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    Arquivo: Edição de 17-10-2012

    SECÇÃO: Destaque


    COM DESTAQUE PARA O TRABALHO DA UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS

    António Bomba Pais aborda a questão dos serviços de saúde em Ermesinde

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    António Bomba Pais, diretor do muito recentemente extinto Agrupamento de Centros de Saúde de Valongo, aceitou conversar com o jornal “A Voz de Ermesinde” acerca das condições do serviço de saúde na cidade, nomeadamente acerca dos novos serviços abertos com a deslocação do Centro de Saúde da Gandra para a Bela e, em geral, da situação da saúde no concelho.

    Nesta conversa deixamos de fora as questões mais políticas do andamento da construção dos futuros centros de saúde de Alfena e Campo.

    A conversa com o diretor do ACES de Valongo ganhou ainda uma maior oportunidade, não apenas devido à já conhecida e à altura iminente fusão dos ACES da Maia e Valongo (entretanto concretizada), como ainda das mais recentes críticas violentas de mau desempenho por parte de deputados municipais do PSD na última sessão da Assembleia Municipal de Valongo.

    António Bomba Pais fez então de cicerone à reportagem de “A Voz de Ermesinde” no antigo posto de saúde da Gandra, explicando o que ali vem a ser feito, e fazendo depois uma abordagem mais abrangente dos problemas e estratégias de saúde ao nível do concelho.

    No 1º andar do antigo Centro de Saúde, na zona da Gandra, em Ermesinde, está agora instalada a Unidade de Saúde Familiar de Ermesinde, servindo cerca de 14 mil utentes, entregues aos cuidados de oito médicos e sete enfermeiros. Apoiam ainda a unidade seis administrativos mais um assistente operacional (para serviços de manutenção de higiene).

    Os outros utentes da área de Ermesinde recorrem ao centro de saúde na Bela, cerca de 38 000.

    Quanto à Unidade de Cuidados Continuados, um muito importante serviço aí instalado, e sobre a qual nos debruçaremos mais em particular no final deste artigo, além das questões ligadas à prevenção e à saúde pública sobretudo, ela presta serviços de cuidados ao domicílio, através da ECCI, Equipa de Cuidados Continuados Integrados, nomeadamente de enfermagem, como em situações de doentes em convalescença ou de doentes limitados a sua casa. Está instalada nas salas ao lado do SASU de Ermesinde.

    Quanto aos Cuidados Continuados a doentes internados, eles são também prestados nas três unidades de internamento existentes no concelho (duas no Hospital privado de S. Martinho – de longa e média duração) e uma no Hospital de Valongo (até 30 dias).

    Os Cuidados Continuados prestam cuidados de saúde todos os dias, incluindo domingos e feriados.

    Os Cuidados Continuados ao domicílio são ainda prestados, no concelho, por uma unidade em Valongo, a qual cobre 40% dos utentes deste serviço no concelho (contra 60% da unidade de Ermesinde), o que corresponde à distribuição da população.

    Outro serviço de saúde prestado no antigo centro de saúde da Gandra é o consulta descentralizada do Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT), que é uma consulta descentralizada do CAT de Gondomar, que atende utentes afetados por toxicodependência e álcool.

    Com uma entrada autónoma, sem comunicação com os outros serviços, pretende-se manter um ambiente de privacidade dos utentes.

    Uma outra infraestrutura criada no edifício, mostrou ainda António Bomba Pais, é a sala polivalente de exercícios físicos, ginásio e preparação para o parto.

    Muitos dos aparelhos foram adquiridos a partir do projeto Missão Sorriso, e encontram-se ao serviço não apenas dos utentes mas ainda dos funcionários do Centro de Saúde.

    Referência ainda aos aparelhos (noutra sala) que permitem o tratamento aos doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica e permitem o uso por parte dos funcionários, mediante regulamento, uma situação que será pouco comum.

    Além das coisas positivas, Bomba Pais elencou também um conjunto de restrições ou problemas. Referiu, por exemplo, a limitação do funcionamento do SASU, que funciona agora das 20 às 23h00 e das 9 às 21 horas ao fim de semana e feriados.

    O diretor do ACES de Valongo referiu ainda que a arquitetura do edifício, atraindo a instalação de pombos, que ali fazem ninho, permitiu, no ano transato, uma grande infestação de piolhos no edifício, o que não é suposto acontecer, muito menos num centro de saúde.

    Para combater a praga o SASU teve que ser deslocado para a Unidade da Bela um fim de semana.

    Entre outras dificuldades, António Bomba Pais referiu a carência de funcionários administrativos, tendo de recorrer a várias pessoas através do IEFP.

    A QUESTÃO DA FUSÃO

    DOS ACES

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    Inquirido sobre a então iminente fusão dos ACES de Valongo e Maia, Bomba Pais referiu que, por definição, cada Agrupamento, de acordo com a lei, deveria corresponder a um intervalo de 50 a 200 mil utentes, sendo que o atual ACES de Valongo, com cerca de 100 mil, se encontra dentro desse intervalo. O novo ACES que integrará Maia e Valongo servirá cerca de 230 mil utentes.

    As dúvidas formuladas pelo diretor prendiam-se a algumas questões que tornam muito distintos os dois atuais ACES – na Maia, por exemplo, não existe o SASU à semana, porque o concelho tem uma cobertura total por parte da Unidades de Saúde Familiar (USF), embora em Valongo a situação também se encontre em mudança – em breve será instalada a USF Bela Saúde, além de se enfrentar realidades geográficas e físicas muito diferentes.

