Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 09-02-2012

    SECÇÃO: Crónicas


    foto

    Onda de entusiasmo

    Há tempos escrevia um apontamento sobre um filme que me marcou – Billy Elliot, o miúdo que conquistou um sonho, contra tudo e contra todos. Marcou-me sempre a imagem que encerra este filme feita com o fundo musical da música “O Lago dos Cisnes”, a consagração – Billy “eleva-se” no ar simbolizando uma ave que voa através dos sonhos perante uma plateia repleta e onde está lá um pai, emocionado a assistir.

    Também há tempos vi publicada a foto de um jovem que não sendo personagem de um filme também se eleva no ar projecando toda a paixão que sente pelo que faz – ensinar hidroginástica.

    Quando normalmente escrevo tenho sempre mentalmente visível uma fisionomia, um rosto e aqui pedi “emprestada” a cara que precisei de dar a este meu apontamento – um jovem de sorriso rasgado, de olhar radioso e cheio de vida, onde também existe a figura de um pai, emocionado, que faz tudo para divulgar as atividades e eventos que envolvem este filho que também voa através dos sonhos.

    Este jovem, já homem feito, representa tudo o que um país precisa receber dele e de tantos como ele – alegria, irreverência, ousadia, atrevimento e coragem.

    Ele não se fica pelo que conquistou e vai sempre à procura do “novo”, investindo em si próprio e passando isso para os outros – que é mais do que visível no incremento de jovialidade e alegria que passa para os seus alunos e frequentadores das suas aulas. Passa as fronteiras do país, partilha e recolhe conhecimento e volta sempre, pronto a inovar.

    Precisei de responder a um comentário dele e do seu inseparável amigo, que partilha da mesma filosofia de vida, da seguinte forma: «É uma honra conhecer juventude que constrói – tentem não caminhar sozinhos e “arrastem” outros, tantos quantos puderem – porque o país precisa de gente assim lá fora mas também, cá dentro».

    Foto AVE
    Foto AVE
    E ao escrever isto, ao escrever aquilo que sinto, é efetivamente porque sei quanto é importante e também quanto custa ter uma filha lá fora, mesmo estando certa que quando regressar vem “rica” de conteúdo para entregar a um país que vai precisar da entrega de todo o seu saber e experiência.

    Já quando a minha filha mais nova me diz que pensa em emigrar digo-lhe para tentar ficar cá em Portugal porque o País precisa mesmo de juventude que constrói e edifica novos conceitos, novas ideias, novas formas de estar.

    Como mãe, amiga e profissional, penso ter obrigação de lhe explicar de que forma é que ela tem que se adaptar às transformações do mercado de trabalho e aqui uma coisa de que estou certa e nunca será ultrapassada – a noção da qualidade, do rigor de um trabalho bem feito e desempenho elevado, porque isso sim, marca a diferença e preciso muito de acreditar que uma pessoa que se paute por uma atitude profissional exigente será sempre precisa numa organização.

    Eu não posso “ensombrar” os sonhos de uma miúda de 20 anos, esvaziando-a mesmo antes que tenha começado a viver e ganhar experiência, construindo um mundo adaptado à sua maneira de ser. Tenho é que lhe dizer que tem que aprender a ser “freelancer” – somar bocadinhos de experiência em entidades patronais diferentes que precisem e requisitem do seu elevado desempenho e será ela, com o tempo, que conquistará a sua necessidade de se fixar.

    Espero que um dia, ao fixar-se, efetivando-se em qualquer tipo de empresa, ela não pare de se desafiar, não se acomode pensando que já conquistou tudo, que já pode estar tranquila porque isso não será bom – cristaliza e isso não será saudável nem para ela nem para quem a contrata.

    Ela e todos os jovens que representa devem ser desassossegados, eliminar barreiras, reinventar conceitos e derrubar preconceitos e estigmas que nos “entopem” e bloqueiam.

    Voando contra o vento, remando contra a maré, o país está a precisar urgentemente de uma onde de entusiasmo dos seus jovens e também dos menos jovens, porque uns ajudam a empurrar os outros e aqui o desafio é grande, mas o País é nosso e não o podemos nem devemos esvaziar de talentos e de força braçal.

    Eu não sei como o fazer, mas estou disposta a aprender e a ajudar contribuindo com a minha força, o meu entusiasmo e o meu saber, que vou enriquecendo, porque faço de tudo um ensinamento numa atitude de aprendizagem on going, aquela que nunca termina porque estamos sempre a aprender e se formos atentos e sensatos estaremos sempre a mudar.

    O legado que deixamos a um país são os nossos jovens que precisam de aprender a “elevar-se”, voando, mesmo que em cima de ondas. O voo não será planado porque a vida não é “tábua rasa”, tem altos e baixos, mas assim é que o voo tem graça e aqui é lógico que não poderá faltar o “porto de abrigo” – a sua casa, a sua família, onde eles possam vir descansar, retemperar forças e continuar a sua rota, voando sempre!

    “Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar!”.

    O grande perigo para os que aprendem a “voar” é e vai ser sempre o “caçador furtivo” que o irá tentar abater só que, se voarem em grupo poderá cair um – o que voa mais lento ou o que terá menos sorte, mas seguramente não caem todos, porque o todo vai ser sempre mais forte do que a soma das partes.

    Os pais? Do seu poleiro, vão sempre olhar emocionados para os voos dos seus filhos, que depois irão também ensinar os seus filhos, aperfeiçoando-os com novas técnicas de voar!

    Por: Glória Leitão

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].