ELEIÇÕES PARA A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Vitória clara do PSD e com maioria de direita
Confirmando a tendência manifestada na fase final da campanha eleitoral, o PSD ganhou destacado as eleições para a Assembleia da República, fazendo cair a liderança do Partido Socialista.
Com o CDS e a CDU a ganharem deputados, o outro grande perdedor foi o Bloco de Esquerda, que viu reduzido a metade o seu Grupo Parlamentar. A vitória social-democrata fez crescer o número de deputados laranja de 78 para 108 (contando já com 3 deputados pelos círculos da Emigração). Estreia interessante do PAN, que chegou a ameaçar meter um deputado por Lisboa.
A abstenção estabeleceu um novo valor máximo, 41,10% no País, mas cinco pontos abaixo no distrito e no concelho de Valongo, um valor dois pontos acima em relação a anteriores eleições, tal como verificado para o total dos círculos.
A nível do distrito a vitória do PSD seguiu a tendência nacional, podendo dizer-se o mesmo para o resultado de todos os partidos.
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Fotos MANUEL VALDREZ |
Pedro Passos Coelho foi o líder vitorioso destas eleições, emergindo como primeiro-ministro indigitado, e fazendo cair de imediato a liderança do Partido Socialista.
O eleitorado votou claramente contra Sócrates e a queda do PS arrastou com ela também a queda do Bloco de Esquerda, em que um eleitorado assustado com o voto na direita, ainda correu a dar uma última mão ao PS, mas sem sucesso.
Paulo Portas foi outro dos vencedores da noite eleitoral, fazendo crescer o número de deputados do CDS (são agora 24) e assumindo-se como parceiro natural de Pedro Passos Coelho, cuja vitória eleitoral não permitiu, contudo, ao PSD atingir a difícil maioria absoluta de deputados.
A vitória do PSD foi esmagadora em Aveiro, Bragança, Faro, Guarda, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu e na Madeira, em que ganhou todos os concelhos, sem exceção. E ainda nos Açores (só perdeu o Corvo) e em Coimbra (só perdeu Soure para o PS, por pequena margem, 33,81% contra 34,98%).
Ao nível nacional, o PS perdeu para o PSD em todos os círculos eleitorais, à exceção do Alentejo (Évora, Setúbal e Beja), e mesmo no Alentejo foi o PSD que triunfou em Portalegre. Nos Açores apenas conservou a maioria no pequeno concelho do Corvo, e a norte do rio Vouga apenas ganhou, no distrito do Porto, em Matosinhos (por uma unha negra, 34,33% dos votos expressos contra 33,59% dos votos expressos a favor do PSD), e Santo Tirso (outra vitória tangencial, 38,81% contra 37,20% do PSD), e no distrito de Braga, em Fafe, Guimarães e Vizela, tendo neste último o seu melhor resultado a norte (com 50,60% dos votos expressos).
Ao contrário do Bloco de Esquerda, cuja queda foi generalizada (caindo de 16 para 8 deputados), a coligação encabeçada pelo PCP resistiu ao destroçar da esquerda, tendo inclusive eleito mais um deputado (de 15 para 16) e tendo ganho as eleições nos seus concelhos de influência (onde tinha ganho já em 2009 – Alpiarça, no distrito de Santarém, Avis, no distrito de Portalegre, Arraiolos, Montemor-o-Novo e Mora, no distrito de Évora, e Aljustrel, Cuba e Serpa no distrito de Beja) e retirado até ao PS a maioria nos concelhos de Viana do Alentejo, no distrito de Évora, e Moita, no distrito de Setúbal (compensando assim a perca de Vendas Novas para o PSD).
O DISTRITO DO PORTO
Quanto aos resultados eleitorais no distrito do Porto – que confirmaram os resultados nacionais –, o PSD ganhou mais cinco deputados (passou de 12 para 17, com 39,14% dos votos expressos), o PS perdeu seis (passou de 20 para 14, com 32,03% dos votos expressos), o CDS manteve os seus quatro deputados, assim como a coligação PCP-PEV também manteve os seus dois. Quanto ao Bloco de Esquerda perdeu um dos três que tinha eleito em 2009.
A abstenção no distrito é mais baixa em cerca de 5% do que a média nacional, verificando-se aqui, contudo um maior número de voto em branco (são 2,49% dos votos expressos contra 1,74% a nível nacional).
