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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 28-02-2010

    SECÇÃO: Cultura


    A forçada mudança de rumo na vida de uma rapariga

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    “Laurinda”, peça em um acto de Romeu Correia, foi levada à cena, no palco do Centro Cultutral de Campo, na noite do passado sábado, dia 27 de Fevereiro.

    Quarta produção da Mostra de Teatro Amador do Concelho de Valongo, a peça – aqui numa recriação da Associação Desportiva e Cultural Canários de Balselhas – demonstrou bem o sentido mágico do teatro e de como ele pode muito bem tornar-se em festa da comunidade.

    De facto, o mais importante que aqui se pode dizer sobre esta produção nem é tanto sobre o acerto ou não da encenação e das marcações dos actores, sobre a qualidade interpretativa dos textos por parte da representação, ou sequer sobre o engenho de soluções cenográficas, de luz ou de som.

    Mais importante do que isso, nas circunstâncias aqui presentes é assistir-se à entrega generosa dos Canários, e à fruição gostosa a que se entregou a comunidade balselhense, que acorreu em grande número ao Centro Cultural de Campo.

    O enredo da peça em um acto de Romeu Correia aborda a história de uma rapariga empregada de uma sapataria e a forma como foi presa do seu voraz patrão, que vai estendendo a sua teia à sucessão de empregadas do estabelecimento.

    Muito bem urdida, a estória é sempre muito mais adivinhada do que relatada, através dos vários diálogos das personagens, o guarda-nocturno que não desdenharia seduzir a jovem e solitária rapariga, e depois um leque de personagens que lhe surgem no sonho de uma noite – os pais, a quem esta não perdoa a forma como aceitaram, recebendo dinheiro, uma situação que terá ocorrido (o pai é um ébrio e já não tem emprego), Luís, a única personagem de quem Laurinda acaita um carinho, porque é também o único que verdadeiramente gosta dela, o Sr.Gomes, o sedutor patrão da sapataria, sempre a escapar à vigilância da muito desagradável esposa (que apenas é nomeada na peça), e Teresa, a última empregada (e a última conquista) do Sr.Gomes que, de uma forma sórdida a tenta entregar nas mãos de Luís.

    A escolha de algumas canções (espanholas) ilustrando o drama repetido de muitas Laurindas, os efeitos de luz fazendo surgir a manhã, alguns aspectos de uma cenografia ingénua mas eficaz no ambiente mais íntimo da rapariga, são todos eles aspectos interessantes do trabalho dos Canários que, certos das suas fragilidades chamaram a atenção dos presentes para a sua condição de amadores. Ora, como amadores é precisamente isso que se lhes pede, que amem, e isso pareceu-nos que o fizeram, de forma autêntica e genuína.

    Quanto às interpretações, no caso porventura o menos importante, saibam os actores das duas uma, ou divertir-se e tirar prazer do teatro que fazem (e houve boas interpretações certamente) ou, se pensam no teatro como hipótese de carreira, que se disponham a aprender, sempre a aprender.

    FICHA TÉCNICA

    Texto: Romeu Correia

    Cenografia: Alcino Rocha

    Contra-Regra: Carla Meireles

    Encenação e Caracterização: António Marques

    Elenco: Sara Silva, Gerard Monteiro, Paula Silva, José Coelho,

    Faustino João, Fernando Silva e Joana Gonçalves.

    Produção: Associação Desportiva e Cultural Canários de Balselhas

    Por: LC

     

     

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