    Uma das preocupações de Bomba Pais é que as capacidades instaladas não estejam a ser exaustivamente usadas.

    Um serviço de análises clínicas é outro dos serviços que, segundo o diretor do ACES, poderia estar a ser utilizado, através da capacidade instalada do SNS no polo de Valongo do Centro Hospitalar do S. João, sendo que, segundo ele, poderá haver muitas razões (que em privado adiantou) para essa ausência. Poderia haver ainda uma maior abertura deste polo à população do concelho de Valongo, na fisioterapia, com consultas, para além do internamento.

    Quanto à questão dos gastos, António Bomba Pais dá um exemplo do que é necessário fazer, em termos de supervisão, que deveria ser mais apertada (por exemplo na consultadoria efetiva das doenças respiratórias, com uma maior colaboração com o S. João).

    Outro exemplo de sinergias que poderiam ser benéficas seria proporcionar aos centros de saúde uma maior partilha de recursos no diagnóstico médico.

    O então ainda diretor do ACES de Valongo referiu depois as possibilidades das USF e as suas três formas distintas de operar, com incentivos mais dirigidos à unidade (caso das atualmente instaladas em Ermesinde e Valongo (esta recentemente distinguida por uma entidade independente), ou mais dirigidos às equipas e aos profissionais, ou ainda um modelo que ainda não está no terreno – mais autónomo e privado – e que será mais dirigido a misericórdias, por exemplo.

    Considerado por António Bomba Pais como um exemplo de boa gestão de recursos é o sistema de gestão de transporte de doentes não urgentes, que veio diminuir os custos e aumentar a eficiência, o que, como tivemos ocasião de comprovar na prática, não está imune a erros de funcionamento.

    Outra questão abordada na conversa com o diretor do ACES foi a dos Cuidados Paliativos, relativamente à qual existe formação ao nível do ACES e implementação através das ECCIs.

    GERIR MELHOR

    CUSTOS E RECURSOS

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    O diretor referiu ainda a Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados, que prestam serviço a distintas Unidades de Cuidados Continuados (UCC) e que agrupam um psicólogo, um nutricionista, um pediatra e técnicos de Serviço Social.

    A Unidade de Saúde Pública, que tem uma função de observatório, é muito importante na observação e comportamento das doenças na população. As UCC são o braço operacional desta. Bomba Pais referiu ainda outro instrumento muito importante, em preparação, que seria o Plano Local de Saúde (a nível do ACES, provavelmente agora extendido).

    A criação destes vários serviços, abordados ao longo do texto, ao invés de constituírem uma burocratização, é, segundo o diretor do ACES de Valongo, a concretização da reforma dos cuidados de saúde primários, que não se pode deixar morrer, e de um melhor modelo de organização dos serviços, em que é possível avaliar melhor recursos e custos, e fazê-lo ainda com um maior rigor, inclusive em termos informáticos, cruzando vária informação e introduzindo a noção de contratualização de objetivos .

    Uma questão que a reportagem de “A Voz de Ermesinde” não pode, contudo, deixar de assinalar é que muito faltará ainda fazer, por exemplo no que respeita ao aproveitamento dos recursos deixados livres com a instalação do novo Centro de Saúde de Ermesinde na Bela.

    A UCC DE ERMESINDE

    NUM OLHAR

    MAIS EM PORMENOR

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    Susana Cunha, enfermeira da Unidade de Cuidados Continuados de Ermesinde, completou para a reportagem de “A Voz de Ermesinde” a apresentação feita por António Bomba Pais. E fala-nos ainda da cooperação desta unidade com as escolas, das ações de formação (por exemplo, de quinze em quinze dias a formação em autoajuda, dirigida a cuidadores, referida no quadro sinóptico abaixo).

    A UCC de Ermesinde, recorde-se está instalada há pouco mais de um ano, prestando serviços em áreas como Cuidados Continuados Integrados, Saúde Escolar, Saúde na Comunidade, Preparação para o Parto e Parentalidade, Reabilitação (domiciliária e em ginásio).

    Mais especifica e extensivamente, esta unidade tem vindo a desenvolver trabalho em várias direções, as quais, para finalizar, se espraiam pelas seguintes atividades:

    O projeto Desafio Ativo – Seniores (com apoio da Missão Sorriso), e cujo objetivo é aumentar a atividade física e a capacidade funcional dos utentes da UCC de Ermesinde, bem como a participação individual e social;

    Saúde na Comunidade, com os projetos InRede – Gestão de saúde em grupos vulneráveis ou em risco, e MERCI – Monitorização, Empoderamento e Redução de Stress do Cuidador Informal;

    Equipa de Cuidados Continuados na Comunidade – ECCI – equipas multidisciplinares para a prestação de serviços domiciliários a pessoas em situação de dependência funcional, doença terminal, ou em processo de convalescença, com rede de suporte social cuja situação não requer internamento, mas que não podem deslocar-se de forma autónoma;

    Saúde Sexual e Reprodutiva – Preparação para o Parto e a Parentalidade, Curso Pós-Parto e Massagem ao Bebé e Apoio ao Aleitamento Materno;

    Saúde Escolar, com o Programa Nacional de Saúde Escolar, o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, o Programa de Alimentação Saudável em Saúde Escolar e, finalmente, a Educação Sexual.

    Por: LC

     

     

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