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    Arquivo: Edição de 28-02-2011

    SECÇÃO: Destaque


    O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

    Alberto Dias Taborda (2)

    Concluímos hoje a divulgação dos dados biográficos de Alberto Dias Taborda, recordando mais alguns dos melhoramentos em que se empenhou enquanto Presidente da CME, bem como o seu apoio à facção autonómica de Ermesinde e a fundação, há vinte anos, de um Centro Cultural com o seu nome.

    Capela de Nossa Senhora do Amparo (Quinta de Ermesinde)
    Capela de Nossa Senhora do Amparo (Quinta de Ermesinde)
    Iniciámos, na última edição, a divulgação de dados biográficos de uma das personalidades mais eminentes de Ermesinde, no período da Primeira República – Alberto Dias Taborda. Embora não fosse natural de cá, aqui constituiu família e fixou residência, envolvendo--se activamente, desde então, no seu progresso. Sem se lhe conhecer qualquer filiação político-partidário, Alberto Taborda muito lutou pelos melhoramentos de Ermesinde.

    Entre eles, recordámos o prolongamento da linha do eléctrico, desde o Alto da Maia até à Igreja de Ermesinde, em 1916; a ligação telefónica de Ermesinde com o resto do país; a construção de novas escolas primárias e a elevação de Ermesinde a vila, no dia 12 de Julho de 1938.

    Hoje recordamos outras não menos importantes: a abertura da Estrada da Formiga, desde a Ponte da Palmilheira até à Serra de Valongo; a criação do Apeadeiro da Palmilheira; a construção e reparação de várias ruas, designadamente a do Carvalhal, da Fábrica Cerâmica, Gil Vicente, Filipa de Vilhena e Vasco da Gama, no âmbito da C.M.E. (sigla que significava Comissão de Melhoramentos de Ermesinde, e que alguns autonomistas quiseram entender como Câmara Municipal de Ermesinde).

    A Comissão de Melhoramentos de Ermesinde formou-se nos anos 30, e, para além de Alberto Taborda, seu Presidente, também integravam essa Comissão, entre outros, Serafim Ferreira dos Santos e António Lourenço Ferreira da Silva.

    A ela se deve um grande número de realizações, sempre com o mesmo objectivo de engrandecer esta Terra e de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes. Muitas dessas iniciativas, coroadas de assinalável êxito, ficaram a dever-se a este Homem, incansavelmente devotado aos outros.

    Fervoroso adepto da autonomia de Ermesinde, Alberto Taborda, quando a Junta da Freguesia local aprovou o documento reivindicativo da criação do concelho de Ermesinde, em 4 de Dezembro de 1938, ofereceu um almoço em sua casa aos representantes da imprensa. No momento dos discursos alguém terá afirmado que Ermesinde é um corpo a que já mal se ajusta o jaquetão antiquado de Valongo!

    Alberto Dias Taborda foi, de facto, uma personalidade ímpar na dedicação à causa do progresso e desenvolvimento de Ermesinde. Por isso, Adelino da Costa Freitas, Secretário da Junta de Freguesia de Ermesinde, no fim da década de 1930 e no início da seguinte, lembrava, assim, este benemérito:

    «Desde os majestosos edifícios escolares – edifícios que são, indubitavelmente, motivo de justo orgulho para nós e de admiração para os estranhos – até à abertura de tantas ruas, tudo revela o interesse dos Ermesindenses por esta terra, à frente dos quais se encontra o Sr. Alberto Taborda, o incontestável representante de Ermesinde que, até hoje, ninguém igualou em esforço, em sacrifício e em dedicação».

    Deram o seu nome à Praceta defronte às Escolas do Carvalhal, se bem que Alberto Taborda, por tudo aquilo que fez, merecia bastante mais e melhor.

    Conscientes disso, vários professores de Ermesinde organizaram, em 1991, um Centro Cultural a que puseram o nome de Alberto Taborda, com a finalidade de perpetuar o nome de um Homem que tanto fez por Ermesinde e também pelo ensino.

    O dito Centro Cultural Alberto Taborda (CECAT), em colaboração com este jornal e com o apoio da Junta da Freguesia de Ermesinde e da Câmara Municipal de Valongo, levou a efeito uma sessão de homenagem que decorreu na tarde do dia 18 de Junho de 1994, no Salão Polivalente da Escola Secundária de Ermesinde, com a presença de familiares e amigos (entre os quais seu sobrinho, Dr. Vasco Almeida, o seu amigo Monsenhor Miguel Sampaio, e a Madre Superiora do Instituto Bom Pastor, Instituto que herdou a maior parte dos bens de Taborda e onde este passou os seus últimos dias), de muitos ermesindenses que se associaram à efeméride, de sócios do Centro Cultural Alberto Taborda, e dos Presidentes da Câmara de Valongo e da Junta da Freguesia de Ermesinde.

    Para além das intervenções dos organizadores, Drs. Álvaro Mota, Manuel Augusto Dias e Jacinto Soares, falou também o Presidente da Câmara, Dr. Fernando Melo, Monsenhor Miguel Sampaio, o Presidente da Junta, Sr. Jorge Videira, e o Dr. Vasco Almeida, que no fim da sessão descerrou uma lápide alusiva ao evento.

    Para melhor assinalar a data da homenagem, foram feitas medalhas pelo Centro Cultural, com a efígie de Alberto Taborda, que se distribuíram às personalidades presentes de maior destaque.

    Alberto Taborda herdaria a Quinta de Ermesinde, por parte de sua esposa. A Quinta de Ermesinde, cuja casa remontará ao século XVII, bem como a Capela de invocação a Nossa Senhora do Amparo nela integrada, era constituída também por bastante terreno de cultivo e por uma mata.

    A Capela de Nossa Senhora do Amparo, a que a foto se reporta, chegou a estar aberta ao público que ali ia regularmente assistir à missa dominical. No Número Comemorativo da Fundação do Concelho de Valongo, de 1936, Serafim Ferreira dos Santos, ao falar de Ermesinde, e mais concretamente desta Capela, diz: «(...) e o serviço religioso do pequeno burgo de Ermezinde desse tempo, começou a fazer-se na Capela ainda hoje existente na Quinta de Ermezinde e pertença daquela ex.ma família. / A essa Capela, anexa à quinta, a pedido da sua proprietária de então (trisavó materna do seu dono actual e presidente da Câmara de Valongo Dr. António Corrêa da Costa e Almeida) e por influências do irmão dela, o Dom Abade do Mosteiro de Santo Tirso, foi concedida, por bula pontifícia, autorização para que nela se pudesse conservar o Santíssimo Sacramento no Sacrário. Esta bula preciosa e verdadeira relíquia ainda hoje existe na posse desta família».

    Aliás, em 1865, quando se levantou a possibilidade da sua demolição, o povo de Ermesinde e a sua Junta de Freguesia tomaram posição contrária. O Livro de Actas da Junta da Freguesia de Ermesinde, relativamente à sessão que teve lugar no dia 30 de Abril de 1865 (fl. 14), regista a tomada de posição desse Corpo Administrativo, contra a demolição da Capela da Senhora do Amparo, na Quinta de Ermesinde, por sempre ter sido pública.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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