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    Arquivo: Edição de 17-10-2012

    SECÇÃO: Painel partidário


    Orçamento realista, discurso ilusionista

    Na última sessão da Assembleia Municipal de Valongo estiveram em discussão, entre outras, as propostas de Orçamento e Grandes Opções do Plano para o ano de 2012.

    O atual executivo liderado pelo PSD andou a “empurrar com a barriga” a situação das dívidas que acumulou ao longo de anos de gestão incompetente do município e veio apresentar o orçamento em Outubro, ou seja, “tarde e a más horas”.

    Quanto ao orçamento propriamente dito, o aspeto que mais chama a atenção é a brutal redução de quase um terço do montante global do mesmo.

    Parece incrível, mas é verdade!

    Há pouco mais de dois anos atrás, já em tempos de crise, discutia-se na Assembleia Municipal um orçamento de 90 milhões de euros, com o PSD a dizer convictamente que era um orçamento muito equilibrado, rigoroso e que servia os interesses do município.

    Hoje, apresentam para o ano de 2012 um orçamento que, se lhe retirarmos os 16 milhões do PAEL, não chega aos 36 milhões euros!

    Com o fim do dinheiro fácil, do “regabofe” despesista e com a Câmara Municipal à beira da falência, o executivo PSD vê-se agora obrigado a passar do “oitenta para o oito” e a apresentar um orçamento que para pouco mais dará do que manter a Câmara em funcionamento!

    Mais tarde ou mais cedo, a gestão irresponsável do dinheiro dos munícipes iria ter consequências graves e dessa preocupação o Bloco de Esquerda deu conta no local e no tempo devidos, votando contra os orçamentos. Acontece que o PSD no poder, deslumbrado pelo eleitoralismo mais primário, insistiu no caminho do abismo para onde levou o município.

    Os erros de gestão acumularam-se durante anos e trouxeram ao de cima o drama duma dívida de muitas dezenas de milhões de euros e que os munícipes irão ter que pagar ao longo de mais de 14 anos, ou seja, ao longo de mais 3 mandatos!

    Na história da política autárquica deste município, não temos dúvidas que este mandato 2009/2013, será lembrado como o mandato da hecatombe de todos os desmandos, abusos e megalomanias da coligação PSD/CDS no concelho.

    Apercebemo-nos da mudança de discurso e da tentativa de suavizar a gravidade da situação das contas municipais por parte dos líderes locais do PSD.

    No fundo, tenta-se passar a ideia que o modelo de gestão tal e qual como foi feito até agora por Fernando Melo está falido e que agora é que vai ser mesmo a sério. A ideia que agora existe uma nova liderança e “vamos portar-nos bem e fazer tudo direitinho e como deve ser”.

    No entanto, tal como a maioria da população do concelho, sabemos bem que as coisas não funcionam assim.

    E não funcionam assim, desde logo, porque esta é a nova liderança da liderança velha.

    É a nova liderança que já cá anda desde o ano de 1993 e que, na sua maioria, confortavelmente instalada na Assembleia Municipal, avalizou todas as megalomanias da liderança velha e que conduziram o município à beira da falência!

    É a nova liderança que até hoje não assumiu expressamente, muito menos reconheceu, as responsabilidades e os erros cometidos na gestão do município!

    É a nova liderança que não assume que os sucessivos executivos PSD são os verdadeiros responsáveis pela falência da Câmara de Valongo por tanta incompetência e má gestão!

    Por tudo isto, o discurso atual do PSD não passa de um discurso ilusório para aqueles que porventura, mais distraídos, estejam dispostos a desperdiçar mais um voto de confiança ou uma segunda oportunidade.

    O orçamento de 2012 é de contenção e de consolidação. Será porventura aquele que mais próximo está da realidade do município de todos os que, na liderança do PSD, foram votados na Assembleia Municipal.

    No entanto, importa salientar que tal viragem é mais fruto dos constrangimentos da gravosa situação financeira do concelho do que de uma eventual mudança de atitude e das políticas seguidas pelo executivo.

    A herança que o PSD deixa aos Valonguenses é pesada e serão necessários muitos anos para se corrigirem os graves erros cometidos.

    A situação do município é muito difícil e impõe aos valonguenses o desafio de cortarem com as políticas e os protagonistas do passado e de começarem a pensar na construção do futuro.

    Por: Eliseu Pinto Lopes (*)

    (*) Membro da Assembleia Municipal de Valongo pelo BE e advogado.

     

     

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