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    Arquivo: Edição de 22-02-2012

    SECÇÃO: Destaque


    Tradição carnavalesca do Enterro do João voltou a animar povo de Ermesinde

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    Uma multidão que se espalhava pelas margens do Leça, pela ponte da Travagem e pela Rua da Bela, junto à ponte ferroviária da Linha do Minho sobre o rio, marcou na passada terça-feira, dia 21 de fevereiro, a noite de Carnaval em Ermesinde, com um grande e inesperado sucesso deste reviver de uma das mais interessantes manifestações da cultura popular local. Foi este o epílogo de uma realização, este ano de responsabilidade da Junta de Freguesia de Ermesinde, que teve o seu primeiro ato no domingo, junto à estação ferroviária de Ermesinde, com a chegada, à tarde, do corpo do João à cidade – depois acompanhado de cortejo “fúnebre” até ao largo da feira velha para um primeiro velório – e que, na noite de segunda feira, teve ainda ali a continuação do velório da véspera.

    Após cerca de uma década de interregno – o jornal “A Voz de Ermesinde” retratou, em reportagem, textual e fotográfica, o evento realizado nos anos de 2001 e 2002 –, não se esperava uma tão grande adesão popular ao relançamento da festa. Este sucesso em muito se deve à forma como a autarquia local se rodeou de várias das coletividades locais para levar a festa avante, entre elas a Associação Académica e Cultural de Ermesinde (AACE), a União Desportiva da Bela, a União Desportiva e Recreativa da Formiga (UDRF), a Casa do Povo de Ermesinde e a Associação para o Desenvolvimento Integrado da Cidade de Ermesinde (ADICE) e os Bombeiros Voluntários de Ermesinde, e que nos desculpem todos os esquecidos, seja por nós seja pela organização. Estas coletividades não só ajudaram a realizar o evento com as suas competências humanas, apoiando as várias fases da festa, dando massa e colorido ao cortejo de mascarados, trazendo os cabeçudos, dando corpo ao João, como ainda, e talvez principalmente, ajudando a multiplicar a notícia da festa, que correu veloz nas veias do corpo vivo da cidade de Ermesinde.

    Agradecimentos maiores ao senhor Magalhães e a Maria Teles (Rambóia), detentores da memória desta dramaturgia popular, ameaçada de desaparecimento e, tal como as deixas o tornavam bem explícito, ao já desaparecido Abílio Teles (Rambóia), oficiante principal de toda esta celebração anual durante muitos e muitos anos e que deixou nas mãos da sua irmã Maria a mesma paixão de não deixar morrer esta representação tão genuína e interessante da criatividade popular.

    Luís Ramalho, presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde estava, ele próprio surpreendido pela grande adesão popular que o evento registou e, nesse sentido, não lamentava os quatro mil euros de orçamento que este ano a festa consumiu, tal o potencial evidenciado e que o levou, inclusive, a prometer, de antemão, que o Enterro do João do próximo ano será ainda mais memorável.

    Por outro lado é necessário refletir sobre as vantagens e desvantagens da realização dos vários atos da festa nas margens do Leça, num enquadramento apertado entre as pontes rodoviária e ferroviária sobre o Leça, a primeira transformada num dos palcos, local tradicional do festejo, e as possibilidades abertas pela proximidade do amplo largo da feira velha de Ermesinde, mas também ele limitado pela proximidade do Lar da 3ª idade de S. Lourenço, do Centro Social de Ermesinde.

    REPAROS

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    Se o impulso da Junta de Freguesia de Ermesinde se revelou crucial para a ressurreição da festa, e nesse sentido a Junta merece todo o nosso apoio, já temos dúvidas acerca do facto de que, além do principal impulsionador e até mentor, se ter tornado também protagonista, criando-se aqui uma atmosfera favorável ao crescimento de algumas tentações promíscuas no que respeita à notoriedade da festa e dos seus personagens, reais ou fictícios, e a notoriedade dos atores que intervêm no campo político. Tal poderia ser uma tentação populista tendente a traduzir-se em bons resultados junto do eleitorado, mas que deverá ser afastada pelos mais elementares motivos éticos, e estamos em crer que tal será compreendido e evitado em próximas edições.

    Uma outra questão que queríamos abordar era precisamente a da criatividade e espírito crítico popular e, sobretudo, a questão dos limites da tensão lúdica carnavalesca desta folia.

    Manifestação popular oriunda da criatividade da gente mais pobre de Ermesinde, moradora no lugar da Bela, a tradição assentava em grande parte numa sátira picaresca e brejeira, contendo excessos de linguagem vernácula que representam uma espécie de catarse do próprio sentimento popular de marginalidade em relação ao sucesso de outros, e tentar adoçar ou tornar rombo este palavreado afiado é destruir, em grande parte, o seu carácter genuíno e tentar domesticar o que até aqui era livre e, por isso mesmo, interessante. Essa é outra das tentações a que se deve resistir.

