ENTREVISTA COM O PRESIDENTE E O TREINADOR DE HÓQUEI SUBAQUÁTICO DO CLUBE ZUPPER
Zuppers querem voar bem alto nos céus do desporto nacional
O curto tempo de vida está longe de ser um facto suficientemente forte para impedir que a jovem família “zupper” sonhe em calcarrear, num futuro muito próximo, os patamares mais altos do desporto nacional. Nesse trajeto vislumbram-se algumas dificuldades – ou não fôssemos todos nós vítimas desta crise que teima em deixar--nos em paz e sossego – que no entanto não se afiguram mais do que meros obstáculos capazes de serem superados pela desmedida paixão pelo desporto ostentada por estes homens e por estas mulheres, na realidade a mesma paixão que esteve na origem do nascimento do Clube Zupper. Um emblema que o nosso jornal ficou a conhecer este mês bem de perto, na sequência de uma conversa com Nuno Ribeiro e António Silva, os dois sonhadores de um projeto que, ao fim de apenas um ano e meio de vida, já se tornou num caso sério no universo do hóquei subaquático nacional.
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Fotos MANUEL VALDREZ |
Em comum têm ambos a enorme paixão pelo desporto em geral. Confessam-se mesmo viciados no fenómeno desportivo, na verdade a razão prinicipal para que em setembro de 2010 tivessem dado vida ao sonho de fundar um clube onde pudessem simplesmente colocar em prática o sentimento que ambos carregavam. Nuno Ribeiro e António Silva, o nome dos dois homens que idealizaram e colocaram em prática o projeto batizado de Clube Zupper, que com escasso tempo de vida é já um veículo destacado na tarefa de levar pelos quatro cantos do país o nome de Ermesinde e do próprio Concelho de Valongo.
Mas não só os nomes da cidade e do concelho que lhes serviu de berço têm sido elevados pelos “zupers”, já que a própria modalidade na qual se deram a conhecer ao Mundo, o hóquei subaquático, muito lhes tem ficado a dever. Hóquei que aliado à referida paixão pelo desporto foi o pretexto, digamos assim, para a fundação do Clube Zupper. Nuno Ribeiro, que agrega em si as funções de presidente da Direção e intérprete desta modalidade, faz uma curta viagem no tempo para recordar o momento em que o seu amigo e ex-professor de natação António Silva o desafiou para experimentar o recém-chegado a Portugal hóquei subaquático. Deslocaram-se então ao Fluvial Portuense, onde travaram conhecimento com a modalidade e desde logo se pode dizer que foi amor à primeira vista. Entusiasmados com a experiência, não demorou muito tempo a que pusessem em prática o sonho comum que ambos transportavam: fundar um clube. «Tínhamos os dois clubes fictícios, isto é, grupos de amigos com quem praticavámos desporto, pelo que decidimos juntar-nos e criar um clube a sério», relembram.
Fundado o Clube Zupper, foi de imediato colocado em prática o projeto de desenvolver o hóquei subaquático na nossa cidade, contribuindo e muito para alcançar essa meta os conhecimentos e a experiência de António Silva, um homem fascinado pela água e por todas as atividades desportivas que nela se desenvolvem, como o próprio faz questão de deixar bem claro. Monitor de natação há 16 anos e atualmente coordenador da Piscina Municipal de Valongo, António Silva desde logo tentou cativar alguns ex-alunos seus da natação para experimentarem uma modalidade que “aterrou” em Portugal há apenas meia dúzia de anos. Ex-alunos que acederam de pronto ao convite do “mestre”, experimentaram, gostaram e integraram posteriormente a primeira equipa de hóquei subaquático do recém-nascido Clube Zupper. Com algum orgulho António Silva, que desde logo ficou com o cargo de treinador da equipa, refere que grande parte dos primeiros hoquistas zuppers foram seus alunos de natação quando tinham idades a rondar os 4 ou 5 anos, como é o exemplo do próprio Nuno Ribeiro.
O INÍCIO
OFICIAL
DA AVENTURA
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NUNO RIBEIRO |
2011 marca pois o início oficial da aventura zupper no hóquei subaquático, com a participação no Campeonato Nacional. Uma presença que valeu acima de tudo pelos ensinamentos adquiridos pela “convivência” com as grandes equipas da modalidade em Portugal, o mesmo é dizer o Clube de Natação da Amadora e os Aquacarca (de Carcavelos). Nem mesmo o último lugar obtido pelos zuppers no final da competição parece ter arrefecido o entusiasmo de fazer mais e melhor numa modalidade onde a curto prazo querem ser grandes. Aliás, bem se poderá classificar o ano de estreia do Clube Zupper na alta roda do hóquei subaquático nacional como muito positivo, pois o interesse e curiosidade pela modalidade cresceu a olhos vistos em Ermesinde. «A modalidade está a crescer imenso no seio de clube. Em apenas um ano conseguimos fazer algo inacreditável, que foi captar míudos e graúdos para a modalidade, de maneira que atualmente temos já cerca de 30 atletas federados com idades compreendidas entre os 16 e os 40 anos. As pessoas vieram ter connosco para experimentar a modalidade, gostaram e ficaram».
