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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2012

    SECÇÃO: História


    EFEMÉRIDES - O 1º DE DEZEMBRO DE 1940 EM ERMESINDE

    Inauguração do Cruzeiro dos Centenários

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    Situado no largo ajardinado, na confluência da rua Dr. João Rangel com a rua Rodrigues de Freitas, este Cruzeiro é um dos mais bonitos da cidade. Assente numa base redonda, de dois degraus circulares sobrepostos, nasce em pedestal de forma paralelepipedal, de cujas faces se salientam os símbolos da vitória no tempo da Reconquista – altura em que se fundou Portugal como Reino Independente, donde se ergue uma elegante coluna torsa, de gosto neo-manuelino, ao cimo da qual um cubo de granítico, ostenta os símbolos nacionais da vitória e do prestígio português nas suas faces exteriores (a cruz, a espada, a esfera armilar e as quinas), e serve de suporte a uma Cruz de Cristo.

    Foi construído no âmbito das Comemorações dos Centenários (1140 – Fundação de Portugal; 1640 – Restauração da Independência), e o seu nome, na altura da edificação (1940), foi “Padrão Comemorativo do Amplo Centenário de Portugal”. Foi inaugurado no dia 1 de Dezembro de 1940, e no seu “Auto de Inauguração” escreveu-se o seguinte:

    «Ermezinde, Concelho de Valongo, Distrito do Porto, pelas 10 horas, compareceram: Serafim Ferreira dos Santos, Adelino da Costa Freitas e Agostinho Marques d’Assunção, o primeiro Presidente e, os restantes, membros da Junta de Freguesia de Ermesinde, Doutor António Correia da Costa e Almeida e Alberto Dias Taborda, Presidente, o primeiro da Comissão Concelhia e o segundo da Comissão Paroquial da União Nacional, e pôvo. E, logo, êle Presidente da Junta indo junto do Padrão ali erigido em terrêno do município, expargiu flôres no sopé do monumento e terrêno em roda, declarando em voz alta e de fórma a sêr ouvido por todos os presentes que, de modo tam simples inaugurava o Padrão Comemorativo do Duplo Centenário e Independência de Portugal. Este acto, que foi revestido de grande fé patriótica e do maior respeito e singeleza, está em obediência a ordens da autoridade superiôr, terminou acto continuo. E, para a todo o tempo constar, mandou, êle, Presidente da junta, lavrar o presente auto em duplicado, afim de que um exemplar fique constando do arquivo da Junta da Freguesia e, outro, seja enviado à Câmara Municipal, para os efeitos legais, depois de assinados por êle, Presidente da Junta e seus colegas nela, Presidentes da Comissão Concelhia e Paroquial da União Nacional e bem assim dos demais cidadãos que mostraram vontade de os honrarem com as suas assinaturas e comigo, Alberto Delgado, escrivão da Junta de Freguesia de Ermesinde, que o dactilografei, subscrevi e também assino, juntamente com a Junta de Ermesinde, um de Dezembro de mil novecentos e quarenta».

    Mas na noite de 12 para 13 de dezembro alguém derrubou a Cruz, deste monumento mandado erigir pela Junta de Freguesia. No Livro n.º 11 de Atas da Junta da Freguesia, escreve-se, a certa altura (fl. 1v.), o seguinte, referindo-se ao seu Presidente: «Já apresentou queixa às autoridades competentes, a fim de que se descubram os verdadeiros autores. Não são êstes por enquanto conhecidos, mas singular é que se fôsse apênas derrubar uma cruz que encimava o monumento. Ora, concatenando factos, é-se levado a perguntar se não haverá correlação, – como entre causa e efeito –, entre aquêle acto de vandalismo sem nôme e certas arengas ao Público feitas em lugares sagrados, dizendo-se-lhe que o movimento tinha um carácter laico, que não poderia merecer, portanto, a aprovação dos católicos, por isso mêsmo se deviam abstêr de assistir às festas da inauguração e mais tarde se apresentaram às autoridades do nosso concelho protestando contra a inauguração dêsse Padrão, nêsse momento já anunciado por esta Junta para o dia um. A policia, a quem o caso foi entregue, se encarregará por certo de tudo sabêr; mas esta Junta deve deixar aqui lançado o seu protesto e a sua revolta por semelhante feito, indigno de um homem de sã moral. Os seus colegas associaram-se unanimemente a êste voto de protesto».

    O caso passou pelos jornais diários, designadamente por “O Primeiro de Janeiro”, mas, passado algum tempo, lá foi reconstruída a Cruz que ficou até hoje.

     

     

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