    Sem deixar, todavia, de referir que essa expressão da mentalidade popular também pode parir expressões da mais infeliz xenofobia... mas isso só poderá ser contrariado a um nível mais profundo e demorado, que envolva uma preocupação de educação para a cidadania.

    Aliada à primeira das tentações que referimos, e dela derivando, surge uma outra brecha por onde se pode escoar esta criatividade popular, é que dada a proximidade dos elementos ligados ao poder (autárquico, neste caso), pode criar-se uma espécie de barreira (psicológica ou outra) que torne muito mais difícil o exercício da crítica livre a estas mesmas entidades, branqueando convenientemente o exercício do poder e cerceando a crítica que, mesmo injusta, deve ter todo o livre curso para se exprimir.

    Finalmente, e num último reparo: partindo daquilo que já era uma prática antiga do Enterro do João, cujas deixas gratificavam aqueles comércios que tinham permitido levar a celebração a cabo, também este ano as deixas mencionam várias empresas e negócios que, presume-se, terão contribuído para a sua realização. Mas esta forma de agradecimento, se antes, pela sua pequena esfera, quase passava despercebida, hoje, pela sua dimensão, ameaçam tornar as deixas numa mixórdia de criatividade popular com publicidade pouco encapotada, destruindo por completo o que de mais interessante podia ter a festa. Não haverá maneira de evitar esta contaminação, encaminhando a gratidão aos patrocinadores para outro espaço e formas de expressão?

    A TRADIÇÃO DAS DEIXAS

    Nas deixas do João do ano de 2001, a quadra inicial rezava assim:

    «Se há funeral cá em Ermesinde

    Do nosso amigo João

    Podem agradecer ao Sr. Abílio

    Porque ele não ganha tostão».

    E este era um agradecimento inteiramente merecido, que as deixas deste ano vieram aliás, corroborar:

    «Se há funeral cá em Ermesinde

    Do nosso amigo João

    Agradecemos ao sr. Abílio

    Que os fez sem um tostão».

    O lugar da Bela tinha, nessas deixas, um lugar privilegiado, sendo o único lugar de Ermesinde citado no evento:

    «Para o lugar da Bela

    É um sítio que enriqueceu

    Deixou 5 mil contos para fazer um tanque

    Porque a Junta já se esqueceu».

    Se é verdade que esta quadra se mantém, este ano a referência aos vários lugares de Ermesinde surge muito mais ampliada, como pode apreciar-se nas várias quadras a tal dedicadas, grande parte delas, com o tal sentido brejeiro próprio deste tipo de celebrações carnavalescas:

    «Deixo às moças da Bela

    O que penso de repente

    As minhas tesouras de poda

    Para fazerem a permanente.

    Deixo às moças da Travagem

    Por estarem em segundo lugar

    Sete arrobas de sabão

    Para se poderem lavar.

    Deixo às moças de Vilar

    Por morarem lá no altinho

    Deixo todas as minhas calças

    Para ninguém lhes ver o ninho.

    Deixo às moças das Malvinas

    Por terem línguas de prata

    Deixo mil cabos de sacholas

    Para ajudar na zaragata.

    Deixo às moças da Feira

    Por ficarem perto da Maia

    Deixo-lhes cuecas de linho

    Para usarem mini-saia.

    Deixo às moças sozinhas

    Por serem das últimas a falar

    200 salpicões bem grossos

    Para se poderem consolar.

    Para as moças do lugar dos Moinhos

    Por morarem junto à antiga feira

    Deixo as minhas canastras

    Para irem vender peixe para a feira.

    Deixo à moças da Ermida

    Porque vem mesmo a calhar

    Deixo o meu quarto de banho

    Para se poderem lavar.

    Deixo às moças da Santa Rita

    Porque isso é bom saber

    Deixo-lhes a minha potente mangueira

    Para quando estiverem a arder.

    Deixo às moças da Palmilheira

    Por serem das mais modernas

    7 mil pacotes de Tide

    Para lavarem as pernas.

    E não me esqueci

    Das moças da Formiga

    Deixo-lhes 500 camisas sem mangas

    Para não inchar a barriga.

    Deixo às raparigas de S. Paio

    Por estarem perto de Ardegães

    Para passearem ao domingo

    300 trelas de cães.

    Deixo às moças da Costa

    Isso é que acho lindo

    A minha caixa de graxa

    Para engraxar ao domingo».