O CDS regista no distrito uma subida muito ligeira, e fica abaixo da média nacional. O Bloco de Esquerda fica também no distrito ligeiramente abaixo da média nacional, enquanto o PS fica quatro pontos acima e o PCP 1,5 pontos abaixo. A votação no PSD, por sua vez, fica um ponto acima.
Dois partidos, ainda longe da eleição de qualquer deputado aproximaram-se no distrito da fasquia do 1%, o PCTP/MRPP, com 0,97% (tinha tido 0,70% em 2009) e o recém-chegado PAN, com 0,91% dos votos expressos.
O CONCELHO DE VALONGO
A nível do concelho, a vitória sorriu também ao PSD, mas apenas 2,5% acima do PS (35,92% contra 33,50%).
A votação no CDS é aqui claramente inferior quer ao registo nacional, quer ao distrital, ficando abaixo dos dois dígitos em percentagem de votos expressos (8,91%).
A coligação PCP-PEV fica muito perto do resultado nacional (7,48% contra 7,94% dos votos expressos, mas claramente acima da média do distrito, 6,23%).
Quanto ao Bloco de Esquerda o resultado é melhor que a média distrital e nacional (o Bloco teve em Valongo 5,81% dos votos expressos contra 5,13% no distrito e 5,19% no todo nacional.
No concelho é ainda de notar a votação do PCTP/MRPP (1,25%) e do PAN (1,04%), sendo a do MRPP superior à média nacional.
Os votos em branco são ainda mais expressivos que no distrito, atingindo aqui os 2,78%.
Quanto às abstenções são semelhantes ao perfil do distrito, ligeiramente abaixo, 34,5% contra 34,9% dos votantes.
FREGUESIA A FREGUESIA
Na análise dos resultados feita freguesia a freguesia, verifica-se a vitória do PSD em Alfena com 37,17% dos votos expressos contra 33,35% do PS – o que se pode considerar um bom resultado para os socialistas. Não há nada de muito especial a assinalar, a não ser a alta taxa de votos brancos (2,99%, muito superior à média nacional, 1,74%) e superior à média distrital e concelhia, e o voto no PCTP/MRPP, que aqui atinge 1,47% dos votos expressos.
Em Campo, tradicional freguesia de esquerda, o PS ganha com 38,69% dos votos expressos, contra 26,19% do PSD e 17,43% do PCP-PEV. As votações no Bloco e no CDS são aqui bastante abaixo da média nacional, distrital e concelhia.
Campo é a freguesia do concelho com a abstenção mais baixa nestas eleições, 38,80% dos votantes, o que poderá indiciar uma vontade de barrar o caminho à direita.
A percentagem de votos em branco é aqui de 2,52%, também inferior à média concelhia.
Também aqui a votação no PCTP/MRPP é anormal, quase 2% dos votos expressos (1,97%), quase duplicando a votação de 2009.
Pelo contrário, na freguesia de Sobrado, tradicionalmente de direita, o PSD ganha folgadamente, obtendo 49,88% dos votos expressos, contra apenas 25,86% de votos no PS.
O PCP-PEV não vai aqui além dos 4,77% dos votos expressos, e o BE além dos 3,87%, ambos muito abaixo das médias nacional, distrital e concelhia.
O voto no CDS não é também muito significativo (7,76% dos votos expressos, o que é, inclusive, inferior à média concelhia, o que parece indiciar, pelo seu lado, a concentração do voto de direita no PSD, para derrotar Sócrates.
Deixemos para o fim as duas freguesias mais populosas do concelho, Ermesinde e Valongo.
De destacar em Valongo, a magra vitória eleitoral do PSD (34,13% dos votos expressos, contra 33,54% do PS). Também aqui o PCTP-MRPP alcança 1,36%, mais uma vez um resultado acima do do distrito e do nacional.
Na freguesia de Ermesinde, por fim, tem de se assinalar a vitória do PSD (36,26% dos otos expressos contra 33,43% do PS), a votação no Bloco de Esquerda, superior à do PCP-PEV (6,37% dos votos expressos contra 6,27%).
A votação no CDS é ligeiramente superior à média concelhia (9,42% contra 8,91%).
O PAN alcança em Ermesinde 1,19% dos votos expressos, enquanto o PCTP/MRPP tem uma votação normal, e idêntica à votação distrital (0,94 % na freguesia contra 0,94% no distrito).
Brancos e abstenções seguem o padrão médio do concelho de Valongo.
Por:
LC
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