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    Arquivo: Edição de 30-09-2009

    SECÇÃO: Arte Nona


    Buddy Longway: e a oeste... tudo de novo!

    Referimo-nos, no número anterior de “A Voz de Ermesinde” (o 833), à relativamente recente iniciativa editorial da parceria “Público”/ASA que, entre outras obras, editou recentemente, “Vasco”, uma série histórica da autoria de Gilles Chaillet, cuja importância então assinalámos.

    Pois hoje voltamos à mesma iniciativa editorial desta parceria, para referirmos mais uma das obras que, a nosso ver, merece igualmente uma referência à parte.

    Falamos agora de “Buddy Longway”, um western, da autoria do quadrinista suíço Derib, datado de 1972, e que procura afastar-se dos lugares comuns da cultura eurocêntrica, para valorizar o modo de vida das comunidades ameríndias.

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    Mais uma vez destaca-se o cuidado na apresentação da edição da parceria “Público”/ASA, com a capa mate, com um belo desenho da autoria de Nuno Portugal, a tradução de Catherine Labey, adaptação de Jorge Magalhães, legendagem de Jorge Ribeiro, texto introdutório de Carlos Pessoa, sendo a responsabilidade da edição de Maria José Magalhães Pereira.

    “Buddy Longway” é apresentado ao público português pela primeira vez, em álbum editado em 1978 pela Livraria Bertrand (“Chinook”), a que se seguem , até 1981, “O Inimigo”, “Très Homens Passaram”, “Sozinho...” e “O Segredo”.

    Ainda em álbum, em 1988, surge “O Alce” e, no ano seguinte, “O Inverno dos Cavalos”, ambos de responsabilidade das Edições Futura.

    Mas a série conheceu também a publicação em várias revistas, tendo a “Tintin” sido a pioneira, em Abril de 1976. E até Março de 1982 publicaria nove títulos da série.

    Uma outra história surgiu em Maio de 1983 no “Almanaque Tintin”, e mais duas, em Outubro do mesmo ano, nas “Selecções Tintin”. Por fim, refira-se a publicação na “Mundo de Aventuras”, em Abril de 1980, de “A Primeira Caçada”.

    Até 2006, Derib publicou cerca de 20 álbuns (“Chinook”,1974; “L'Ennemi”, 1975; “Trois hommes sont passés”, 1976; “Seul...”, 1977; “Le Secret”, 1977; “L'Original”, 1978; “L'Hiver des chevaux”, 1978; “L'Eau de feu”, 1979; “Premières chasses”, 1980; “Le Démon blanc”, 1981; “La Vengeance”,1982; “Capitaine Ryan”, 1983; “Le Vent sauvage”, 1984; “La Robe noire”, 1985; “Hooka-Hey”, 1986; “Le Dernier Rendez-vous”,1987; “Regarde au-dessus des nuages”, 2002; “La Balle perdue, Le Lombard, 2003; “Révolte”, 2004; e “La Source”, 2006.

    Característica muito interessante da série é que o herói, Buddy Longway, envelhece com o passar dos anos. E conforme refere Carlos Pessoa, Derib justifica o fim da série (precisamente com o álbum “La Source”, em 2006), e o desaparecimento físico do herói e da sua mulher, Chinook: «A juventude deve compreender que a morte faz parte da vida».

    Trata-se assim de algo extremamente invulgar na Banda Desenhada, este convívio com o envelhecimento e a morte.

    A história do solitário caçador de peles no farwest selvagem, que um dia casa com a índia Chinook, é também, além do respeito pelo tempo, que já vimos atrás, um marco muiton distintivo desta série.

    Buddy Longway, Chinook, os seus filhos, os seus amigos, defrontam-se com as intempéries naturais, a rudeza selvagem da natureza ainda intocada, mas sobretudo com a incompreensão humana, a que respondem sempre numa perspectiva universal de grande humanidade.

    Trata-se assim de uma perspectiva renovadora do género western, e nela há toda uma profundidade tolerante, ecológica, anti--xenófoba e anti-racista, que é ao mesmo tempo, apaixonante e pedagógica.

    Autor do desenho e do argumento, Derib consegue marcar com muita vivacidade a sua obra, cheia de movimento, ao mesmo tempo que constrói a saga como um fluxo contínuo

    A planificação narrativa da obra, com flashbacks, que ajudam a enquadrar a história na saga, a diversidade de planos e enquadramentos, com muitos recursos cinéticos, ilustram como a série é especial.

    Mais do que a vinheta, na sua obra está também por demais evidente que a unidade de base em que trabalha é a prancha.

    Enfim, outra série imperdível!

    Por: LC

     

     

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