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    E mantêm-se as tradicionais quadras com as deixas ao padre e à igreja, à polícia, aos bombeiros, ao lar de idosos e à tradicional rivalidade de Ermesinde e Valongo, mas também agora a algumas reivindicações da cidade:

    «Para a nossa igreja

    Também quero deixar

    Deixo 500 mil euros

    Para o telhado arranjar.

    Deixo para o rio Leça

    Peixes e mais vantagens

    Que são 100 mil euros

    Para limpar as margens?

    Para os mais barbudos

    E em vez de beberem

    Deixo-lhes a máquina de cortar mato

    Para a barba desfazerem.

    E para a nossa polícia

    Por estarmos em liberdade

    Podem continuar de férias

    Para os ladrões roubarem à vontade.

    Ao abrir estes responsos

    Pois o juiz não erra

    Deixo 1 milhão de euros

    Aos bombeiros da nossa terra.

    E nesta época de crise

    Deixo medicamentos para as demências

    Tirem o gasóleo da limusina

    E ponham-no nas ambulâncias.

    Por ser lar dos idosos

    Desses não me esqueceria

    Deixo mais 2 milhões de euros

    Para dar ao centro de dia.

    Para a Câmara Municipal

    Deixo o pedido ao Sr. Presidente

    Que não gaste o dinheiro só em Valongo

    Porque em Ermesinde é que há gente.

    Para o lugar da Bela

    Que é um sitio que enriqueceu

    Deixo 50 mil euros para fazer um tanque

    Porque a Junta já se esqueceu.

    Deixo ao padre de Ermesinde

    Por ser dele que a gente gosta

    Fica com o meu trator

    Para acompanhar os funerais à Costa.

    E para alguns ex-combatentes

    Que andam cheios de saudade

    Deixo-lhes a matumbina

    Para usarem à vontade.

    (...)

    Deixo 2 milhões de euros à Junta

    Por ser gente de valia

    Para arranjar e limpar as ruas da cidade

    Que à Câmara competia

    Deixo para alguns vereadores

    Do bom senso a semente

    Porque pensam que só é Câmara

    Quando está toda a gente

    E todos os objetos que deixei

    De arte e é tudo meu

    Só virão para Ermesinde

    Quando a cidade tiver museu

    Deixo a decisão ao povo

    Que Valongo não leve a mal

    Mas só com Câmara em Ermesinde

    Haverá iluminação no Natal

    Por isso ao comércio da terra

    Deixo um pedido sentido

    Ajudem o enterro do João

    E o povo será vosso amigo

    E para alguma oposição

    Uma oferta de esperar

    Deixo indicações secretas

    De onde as árvores plantar

    Não queremos Santa Engrácia

    Aqui manda S. Lourenço

    Pode até não ser verdade

    Mas é assim que eu penso

    Por isso meus senhores

    Deixem só de pensar

    Obras no mercado e na feira velha

    Já deviam começar».

    O final, apoteótico, foi assim este ano:

    «E agora prestem todos atenção

    Não vale a pena a chorar

    Pois queiram ou não queiram

    O João vai acabar.

    Agora ninguém arrede pé

    Isto não é nenhum engano

    Só peço a Deus que estejamos

    Aqui todos para o ano.

    E para não haver confusão

    Em vez de ser enterrado

    Porque não quero estar frio

    A minha vontade é ser cremado».

    A «Vida do João”

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Nas quadras relativas à vida do João surgem alguns elementos muito curiosos, que ajudam a situar a origem da tradição ou da cultura subjacente a esta:

    «Boas noites meus senhores

    Voltamos à tradição

    De fazermos o funeral

    Ao nosso amigo João.

    Meus senhores e minhas senhoras

    Aqui vos vou dizer

    A vida que o João passou

    Enquanto andou a viver.

    Em Lisboa foi nascido

    No Porto foi baptizado

    A sua mãe deixou-o à roda

    Com o nome de João Bastardo.

    Em Bragança foi criado

    Em Foz Coa funileiro

    Em Coimbra tirou um curso

    Veio para o Porto para caixeiro.

    Foi trabalhar para o Pinhão

    Não lhe agradou a oficina

    Concorreu para escrivão

    E foi engenheiro em Albina.

    (as deixas oficiais deste ano registam Albina, mas será, mais provavelmente, Alfena?)

    Delegado em Vila Flor

    Juiz de direito em Aveiro

    Em Viana foi ferrador

    E em Chaves serralheiro.

    Em Guimarães foi padeiro

    Em Moncorvo maquinista

    Na Régua foi pedreiro

    E em Setúbal foi dentista.

    Capitão em Badajoz

    Em Vila Real ajudante

    Em Lamego foi tenente

    E em Braga comandante.

