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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-10-2011

    SECÇÃO: Opinião


    A crise no imobiliário e os monstros em Valongo

    Há uns anos atrás, no concelho de Valongo e em todo o País houve um “boom” na construção civil que gerou um excesso de oferta, estando hoje - segundo as estatísticas - por ocupar no Concelho cerca de 4000 fogos.

    Esta euforia na construção de novas habitações criou problemas diversos, nomeadamente ao nível urbanístico e ambiental, que a Câmara Municipal é, hoje, solicitada a corrigir.

    Aí estão os autênticos “monstros” que a crise no mercado veio a gerar em resultado das dificuldades financeiras que atingiram os construtores e promotores imobiliários e que deixaram, ao longo do nosso concelho, prédios inacabados pois, entretanto, se alteraram as condições de financiamento.

    A Banca - com taxas de crédito à habitação atractivas - os construtores e promotores imobiliários, não estão isentos desta situação pois acreditaram que a procura no mercado imobiliário em Portugal e no Concelho se iria manter, respondendo de uma forma positiva à oferta.

    Pensaram que famílias que residiam no Porto e em outros concelhos seriam seduzidas pelos preços a praticar e, num desejo legítimo de ter casa própria abandonariam esses locais, deslocando-se para a periferia do Grande Porto.

    Boa localização do Concelho, excelentes acessibilidades e bons transportes eram um convite a essa opção.

    Houve, efectivamente, alguma mobilidade geográfica de jovens casais mas, um excesso de oferta e dificuldades no acesso ao crédito bancário que entretanto ocorreu (crise financeira), deitou por terra as expectativas daqueles que seriam potenciais compradores de novas habitações.

    É certo que a Câmara de Valongo também foi permissiva já que licenciou projectos na expectativa de encher a tesouraria camarária. O que era preciso era construir e Valongo, hoje, mais parece uma “cidade fantasma” com prédios e mais prédios parcialmente construídos, em Ermesinde, em Campo e em Valongo. Tal mantém-se anos e anos sem que se vislumbre uma alteração ao rumo que vem sendo seguido.

    Não podemos deixar de sinalizar uma situação que desqualifica a imagem do Concelho e retira-lhe competitividade quando comparado com outros que tiveram um planeamento correto do uso dos solos e foram mais rigorosos a aprovar os planos ou mesmo a licenciar.

    Sabemos que muitos dos investidores abandonaram as construções fundamentalmente por se terem alterado as condições de financiamento junto da Banca que, hoje, é mesmo e ao que sabemos, proprietária de grande parte dos prédios inacabados que degradam a paisagem do Concelho de Valongo. É verdade!

    Mas também sabemos que poderão estar a ser criados problemas sociais e de segurança (guetos) que importa considerar.

    Vivemos um tempo de grandes dificuldades, sendo o desemprego, que atingiu muitas famílias, a causa do incumprimento das suas obrigações junto da mesma banca que viu, de repente, aumentada a sua carteira de habitações.

    Ora, importa que a Autarquia olhe com atenção para este problema e defina uma estratégia de intervenção em parceria com os parceiros, banca incluída, e contemple a reabilitação de alguns dos prédios ou mesmo a demolição de outros.

    Com vontade e imaginação, a experiência vivida em outros concelhos, o mercado social de arrendamento e o Plano de Emergência Social que o Governo anunciou, é possível corrigir algumas destas situações.

    Mas será que as depauperadas finanças da Câmara suportam uma intervenção deste tipo? Sobre isso muito há a dizer…

    Por: Afonso Lobão (*)

    (*) Vereador da Câmara Municipal de Valongo

    Setembro 2011

     

     

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