Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-09-2010

    SECÇÃO: Local


    Teatro-Conferência da Agência para a Vida Local sobre desemprego, pobreza e exclusão social

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    A Câmara Municipal de Valongo, através da Agência para a Vida Local, promoveu, no Fórum Cultural de Ermesinde, na passada sexta-feira, dia 24 de Setembro, uma Teatro-Conferência (“Estou no Desemprego, Estou Pobre e Sou Vítima de Exclusão Social”), que teve como base a adaptação da peça “O Marido de Conceição Saldanha”, do escritor (e padre) brasileiro João Mohana, feita por Júnior Sampaio, director artístico do ENTREtanto Teatro, e que veio a revelar-se o momento de maior sucesso junto do numeroso público que ali se deslocou. A peça mostra um homem acabrunhado pela situação de miséria para que a vida o arrastou e à sua família e que luta, no desespero, para manter a dignidade e contra o apelo da sua própria destruição.

    Trata-se de um evento incluído no projecto “i3”: Inspirar, Incluir e Inovar, co-financiado pela Estrutura de Missão do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, que tem como principal objectivo fomentar a sensibilização para as questões da Exclusão Social.

    Para participar no debate, a organização tinha convidado para se juntarem a Eunice Neves, responsável da Agência para a Vida Local, e Maria Trindade Vale, vereadora com o pelouro da Acção Social, mais duas personalidades: José Manuel Castro (ex-sub-delegado regional do Norte do Instituto do Emprego e Formação Profissional) e Ana Cristina Venâncio (que esteve ligada ao Serviço Local de Segurança Social de Cascais e é hoje adjunta da vereadora com o pelouro da Acção Social na Câmara de Vila Nova de Gaia.

    Após a representação memorável de Júnior Sampaio, e quando o público já começava a debandar, José Manuel Castro tomou a palavra para se referir, de passagem, a um sermão do P.e António Vieira, e apontar a importância destes dois estados: o Estado Social e o estado pessoal. «O ser é mais importante que o estar», afirmou, chamando a atenção para o título da teatro-conferência.

    Referiu depois que os países do Norte da Europa entendem a pobreza mais como resultado da falta de Educação, enquanto os do Sul a radicam mais numa questão de herança familiar. O conferencista sublinhou a necessidade de alterar este padrão de razões e comportamentos.

    foto
    Ana Cristina Venâncio referiu a difícil situação actual, com a falta de emprego inerente, defendendo a obrigação das autarquias em minorar as situações dramáticas como aquela vivenciada na peça.

    Apontou sobretudo a emergência de uma pobreza envergonhada a que é preciso estar atento e deixou claro que se tratava de uma questão de cidadania e não de caridade.

    Usou também a parábola de uma história nórdica de ouriços que, ficando juntos, picavam-se uns aos outros e sangravam, mas resistiam ao frio, enquanto outros, para não sangrar se afastavam, mas não sobreviviam.

    O debate previsto e a intervenção do público não chegaram a acontecer, muito por culpa da peça de Mohana, demasiado longa para um evento como este, se representada de um jorro só. E também, evidentemente à qualidade da representação de Júnior Sampaio, cuja gestualidade sofrida o transfigurava num pobre envelhecido, se não na idade, ao menos no sentir.

    O público teve a sua dose de pobreza, sofrimento... e bastou. E depois, diga-se, não será fácil a ninguém ficar ali a discutir a pobreza se, porventura a sofre na pele, e não vê para que sirva, na prática, o debate.

    Por: LC

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].