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    Arquivo: Edição de 26-03-2013

    SECÇÃO: Painel partidário


    Comunicado da Associação Coragem de Mudar

    Sábado, dia 16 do corrente, um grupo autodenominado “fundadores da Associação Coragem de Mudar (na cabeça deles, ou de alguns deles, o que se julgam é “donos”, “proprietários” da Associação) difundiu um “manifesto” mentiroso, a vários títulos. Houve igualmente a difusão de uma “declaração de eleitos da Coragem de Mudar”, que, por não assumir qualquer autoria, não comentamos.

    A primeira mentira do manifesto respeita aos apoios que apresenta: pelo menos dois dos nomes indicados como assinando o manifesto não deram qualquer consentimento para ele e, aliás, contactados, nem sequer o conheciam.

    A segunda mentira consiste em difundir uma premissa que eles sabem ser falsa, mas que dá jeito para o que se segue, e que é esta: há muito que estaria firmado um acordo, mantido secreto pela anterior e pela actual Direcção, com o

    Partido Socialista, em vista a uma concertação de esforços nas próximas eleições autárquicas. Este acordo tem, segundo a sua mentira, uma característica especial: é que já foram distribuídos lugares, ao que parece elegíveis, a membros da Associação.

    Estes “proprietários” não se deram ao trabalho de inquirir as 11 pessoas que estiveram presentes numa reunião em Ermesinde, na nossa sede, no dia 09 de Julho de 2012 e que discutiram, a convite do líder concelhio do PS, a eventualidade de um acordo futuro, sem outros corolários. A então Direcção disse que, antes da discussão de quaisquer pormenores do acordo proposto, iria colocar formalmente a questão aos associados e foi o que fez, através de reuniões parciais. Depois, já com a actual Direcção, foi marcada uma Assembleia-Geral, para esse dia 16 de Março, com o ponto

    único de deliberar sobre o assunto. Tanto a anterior Direcção foi, como a actual Direcção é favorável a tal acordo.

    Estes “donos” da Associação sabiam isso perfeitamente. Porém, precisavam de um pretexto para levar a cabo a estratégia há muito montada e que consistia e consiste em atingir três objectivos: primeiro, impedir que a Associação chegue a um acordo com o PS para as próximas eleições autárquicas, que poderia ajudar à vitória deste e à manutenção da representatividade da Associação; segundo, reapropriar-se da Associação (como se vê das declarações de um deles, no JN de 18 de Março) a fim de se servirem dela, como fizeram em 2009, para os seus fins eleitoralistas pessoais; terceiro, impedir por todos os meios que o PS ganhe a Câmara, assim apoiando objectivamente o PSD, que sempre disseram combater, pelos malefícios produzidos em 20 anos de ruinosa gestão camarária.

    Além da mentira das assinaturas e desta mentira central, o manifesto veicula outras. Uma delas é a de que um tal acordo seria ilegal, porque a associação não é um partido político, é uma associação cívica, como tal impedida de concorrer a

    eleições. O curioso é perceber a duplicidade desta argumentação. A primeira Direcção da Associação Coragem de Mudar, que se manteve em funções entre 12.02.2009 e 11.12.2010 e da qual faziam parte alguns destes “donos” dela, depois de uma gestão desastrosa, caracterizada pela imobilidade absoluta, apresentou a sua demissão, tendo solicitado, antes de ela ser aceite, a discussão e aprovação de um regulamento interno, por si apresentado. O regulamento acabou por ser aprovado sem alterações significativas, apesar da forte discussão que gerou. Dois dos artigos desse regulamento (que correspondem à versão inicial) dizem:

    Artigo

    25º

    Tendo em conta os objectivos estatutários da Coragem de Mudar, compete à Assembleia Geral deliberar se apoia ou patrocina uma candidatura às eleições autárquicas e a que órgãos.

    Artigo

    26º

    1. A competência para executar a deliberação da Assembleia Geral é da Direcção, a quem compete também a designação dos cabeças de lista por si patrocinadas.

    2. Para melhor cumprir com a competência referida no número anterior, a Direcção fará uso de todos os meios da Associação, quer consultivos, quer logísticos.

    3. A designação dos cabeças de lista será ratificada pela Assembleia Geral.

    4. A Direcção salvaguardará que, nas candidaturas para órgãos deliberativos, seja respeitada a representatividade e a paridade.

    5. A composição da candidatura para os órgãos executivos caberá ao respectivo cabeça de lista, em diálogo com a Direcção a quem, em última instância, caberá aprovar a lista.

    Como pode ver-se, em 2009 e 2010, para alguns destes “proprietários” da Associação era perfeitamente legal apoiar ou patrocinar candidaturas autárquicas.

    Agora, que não lhes convém nada, já não é. Esqueceram-se, é claro, de explicar (também não lhes convém) porque seria ilegal que a Associação apoiasse ou patrocinasse candidaturas autárquicas.

