celestino Neves tinha escrito, era de opinião que não devia escrevê-lo, o que tinha a dizer que o dissesse cara a cara. Não foi esse porém o entendimento da maioria dos sócios, que aprovou o recurso de Celestino Neves por 68 votos a favor, 18 contra e 9 abstenções, sendo que, neste caso, já a Direção de Artur Carneiro não invocou a “abstenção técnica”, votando contra (e saindo mais uma vez derrotada).

    Finalmente foi discutido o último recurso, o do não associado Justino Soares, ao qual tinha sido recusado o direito de ser sócio precisamente pelo motivo idêntico de ter atacado os Bombeiros. Neste caso o próprio não estava presente para se defender, porque não sendo associado lhe tinha sido barrada a entrada na Assembleia, situação contra a qual Justino Soares reagiu, chamando a polícia para identificar o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Queijo Barbosa, até porque apareceu munido de uma procuração da esposa, esta sim, associada. Ainda assim, segundo Queijo Barbosa, sem direito a participar na Assembleia.

    A discussão, entretanto, aclarou a quem não o sabia que as posições em causa de Justino Soares tinham que ver com as acusações a Carlos Teixeira e ao comportamento complacente da Direção, pois tratava-se precisamente do pai da bombeira que tinha sido eventualmente vítima do crime de assédio sexual ou mesmo tentativa de violação.

    Celestino Neves esclareceu que teria havido um acordo para que não houvesse ações em tribunal de forma a não prejudicar a Associação Humanitária e a corporação, mas em contrapartida deveria haver um rigoroso inquérito... que nunca aconteceu. E era contra isso que Justino Soares se mostrava revoltado.

    O cidadão teria por isso todo o direito a ser sócio, mas estaria sempre naturalmente sujeito aos Estatutos, concluiu Celestino Neves.

    Embora houvesse ainda uma acusação de que Justino Soares queria aprisionar a Assembleia Geral, esta não se demoveu e aprovou o recurso apresentado, revogando mais uma vez a posição da Direção. Neste caso o recurso foi aprovado por 63 votos a favor, 17 contra e 6 abstenções.

    Por: LC

     

     

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