Doenças crónicas representam 63% das mortes em todo o mundo
Em Portugal, as doenças crónicas atacam principalmente as populações mais desfavorecidas e a crise pode acentuar ainda mais esta situação. Foi aprovada por unanimidade a Declaração de Moscovo, um documento que visa alertar os governos e sociedade civil para tomarem medidas concretas no combate a estas doenças.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 36 milhões de pessoas morreram em consequência de uma doença crónica, incluindo 9 milhões, que morreram prematuramente, antes dos 60 anos. Destas, 8 milhões de mortes ocorreram nas classes média e baixa. Estes são números alarmantes que levaram 47 países, incluindo Portugal, a assumir, na Assembleia Mundial de Saúde, o compromisso de colocar as doenças crónicas no topo das suas prioridades, criando medidas e estratégias para combater a pandemia das doenças crónicas. Para já, foi aprovada por unanimidade a Declaração de Moscovo, um documento que visa alertar os governos e sociedade civil para tomarem medidas concretas no combate a estas doenças.
«É fundamental que Portugal se posicione já na linha da frente no combate aos fatores de risco e na luta pela adoção de estilos de vida mais saudáveis. Com a Diabetes a atingir 1 milhão de portugueses e os acidentes cardiovasculares e cerebrovasculares apontados como as principais causas de morte é urgente tomar medidas concretas e assumir compromissos para travar esta pandemia», refere Luís Gardete, presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal.
«Esta situação é ainda mais grave num cenário de crise, como a que atualmente Portugal atravessa. Neste momento, a atenção às doenças crónicas deve ser redobrada, uma vez que a população tem tendência a alimentar-se pior, a incrementar a inatividade física e a consumir mais álcool e tabaco. Sabe-se que estas doenças atacam desproporcionadamente as populações mais desfavorecidas criando um perigoso ciclo vicioso entre pobreza e incrementos de comportamentos de risco», explica José Manuel Boavida, coordenador do Programa Nacional da Prevenção e Controlo da Diabetes.
Eliminar o tabaco e reduzir o açúcar, o sal e as gorduras são agora os principais objetivos da OMS. A redução do álcool e o incremento do exercício físico são outros dos objetivos. De acordo com a OMS, dos 36 milhões de mortes anuais originadas pelas doenças crónicas, 25 milhões são causadas por aqueles fatores de risco. Estes números representam um enorme peso económico, social e humano para as famílias e nações.
Em linha com o que se verifica por todo o mundo, em Portugal, organizações de profissionais de saúde e de cidadãos unem esforços para o desenvolvimento urgente de políticas e de medidas que revertam o crescimento alarmante das doenças crónicas. «Em conjunto, produzimos o documento “Declaração por uma Vida Melhor”, com uma série de medidas como a alteração da política agrícola, o aumento do preço de produtos considerados não saudáveis, medidas legais de controlo dos alimentos, redução de barreiras económicas a produtos alimentares considerados saudáveis, urbanismo e segurança. O que é urgente é assumir estes compromissos e passar à implementação destas medidas concretas», reforça José Manuel Boavida.
De acordo com a OMS, cerca de 90% da população com menos de 60 anos que morre de doenças não-transmissíveis situa-se nos países desenvolvidos. Se não forem tomadas medidas, a OMS estima que as doenças crónicas irão aumentar 15% no mundo nos próximos 10 anos, sobretudo em África, Médio Oriente e Ásia. Em sequência destes dados e desta nova agenda da OMS, as Nações Unidas irão realizar, em setembro de 2011, uma cimeira sobre doenças crónicas.
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