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    Arquivo: Edição de 15-05-2011

    SECÇÃO: Psicologia


    A ansiedade pode ser uma doença?

    O ritmo de vida das sociedades modernas obriga a uma velocidade e exigência em termos de solicitações que são feitas e áreas de conhecimento que têm de ser dominadas. A tudo isto se somam exigências em várias esferas em termos de mobilidade: os transportes públicos ou individuais, as horas de ponta, os compromissos sucessivos e uma planificação de trabalho diária que, por vezes, se aproxima do desumano.

    A segurança no emprego, a certeza de poder receber atempadamente, nem sempre acontece. Para piorar as coisas, a facilidade com que se pode gastar, comprar bens, tornou-se bastante mais fácil do que era em décadas anteriores. Tratam-se, no entanto, de facilidades ilusórias, pois o crédito pessoal implica taxas de juros exorbitantes e o pagamento em prestações faz acreditar que tudo será mais fácil do que realmente é.

    Poderíamos continuar, sem grande esforço, a elencar fatores que potenciam e até provocam stress. No entanto, queremos centrar a nossa atenção na ansiedade e de que modo pode contribuir para o adoecer ou constituir-se, ela própria, como doença. Em primeiro lugar o stress e vários dos seus sintomas: as insónias, a dificuldade em respirar, a tosse nervosa mas também a irritabililidade e os pensamentos ansiogénicos.

    Existem pessoas que tentam controlar tudo e antever todas as dificuldades. São perfis psicológicos que implicam maior risco de desenvolver sintomas relacionados com a ansiedade. Lembramos que desde os anos 50 se sabe que este estado de maior alerta, de stress, fragiliza o sistema imunitário e torna mais vulneráveis essas pessoas a desenvolver patologia física.

    Maiores níveis de stress podem criar vulnerabilidade a quadros agudos de ansiedade. Os ataques de pânico, neste particular, são momentos em que o mal-estar intenso, a sensação de desmaio ou a perda efetiva de sentidos, podem constituir-se como momentos isolados ou, pelo contrário, como início de quadros de tratamento mais complexo e prolongado no tempo.

    Os momentos agudos de ansiedade podem também surgir na sequência de um episódio traumático: um acidente de carro; o cuidar por longo tempo de alguém com uma doença terminal que nos é próximo; um incêndio; um abuso laboral ou sexual, entre muitas outras situações. Nestes casos, os momentos de stress pós-traumático são circunstanciados no tempo ou recorrentes, contituindo quadros de sofrimento mais continuado. O quadro de stress pós-traumático pode ser acompanhado de ataques de pânico, momentos em que o trauma parece vivo novamente.

    Mas como tratar, como resolver todas estas situações? Para casos mais graves, o acompanhamento psiquiátrico ou psicológico continuado podem ser soluções. Nesse acompanhamento, não raras vezes, a medicação é um instrumento eficaz de forma a controlar certos sintomas e o sofrimento psíquico de um modo geral.

    A medicação permite a muitos indivíduos controlar os seus sintomas e, assim, ter algum espaço para pensar no que está a acontecer nas suas vidas. No entanto, a medicação não promove o conhecimento do que acontece com o organismo humano quando está em stress ou com outros sintomas mais estruturados de ansiedade. Deste modo as técnicas de relaxamento, a meditação ou mesmo o ioga podem ser complementos interessantes, em termos de permitir o auto-conhecimento dos indivíduos em sofrimento.

    As técnicas de relaxamento desenvolvidas por diversos autores da área da psicologia permitem, através de exercícios de contração e distensão muscular ou ainda através da imaginação, momentos de bem- -estar e de conhecimento do seu próprio corpo. Deste modo, muitos indivíduos adquirem estratégias para lidar com momentos de ansiedade e stress na sua vida quotidiana.

    Por: Rui Tinoco (*)

    (*) Psicólogo clínico, profissional da Psicogénese.

     

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