    Além do escândalo deste manifesto, o que se passou na Assembleia-Geral foi ainda, se possível, mais escandaloso. Iniciada a discussão, com cinco inscrições, para intervenção sobre a matéria, um dos “donos” presentes (aliás recentemente agraciado com uma sinecura concedida pela Câmara, que deve provavelmente ser entendida

    como um pagamento antecipado) apresentou um requerimento que dizia:

    “Requeiro que, com prejuízo dos inscritos, nesta Assembleia, se proceda de imediato à votação do ponto único da ordem de trabalhos.”

    Tendo-se passado à votação, o requerimento foi aprovado e o ponto único rejeitado, pelo que a reunião acabou ali. Isto é, a aprovação do requerimento significou a impossibilidade de discutir fosse o que fosse. Esta “golpada” legal está perfeitamente dentro das tradições dos partidos, mesmo dos partidos mais radicais, que estes senhores dizem repudiar, mas que têm o despudor de praticar alegremente quando lhes convém.

    É preciso, neste ponto, separar as águas, para retirar a possibilidade de mais mentiras: o facto de a proposta constante do ponto único ter sido reprovada, apesar de considerarmos o chumbo como um erro, é coisa com que convivemos perfeitamente, já que é parte intrínseca da vida democrática; é um direito que reconhecemos aos “donos”, presentes na sala, e aos simples associados, sem essa mentalidade; aquilo contra que nos insurgimos é o modo como a assembleia, “a golpe”, impediu que a proposta fosse discutida, ignorando e desprezando o direito da minoria que a defendia.

    Porém, houve mais “molho”. Entraram na reunião pessoas trazidas por sócios antigos, mas cujo nome não constava da listagem de sócios que a Direcção tem vindo a actualizar, aliás para dar cumprimento ao regulamento interno. O Secretário da mesa da Assembleia, a quem se dirigiram para pagar as quotas (depois de terem sido advertidos de que só nessa condição poderiam votar) aceitou os nomes e o pagamento do ano 2012 de boa-fé, porque pensou, como toda a mesa julgou, que essas pessoas eram sócios com capacidade eleitoral, cujo nome ainda não tinha sido incluído na listagem. Após a reunião, verificou-se que 11 dessas pessoas não tinham pago os anos de 2010 e 2011 (não se refere o ano de 2009, porque a primeira Direcção não chegou sequer a estabelecer a quota mensal ou anual) pelo que não

    possuíam capacidade para votar.

    Houve também provocações diversas, nervosismo abundante e disperso.

    Houve um pouco de tudo. Enfim, foi a “ementa” completa: nem faltou um “chefe de claque” para comandar as hostilidades.

    Como tudo na vida, esta miserável “golpada” e esta “edificante” actuação têm um lado positivo: mostram à saciedade o “elevado” perfil e o cunho profundamente oportunista e antidemocrático destes “donos” da Associação, que, insistindo

    hipocritamente no carácter cívico da Associação e no “projecto, de mulheres e homens livres e independentes, que

    lhe está subjacente”, tentam camuflar que o que está subjacente ao projecto deles é, antes de mais, o ódio profundo ao PS e ao líder concelhio (que, aliás, nunca esconderam), que vem dos tempos em que quase todos foram militantes socialistas; é depois o facto de estarem empenhados (por motivos que saberão explicar melhor do que nós, mas que começam a descortinar-se) em apoiar o PSD nas próximas eleições autárquicas, sobretudo para manter afastado o PS da

    gestão camarária.

    Nunca, até agora, nenhum membro da Associação tinha assumido em público divergências de entendimento, que existem desde há muito, sobretudo com os dois vereadores principais da Coragem de Mudar. Houve sempre o cuidado de preservar pessoas e sensibilidades. Com este manifesto, um grupo de “donos” da Associação (que, pelos vistos, são apenas cinco e não os sete cujo nome nele consta) deu uma machadada, senão mortal, pelo menos muito ofensiva na saúde da Associação.

    Fizeram-no passando por cima da honorabilidade de pessoas que sempre tiveram um comportamento de grande transparência, informando os associados de tudo o que se passava; fizeram-no desprezando o esforço das duas direções, que ajudaram a funcionar a Associação com presença, trabalho e dinheiro, para a qual os “donos” quase não contribuíram com trabalho ou presença e nem sequer com o pagamento das quotas mensais ou anuais (a não ser na própria Assembleia-Geral, para poderem votar).

    Durante quase cinquenta anos, muitas pessoas neste país viveram conformadas ou mesmo satisfeitas com o “paizinho” que tiveram, que as manteve em paz podre, miséria e repressão. Cremos que essa longa habituação criou uma inconsciente e acrítica aceitação dos líderes que vão surgindo, que dão jeito, porque dispensam da maçada de pensar.

    Nós não pertencemos a essa categoria de pessoas, nem temos nada a ver com os métodos amorais destes “donos” arrogantes e seguidistas, pelo que não pretendemos passar a nossa vida de cidadãos livres e conscientes à sombra de uma qualquer “alma mater”. Talvez seja esse também um dos motivos de irritação dos arrogados “proprietários”.

    Valongo, 22 de Março de 2013

    A Direcção da Associação Coragem de Mudar

     

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