    A Angola foi parar

    E em Luanda viveu

    Foi por lá que ficou rico

    Mas foi cá que morreu.

    Tantas artes que ele teve

    E viveu de tantos modos

    Para que tanta riqueza

    Pois morreu como todos.

    Gozou mulheres a mais

    E sem criar um filho

    Agora nas suas finais

    Foi metido num sarilho».

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Há uma evidente sobrecarga dos topónimos do Norte e, em particular, de Trás-os-Montes.

    Num exercício de mera especulação, poderá apontar-se como transmontana a origem de alguns dos oficiantes mais destacados deste Enterro do João, que provavelmente terão estado na guerra colonial (em Angola?), ou sido colonos em África.

    Não nos atrevemos é a apontar uma tradição do Enterro do João, Queima do Judas ou festas semelhantes, como transmontanas, embora seja possível que, dado algum isolamento das terras para além do Marão, por lá subsistam mais duradouramente algumas destas festas pagãs.

    Sabe-se que prantos fúnebres carnavalescos vêm já de tempos medievais, sabe-se que muitos deles são celebrações de quaresma, muitas vezes pontuadas pela apoteose do fogo, sabe-se que não se trata de uma celebração unicamente portuguesa, encontrando-se espalhadas por toda a Europa celebrações carnavalescas semelhantes.

    O CASO DE ERMESINDE

    Mas a configuração particular do Enterro do João em Ermesinde parece apontar noutro sentido mais específico.

    No seu livro “Ermesinde: Memórias da Nossa Gente”, Jacinto Soares, referindo-se ao enterro do João, desenvolve uma tese muito interessante. Entre outras coisas, cita o estudo de Ernesto Veiga de Oliveira, que a este assunto dedicou um trabalho: «Sobre a realização da festa nos lugares da Triana, Carreiros e Forno (Rio Tinto), [Ernesto Veiga de Oliveira] aproveita para referir que a mesma tem igual dimensão e sentidos nos seus arredores (Vale Ferreiros, Venda Nova e Baguim), também do concelho de Gondomar; nos lugares de Granja, Giesta – S. Gemil, Brás Oleiro e Pedrouços, ligados a Águas Santas e na nossa terra é referido Vilar, Palmilheira, Travagem e lugar de Ermesinde. Na sua opinião “tratar-se-ia de uma faixa entre a vertente sul dos contrafortes ocidentais da serra de Valongo e os limites administrativos do Porto, correspondendo aproximadamente ao extremo sudeste das Terras da Maia, com um carácter acentuado de subúrbio do Porto e muito visivelmente compreendida na sua esfera de influência” (...). Manuel Pinto para quem “no desenrolar dos passos desta estranha liturgia é perfeitamente notória a intenção de parodiar o sagrado”, adianta, seguindo este mesmo estudo, três interpretações para esta manifestação da cultura popular: “A criação de um bode expiatório da comunidade; a manifestação do espírito lúdico e do poder imaginativo do homem e corporização do seu sentido parodial e, por último, um rito de passagem que introduz o jejum quaresmal”».

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Jacinto Soares, rejeitando esta última linha de interpretação aponta, a seguir, para o caso de Ermesinde, que conhece melhor: «Podemos afirmar que estamos perante questões de rutura social, de contestação ao “status quo”, de criação de um bode expiatório, sobre o qual é preciso zurzir de uma forma disfarçada. Este “bombo da festa” representa o grupo social a quem eles e mesmo os seus progenitores, estiveram ligados no passado, mas que por razões de vária ordem, entre as quais afetivas, não podem criticar diretamente. Resquícios inconscientes de tudo o que havia de bom nesse passado, ainda não muito longínquo, sobretudo a mesa, são geradores de sentimentos negativos ligados à inveja, a um saudosismo não assumido e mesmo a um compreensível complexo de afirmação social.

    Não nos podemos esquecer que essas zonas, onde a paródia acontecia, circundavam as “aldeias dos lavradores”, casas fartas, onde eles ou os seus familiares trabalharam, antes de abalarem para outro rumo, neste caso, o mundo ligado á indústria. Muitos destes “críticos” eram descendentes dos criados de servir (moços de servir), a quem votavam agora um certo desdém que se manifestava, exteriormente, por esta via da festa (…). Não é por acaso que são os lavradores ricos, ingénuos, gananciosos ou liberais em demasia, os protagonistas dos versos do testamento do João.

    Em Ermesinde, esta tradição, nos moldes em que a entendemos hoje, remonta aos fins do século XIX, e está ligada à passagem primeiro dos homens e das mulheres depois, para as fábricas que a Revolução Industrial acabava de trazer para a nossa terra».

    Por: LC

     

     

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