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    Arquivo: Edição de 30-04-2012

    SECÇÃO: Opinião


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    Europeísta confesso

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    Sempre achei a soma das partes melhor que o todo. E as experiências que vivi revelam-me este agradável sentimento. Não apenas no espaço estritamente pessoal, mas também no social. Aliás, há bons exemplos deste sucesso, que aparentemente não passam de lugares comuns, não nos fossem eles familiares. No trabalho, com as equipas multidisciplinares, por exemplo, que se revelam mais eficientes quando operam em conjunto; como no conhecimento, quanto mais variado mais abrangente torna a nossa perceção sobre a realidade, as multi-referências são positivas para as nossas vidas. E poderíamos continuar a apresentar ações, ou até conceitos sobre as multidimensionalidades das nossas vidas e julgo que corroborariam este sentimento. A Europa é, e se me permitem a ousadia, um território onde habita esta realidade. Um espaço físico multicultural. Diverso e sem igual no quadro internacional. E por isso, o europeísmo confesso, não parte de qualquer ato arrogante de sobranceria social ou cultural, mas sim de uma confidência que espelha o meu sentimento e a minha perceção sobre a riqueza desta realidade, pois plasma-se numa experiência de trabalho com jovens na área da intervenção social em Ermesinde durante uma década. Tempo que se revelou, e se revela agora, apropriado para uma leitura sobre as implicações da multiculturalidade no desenvolvimento dos jovens e na minha vida.

    Entre 1996 e 2005 estive envolvido no desenvolvimento de projetos de intercâmbios juvenis. Uma atividade com o objetivo de abrir horizontes sociais e culturais, esperando-se contribuir para uma mudança comportamental dos jovens, face às realidades que vivenciavam, a partir da troca de experiências. Num plano lúdico, as ações visavam reflexões não impostas, mas sugeridas, no decorrer das atividades, para que se recriassem as pontes da multiculturalidade europeia. Já no plano do trabalho do desenvolvimento social, pretendia-se inverter o hiato identificado nos processos de formação dos jovens da comunidade e contribuir para o combate à desigualdade de oportunidades. Ora, através dos dados que atualmente nos chegam, sobre os percursos de vida dos jovens envolvidos nestas atividades, depreendemos que a abertura de horizontes, enquanto ferramenta do trabalho formativo e social, foi um contributo importante numa emancipação com implicações na empregabilidade e numa cidadania ativa.

    Por estas e outras razões, me confesso europeísta. De uma Europa que, antes de mais, representa hoje um espaço social, económico e político partilhado, onde os compromissos assumidos deverão ser orientados para solidificação do bem-comum, porque, para além desse trabalho, a multiculturalidade europeia possibilita, na sua sui generis característica, um modelo de desenvolvimento humano baseado na solidificação dos laços da convivência comum, resultante da partilha, que se vem revelando capaz de justificar um modelo de vida alternativo ao atual paradigma social e económico dominante.

    A visão da Europa, que me foi proporcionada, é baseada numa experiência prática que me sugeriu o caminho do respeito, da partilha e da cooperação, num trilho do desenvolvimento baseado no compromisso da justiça social da União. Recordando as palavras da historiadora alemã, Christiane Dienel, «Europe always needs people to make these moves».

    Viva a Europa!

    Por: Florentino Silva

     

     

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