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    Arquivo: Edição de 15-05-2010

    SECÇÃO: Saúde


    Cárie dentária

    A cárie dentária é uma das doenças crónicas mais comuns no mundo, no entanto a distribuição e gravidade desta doença varia nas diferentes populações.

    É uma doença infecciosa e transmissível, causada por bactérias, que resulta na dissolução e destruição dos tecidos dentários (Garone et al., 2003). Os microrganismos cariogénicos – bactérias, em ambiente favorável, formam colónias que aderem ao dente formando a placa bacteriana (tártaro) e, acabam por provocar uma desmineralização do esmalte dentário – camada mais externa dos dentes. Se este processo de desmineralização não for interrompido, a cárie desenvolve-se, formando uma cavidade.

    Podemos ter dois tipos de lesões de cárie: as lesões cavitadas ou não cavitadas, ou seja, lesões com ou sem perda visível de tecido dentário. Geralmente, nas fases iniciais da doença não há qualquer tipo de sintomatologia, esta só aparece quando a cavidade já apresenta uma extensão considerável.

    Para além de serem lesões cavitadas ou não, também se pode dividir a cárie em cáries coronárias (na coroa do dente) ou em cáries radiculares (na raiz do dente). As cáries coronárias aparecem tanto em crianças como em adultos e, os locais onde aparecem mais frequentemente são as superfícies dos dentes e as zonas entre os dentes. À medida que envelhecemos ocorrem alterações na cavidade oral tais como, diminuição do fluxo salivar, diminuição da destreza manual e, alterações ao nível das gengivas, retracção gengival (as gengivas mingam), com estas alterações o efeito protector da saliva diminui e os tecidos das raízes dos dentes ficam expostos. Ao ficarem expostos, como os tecidos das raízes dentárias não são tão resistentes à desmineralização como o esmalte dentário (camada mais externa da coroa do dente), instala-se a cárie.

    O aparecimento desta doença depende da existência de três factores essenciais e determinantes que, ao interagirem entre si, serão capazes de provocar um desequilíbrio na cavidade oral, criando condições óptimas para a sua instalação (Garone et al., 2003).

    É, portanto, uma doença que depende de vários factores. Estes factores são: a própria pessoa, a dieta rica em açúcares e as bactérias. A acção destes três factores ao mesmo tempo, durante um tempo leva ao aparecimento da cárie (Garone et al., 2003).

    Aparece a cárie pois a cavidade oral, com a acção destes três factores, torna-se ácida, as bactérias juntamente com os açúcares produzem ácido. É este ácido que vais desmineralizar os dentes e, assim, permitir que a cárie se desenvolva. Para travar esta desmineralização entram em causa outros factores: a saliva, o flúor, a higiene oral e o tempo.

    Se for uma cárie numa fase muito inicial, apenas o esmalte estará envolvido e não haverá dor de dentes. Uma cárie destas apresenta-se como uma “mancha branca” no dente, ou seja, há uma zona do dente mais opaca e esbranquiçada. Geralmente, esta fase da cárie só é detectada pelos médicos dentistas pois já têm o “olho treinado” para observar este tipo de lesão.

    Se a cárie já estiver numa fase em que já exista uma cavidade visível, esta poderá ser detectada por qualquer pessoa. A cavidade apresentará, se a cárie estiver numa fase activa, bordos irregulares, aspecto amolecido, cor amarelada a castanho e, com aspecto baço e húmido. Se a cárie estiver inactiva, o aspecto da cavidade será diferente, bordos regulares, aspecto brilhante, consistência dura, cor castanho-escuro. Uma cárie activa pode passar a inactiva se na cavidade oral ocorrer um reequilíbrio entre desmineralização/remineralização da superfície dentária, no entanto, a qualquer momento, se este equilíbrio for quebrado a cárie poderá voltar a activar-se e retomar a destruição de tecido dentário – esmalte e/ou dentina.

    Uma cárie com cavidade pode dar sintomas como desconforto/dor com alimentos doces, com o frio, por exemplo um gelado, ou com o quente, por exemplo sopa ou café. Se a cárie não for tratada a tempo vai progredir para a zona mais interna do dente: a polpa dentária, que é constituída por vasos e nervos. Ao atingir a polpa muitas das vezes há dor intensa, pode haver o aparecimento de abcessos dentários e, até pode ocorrer a perda do dente. Quando a polpa dentária é atingida, o tratamento terá de ser mais invasivo – terá de ser feita uma endodontia – a conhecida desvitalização. A endodontia consiste na remoção da polpa dentária e preenchimento do espaço que a polpa ocupava por um material de preenchimento próprio.

    O tratamento da cárie passa por uma acção preventiva, não invasiva ou, por uma acção mais interventiva e invasiva. Ou seja, a prevenção é efectuada quando ainda não há cárie instalada. Prevenimos a cárie com a aplicação de flúor e com os selantes de físsuras que são procedimentos que evitam que a cárie apareça. Quando já está instalada, a actuação passa pelos procedimentos não invasivos que são a vigilância e a remineralização e, quando estes procedimentos já não são suficientes, utilizam-se instrumentos e técnicas de forma a remover a estrutura dentária lesada (cariada), ou seja, é utilizada uma técnica invasiva.

    Evite a ingestão frequente de doces, escove os dentes após as refeições com uma pasta com flúor e, consulte regularmente o seu médico dentista.

    Não deixe que a cárie lhe destrua o sorriso.

    Sorrisos Felizes!

    Por: Maria Filipa Carvalho (*)

    (*) Médica dentista.

     

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