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    Arquivo: Edição de 08-03-2012

    SECÇÃO: Destaque


    Pareceres de duas entidades científicas apoiam preservação e estudo da jazida fóssil recentemente encontrada em Ermesinde

    Foto JOSÉ MANUEL PEREIRA
    Foto JOSÉ MANUEL PEREIRA
    Duas entidades científicas de prestígio acabam de emitir o seu parecer favorável ao estudo e preservação do património paleontológico decorrente do achado de importantes jazidas fósseis em Ermesinde (noticiadas em primeira mão pelo nosso jornal) – o Comité Português para o Programa Internacional de Geociências – IGCP-UNESCO e o Grupo Português da Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico – ProGEO.

    Assim, em texto assinado por Artur Abreu e Sá, presidente do IGCP-UNESCO, refere-se a «descoberta de uma importante jazida fossilífera, localizada (...) em Ermesinde. Encontrando-se esta jazida em rochas do Carbónico continental, com cerca de 305 milhões de anos, e revelando uma paleodiversidade fora do comum para este tipo de rochas no nosso país, entendem os membros deste Comité ser da máxima importância a tomada de medidas para a preservação e utilização científico-didática da mesma. Neste sentido, julgamos que a autarquia de Valongo, nacionalmente reconhecida como um exemplo de boas práticas na proteção do património geológico português, deverá envidar todos os esforços para a salvaguarda e colocação em valor de tão importante ocorrência geológica».

    O texto refere ainda a disponibilidade do IGCP-UNESCO para «colaborar com quaisquer iniciativas que visem a salvaguarda desta jazida fossilífera singular».

    Também a ProGEO, em texto assinado por José Bernanrdo Brilha, apontando que esta entidade tem «como um dos seus objetivos promover a caracterização, conservação e valorização

    do património geológico nacional», refere a «descoberta de uma nova jazida fossilífera» em Ermesinde. E prossegue: «De acordo com estudos preliminares, as amostras analisadas revelam

    que podemos estar na presença de uma ocorrência extraordinária, com enorme valor científico, de

    fósseis de vegetais e de insetos com cerca de 305 milhões do anos (Período Carbónico). É premente

    que esta jazida seja preservada de forma a permitir o seu estudo aprofundado pelos paleontólogos

    que, só assim, poderão comprovar o valor científico deste património natural. A verificar-se esta

    relevância científica, este local poderá vir a integrar o inventário nacional do património geológico.

    A ocorrência de fósseis sempre desperta o interesse do público em geral e, eventualmente, de

    indivíduos que buscam o lucro fácil com a venda deste património que é, antes de mais, dos

    ermesidenses. Desta forma, apelamos ao município de Valongo para que tome as medidas

    necessárias, com carácter de urgência, com vista à delimitação do local e restrição de acesso, de

    forma a evitar o desaparecimento de amostras, facto que parece já se ter verificado, permitindo o

    seu estudo pelos especialistas».

    Aponta ainda o Pro-GEO que, «de acordo com o Decreto-Lei nº 142/2008, de 24 de julho, os municípios possuem um instrumento legal que permite uma rápida classificação de locais que apresentem um inegável valor patrimonial».

    E por fim, que sendo «a Câmara Municipal de Valongo (...) vencedora do Prémio Geoconservação 2005 pela criação do Parque Paleozóico de Valongo», esta entidade está confiante de que «a sensibilidade demonstrada então pelo município se mantenha atualmente e que sejam tomadas as medidas necessárias que podem vir, mais uma vez, a destacar este município com um património geológico de relevância nacional».

    Também a ProGEO-Portugal manifesta a sua disponibilidade «para colaborar em qualquer iniciativa que o município de Valongo considere relevante na conservação e promoção do património geológico».

    Por: AVE

     

     

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