Um filme... em vez da esmola
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Foto URSULA ZANGGER |
O Centro Social de Ermesinde era uma das várias dezenas de participantes da feira Valoriza-te. Estranhamente (ou talvez não...), a sua banca, entre várias propostas de formação, anunciava... um filme, “Quem se Importa”, de Mara Mourão, uma longa metragem de cerca de hora e meia, filmado no Brasil, Peru, Estados Unidos, Canadá, Tanzânia, Suíça e Alemanha.
Ora que tem de especial este documentário para ser apresentado assim numa mostra de emprego e formação?
Na verdade o filme apresenta várias histórias de empreendedorismo social, em todo o mundo, que marcaram a comunidade pelo impacto positivo que nela tiveram. Entre os entrevistados estão Muhammad Yunus (Prémio Nobel da Paz, “o banqueiro dos pobres”), que lançou uma importante iniciativa de microcrédito a favor de empreendedores sem dinheiro no Bangladesh. Yunus afirma que «é impossível ter paz com pobreza». O sucesso desta iniciativa foi tal que despertou o interesse da comunidade internacional, merecendo o Prémio Nobel da Paz.
Exibido em vários fóruns e entre várias comunidades, o filme tem despertado enorme interesse, e inspirado, por sua vez, novas iniciativas. Em virtude disso é mesmo recomendado pela UNESCO.
A sua distribuição é feita em Portugal pela Fundação EDP.
Outro dos entrevistados é Bill Drayton (fundador da Ashoka), uma entidade, nos Estados Unidos, que apoia empreendedores e inovadores sociais.
E assinalam-se vários outros exemplos entusiasmantes.
Qual a importância, então, de procurar espetadores para um filme como este? É que o filme se destina precisamente àqueles que estejam disponíveis para sair do papel passivo de espetador para se tornarem dinamizadores e empreendedores sociais capazes de lançarem novos desafios mobilizadores da comunidade.
Que novas iniciativas poderão ser estas? Uma delas pode ser, por exemplo, o projeto do próprio Centro Social de Ermesinde (CSE), da Feira Venda de Saberes, um projeto dirigido a todas aquelas pessoas que possuem competências de inestimável valor para a sociedade, e que podem assim pô-las ao serviço desta, trocando-as por outras competências e necessidades. O próprio CSE identificava alguns destes saberes úteis e tantas vezes perdidos, no artesanato, na costura, na agricultura, floricultura, restauro, reparações, gastronomia, etc..
Todos estes são projetos para avançar, venham ou não a obter financiamento para a sua melhor concretização. Uma das possibilidades de financiamento é mesmo a já referida Fundação EDP. Outra vertente do trabalho do CSE é a candidatura à Medida 6.1 – Formação para a Inclusão, do POPH (Programa Operacional Potencial Humano), em que o CSE propõe o Curso de Competências Básicas em TIC, curso de Comunicação e Gestão e curso de Geriatria e Cuidados Pessoais, todos ele balizados com preocupações de igualdade de oportunidades e igualdade de género.
O CSE apresentava também ao público presente as suas propostas de formação financiada (Percurso Formativo de Agente de Geriatria, Percurso Formativo de Ação Educativa, Percurso Formativo de Empreendedorismo), isto a par com o Curso Tecnológico de Agente em Geriatria, uma formação não financiada.
Mas de facto, o que nos chamou mais a atenção foi a capacidade de inovação e iniciativa na abordagem da questão social, fazendo das pessoas destinatárias da ação as próprias protagonistas e, com isso gerando autoestima, mobilização e solidariedade, um caminho com que se pretende animar uma emancipação real e em cooperação com o próximo.
Por:
LC
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