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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2010

    SECÇÃO: Educação


    O DESAFIO DA VIDA (EDUCAÇÃO & SAÚDE)

    Engolir parece simples, não é?

    O nosso desafio é esclarecê-lo e ajuda-lo a superar os obstáculos da vida para ser feliz. Somos uma equipa transdiscipliar e é para isso que existimos. Tem o nosso apoio em www.felicity.com.pt ou [email protected]

    Foto MONIKA ADAMCZYK - FOTOLIA
    Foto MONIKA ADAMCZYK - FOTOLIA
    Alguma vez se perguntou porque é que uma criança passa tanto tempo a explorar a boca? Pois é! Nos primeiros anos de vida, a boca é o principal meio utilizado pela criança para obter informação sobre tudo o que a rodeia. Todos nós já não ouvimos “agora está numa fase em que mete tudo à boca?”

    As primeiras experiências orais podem condicionar o desenvolvimento de uma criança a vários níveis, como na sucção, deglutição, mastigação, fala e/ou respiração e é por isso mesmo que se torna tão importante e constante a exploração desta zona. Embora pareça complexo é possível compreender ligação neste exemplo: enquanto uma criança experimenta e desenvolve força muscular no lábio superior para retirar o alimento da colher, está simultaneamente a desenvolver o movimento e força necessárias, nos lábios, para produzir a palavra “mamã” ou “papá”.

    Uma das funções da responsabilidade da zona oral é o acto de engolir (tecnicamente definido como deglutir) e envolve várias estruturas de uma forma complexa. Prevenir alterações ao desenvolvimento normal deste acto pode iniciar-se logo na amamentação. Quer pelo peito, quer por biberão, a amamentação deve constituir um momento de prazer e relaxamento para o bebé e, para isso, é importante observar com detalhe o mesmo. Habitualmente, deve conseguir obter uma quantidade de alimento adequada, sem dificuldade, em menos de 30 minutos. Ouça a respiração do bebé! Tem um ritmo constante e relaxado? Costuma engasgar-se ou asfixiar-se? É normal ouvir deglutições com muito ruído? Estes sinais subtis podem indicar alterações no acto de engolir.

    Um hábito de risco, e infelizmente comum, nesta etapa, é o corte da tetina do biberão para que o bebé tenha acesso a maior quantidade de alimento e menor dificuldade de sucção. Na maioria dos casos esta estratégia é desaconselhada. Quando aumentamos a saída de alimento do biberão diminuímos o esforço que a criança tem de fazer para sugar o alimento, o que negativamente influencia o desenvolvimento de músculos como a língua, por exemplo, tornando-se menos forte do que o esperado. Esta diminuição de força dos músculos orais (língua, bochechas, lábios, p. ex.) irá influenciar negativamente o crescimento facial e poderá conduzir a um desenvolvimento dentário inadequado. Para além destas questões, é ainda frequente que haja uma maior entrada de ar, o que poderá provocar engasgamento.

    Outra fase importante para o desenvolvimento correcto da deglutição é a fase de introdução da alimentação através de colher. Já reparou como é comum sobrar alimento na colher depois de a retirarmos da boca? A quantidade de alimento colocado na colher, o tamanho da mesma e a forma como é colocada na boca do bebé, afecta o movimento da língua e a forma como ele irá engolir. Tente colocar a colher sobre a língua fazendo uma leve, mas firme, pressão sobre o centro da mesma e, ao retirar a colher, dê-lhe tempo para a envolver com os lábios, retirando, assim, os resíduos desta. Seguida a esta fase chega a de introdução de novas texturas de alimentos, uma fase crucial no desenvolvimento da sensibilidade da boca. Contudo, é uma das fases onde costumam ser sentidas as maiores dificuldades; ainda que o sabor de uma papa de banana seja igual ao de uma banana passada, a textura é diferente. É preciso dar tempo à criança nesta fase, fazendo pequenas tentativas diariamente até que esta se habitue.

    Ao longo do desenvolvimento novos desafios vão aparecendo e, nas crianças mais velhas, as dificuldades de deglutição começam a aparecer, na maioria, relacionadas com alterações dentárias, muitas vezes resultantes de maus hábitos como o uso de chupeta prolongado, sucção de dedo ou respiração oral. As alterações a nível dentário podem provocar modificações na mastigação (mastigar o alimento apenas de um lado p. ex.) que irá também influenciar uma deglutição desadequada. Quando o acto de engolir não sofre o processo de maturação adequado, algumas alterações podem ser verificadas no momento de deglutir, como: movimentos de cabeça associados; colocação da língua entre dentes, na zona frontal; contracção dos lábios e expressão facial exagerados; presença de ruídos; mordida do lábio inferior; presença de resíduos alimentares na boca após deglutição.

    Como já foi referido no inicio, deglutir é uma função vital que nos acompanha até ao final de vida e para além da relevância que tem para o organismo, faz, ao mesmo tempo, parte de vários rituais sociais, como os almoços em família, os lanches com os amigos e aqueles dias especiais em que vamos almoçar ao restaurante preferido. Ter em atenção os pormenores poderá trazer ainda mais prazer a estes momentos. Na ocorrência de algum destes sinais deverá recorrer a profissionais especializados, nomeadamente o médico pediatra, médico estomatologista, médico dentista e/ou terapeuta da fala.

    Por: Fábio Reis*

    * Terapeuta da fala

     

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