Aumento de atletas que obrigou a que o Clube Zupper tivesse inscrito na edição de 2012 do Campeonato Nacional não uma mas duas equipas! «Esse foi o nosso principal objetivo para esta nova época, ter duas equipas a competir ao mais alto nível numa modalidade que, tal como nós, está a crescer em Portugal. Aliás, quero dar os parabéns aos novos jogadores que, apenas com 2 ou 3 meses de atividade estiveram num bom plano na 1ª etapa do Campeonato Nacional de 2012 [ver desenvolvimentos sobre esta prova na página ao lado]. Se compararmos a prestação da nossa equipa B com o desempenho da estreia da equipa A na época passada constatamos que os B estiveram bem melhor, mesmo não tendo ido além do último lugar da etapa. Isso demonstra claramente que estamos a evoluir e que temos potencial (atletas) para chegar longe na modalidade», refere António Silva.
Ambos os interlocutores não têm dúvidas que o futuro dos zuppers está assegurado com a entrada de novos e promissores atletas que poderão vir a dar muitas alegrias a este jovem clube, isto é, títulos nacionais, pese embora a filosofia zupper passe sobretudo por que todos os seus atletas se continuem a divertir praticando desporto no seio de uma grande família, a designação pela qual tanto Nuno Ribeiro como António Silva definem o Clube Zupper.
O que é certo é que meio a brincar meio a sério esta família cada vez mais numerosa está aos poucos a enraizar a modalidade em Ermesinde, e prova disso foi o sucesso da 1ª edição do Torneio de Natal que o Clube Zupper realizou em dezembro passado nas piscinas do CPN. «Aquilo o que inicialmente havíamos pensado como um simples torneio quadrangulgar amigável tornou-se num verdadeiro sucesso. Foi um grande momento de hóquei, dito por todos os que aqui estiveram, de tal maneira que vamos querer repeti-lo no próximo ano ainda com mais força, e quem sabe esta não seja a rampa de lançamento para num futuro próximo termos aqui uma etapa do Campeonato Nacional. Seria espetacular», diz Nuno Ribeiro.
OUTRAS
MODALIDADES
NA FORJA
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ANTÓNIO SILVA |
Mas nem só de hóquei subaquático vivem os zuppers. Como confessos viciados pelo desporto que são, têm em mente elencar no clube novas modalidades. O paintball é uma delas, uma modalidade radical, por assim dizer, que aliás já faz parte do “ADN” zupper, sendo que de 15 em 15 dias os hoquistas subaquáticos juntam-se no “campo de batalha” para dar uns tiros. «Nos nossos horizontes está claro levar o nome Zupper bem longe também no paintball em provas oficiais, mas para já está tudo muito cru». O atletismo, o surf, o bobyboard, o BTT, o triatlo ou futsal são modalidades que foram igualmente equacionadas para o planeta zupper, sendo que alguns dos atuais membros do clube vão a espaços praticando algumas delas, ainda que por brincadeira, «mas o que pretendemos é cativar atletas que gostem dessas modalidades e que as queiram desenvolver no seio do nosso clube, e que possam até mesmo ficar no futuro responsáveis por essas mesmas secções. Ermesinde é uma cidade enorme, com muita gente que gosta de desporto e que neste momento está parada em casa, e o que nós queremos é trazê-los para aqui para desenvolver essas e outras modalidades que possam surgir.
Para já podemos dizer que o futsal está muito próximo de ser a próxima modalidade (oficial) do clube, uma vez que espaços para a colocar em prática até não faltam em Ermesinde, como é o caso do rinque do Complexo Desportivo dos Montes da Costa que, ao que parece, se encontra inutilizado, o que é uma pena. Aliás, já falámos com a Câmara de Valongo para vir a poder utilizar aquele espaço e eles mostraram alguma abertura para isso poder vir a acontecer. A ver vamos», sublinha Nuno Ribeiro.
Estes são alguns dos sonhos que por agora vão sendo idealizados pelos zuppers, que passo a passo vão levando a água ao seu moinho, sendo o hóquei subaquático um bom exemplo disso. Sonhos esses que vão sendo projetados e concretizados sem apoios, conforme sublinham, ou não estivéssemos nós a atravessar uma crise que parece não ter fim. O clube vive apenas da carolice dos seus integrantes, carolice essa que vai chegando para pagar o aluguer da piscina do CPN – local onde os zuppers treinam semanalmente às 2ªs e 4ªs feiras – e as inscrições dos jogadores no Campeonato Nacional de hóquei subaquático. «É complicado angariar apoios nos dias de hoje, pois o mais certo era darmos com o nariz na porta (risos). E como iríamos ter tantas respostas negativas isso iria acabar por desmotivar o grupo. Por isso grão a grão vamos pagando as despesas que temos, através das verbas arrecadadas das mensalidades pagas pelos atletas (25 euros para atletas trabalhadores e 20 para estudantes)». Claro que carolice é uma palavra que no futuro os zuppers vão querer apagar do seu dicionário, «queremos ser um clube a sério».
Ideias e determinação não lhes falta para atingir esse patamar, e não têm dúvidas de que o nome Zupper ainda vai dar muito que falar.
«Este nome vai concerteza ficar na cabeça de muita gente, e vamos tentar ser uma marca no concelho. Sem apoios mas com a dedicação e amor ao desporto vamos tentar que o nome de Ermesinde seja falado no país», projetam.
Conforme fazem questão de frisar, querem continuar a fazer jus ao nome de batismo do clube – Zupper –, que advém da palavra “super”: «Queremos ser zuppers (supers) em muita coisa ainda.
Por:
Miguel Barros
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