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    Arquivo: Edição de 30-04-2009

    SECÇÃO: Psicologia


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    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    Transtorno da personalidade anti-social

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A característica essencial do Transtorno da Personalidade Anti-Social é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que se inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta.

    Este padrão também é conhecido como psicopatia, sociopatia ou transtorno da personalidade dissocial.

    Para receber este tipo de diagnóstico, o indivíduo deve ter pelo menos 18 anos e ter tido uma história de alguns sintomas de transtorno da conduta antes dos 15 anos. O Transtorno da Conduta envolve um padrão de comportamento repetitivo e persistente, no qual ocorre violação dos direitos básicos dos outros ou de normas ou regras sociais importantes e adequadas à idade. Os comportamentos específicos característicos do transtorno da conduta ajustam-se a uma de entre quatro categorias: agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, defraudação ou furto, ou séria violação de regras. “O padrão de comportamento anti-social persiste pela idade adulta. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social não se conformam às normas pertinentes a um comportamento dentro de parâmetros legais. Eles podem realizar repetidos actos que constituem motivo de detenção (quer sejam presos ou não), tais como destruir propriedade alheia, importunar os outros e roubar. “As pessoas com este transtorno desrespeitam os desejos, direitos ou sentimentos alheios. Frequentemente, enganam ou manipulam os outros, a fim de obter vantagens pessoais ou prazer (por ex., para obter dinheiro, sexo ou poder). Podem mentir repetidamente, usar nomes falsos, ludibriar ou fingir.

    Um padrão de impulsividade pode ser manifestado por um fracasso em planear o futuro. As decisões são tomadas ao sabor do momento, de maneira impensada e sem considerar as consequências para si mesmo ou para os outros, o que pode levar a mudanças súbitas de empregos, de residência ou de relacionamentos. “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social tendem a ser irritáveis ou agressivos e podem repetidamente entrar em lutas corporais ou cometer actos de agressão física (inclusive espancamento do cônjuge ou dos filhos). Estes indivíduos também exibem um desrespeito imprudente pela segurança própria ou alheia, o que pode ser evidenciado pelo seu comportamento ao conduzir (excesso de velocidade recorrente, conduzir sob efeito de substâncias, acidentes múltiplos…). Podem mesmo chegar a negligenciar ou deixar de cuidar de um filho, de modo a colocá-lo em perigo. “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social também tendem a ser consistente e extremamente irresponsáveis. O comportamento laboral irresponsável pode ser indicado por períodos significativos de desemprego, apesar de oportunidades disponíveis, ou pelo abandono de vários empregos sem um plano realista de conseguir outra colocação. Pode também haver um padrão de faltas repetidas ao trabalho, não explicadas por doença própria ou na família. A irresponsabilidade financeira é indicada por actos tais como deixar regularmente de prover o sustento dos filhos ou de outros dependentes. “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social demonstram poucos remorsos pelas consequências dos seus actos. Podem mostrar-se indiferentes ou oferecer uma racionalização superficial para terem ferido, maltratado ou roubado alguém (por ex., "a vida é injusta", "perdedores merecem perder" ou "isto iria acontecer de qualquer modo"). Esses indivíduos podem culpar as suas vítimas por serem tolas, impotentes ou por terem o destino que merecem; podem minimizar as consequências danosas das suas acções, ou simplesmente demonstrar completa indiferença. Estes indivíduos, em geral, não procuram compensar ou emendar a sua conduta, podem acreditar que toda a gente está disponível para "ajudar o número um" e que não se deve respeitar nada nem ninguém, para não se ser dominado. “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social frequentemente não possuem empatia e tendem a ser insensíveis e cínicos e a desprezar os sentimentos, direitos e sofrimentos alheios. Eles podem ter uma auto-estima enfatuada e arrogante (por ex., achar que um trabalho comum não está à sua altura, ou não ter uma preocupação realista com os seus problemas actuais ou com o seu futuro) e podem ser excessivamente opinativos, auto-suficientes ou vaidosos. Podem exibir um encanto superficial e não-sincero, ser bastante volúveis e ter facilidade com as palavras (por ex., usar termos técnicos capazes de impressionar alguém não familiarizado com o assunto). “Estes indivíduos podem também ser irresponsáveis e exploradores nos seus relacionamentos sexuais. Podem ter uma história de múltiplos parceiros sexuais, sem jamais ter mantido um relacionamento monogâmico. Essas pessoas podem ser irresponsáveis na condição de pai ou mãe, o que se evidencia por desnutrição ou doença de um filho, resultante da falta de cuidados mínimos de higiene, filhos dependendo de vizinhos ou parentes para obter alimento e abrigo, deixar de conseguir alguém para cuidar de um filho pequeno quando o indivíduo está fora de casa, ou repetido esbanjamento do dinheiro necessário para as necessidades domésticas. Estes indivíduos podem não conseguir sustentar-se, podem empobrecer a ponto de não ter onde morar, ou passar muitos anos em instituições penais. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social estão mais propensos do que as outras pessoas a morrer prematuramente por meios violentos (por ex. suicídio, acidentes e homicídios). “O Transtorno da Personalidade Anti-Social tem um curso crónico, mas pode tornar-se menos evidente ou apresentar remissão à medida que o indivíduo envelhece, particularmente por volta da quarta década da vida. Embora esta remissão apresente uma propensão a ser particularmente evidente no envolvimento com comportamentos criminosos, é provável que haja uma diminuição no espectro total de comportamentos anti-sociais e uso de substâncias.

    Por: Joana Dias

     

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