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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-03-2009

    SECÇÃO: Tecnologias


    Erros no Magalhães? Afinal o que é que se passa?

    A comunidade escolar foi posta recentemente em alvoroço, com a notícia (e a constatação) da inclusão no computador Magalhães, que tem vindo a ser distribuído às crianças das nossas escolas, de um programa didáctico – o GCompris – que enfermava de erros gritantes de Língua Portuguesa, constituindo assim uma péssima ferramenta de estudo para aqueles alunos.

    Logo se levantou um coro de protestos visando retirar tal programa do citado computador.

    Mas a situação é, ao mesmo tempo, mais complexa e mais simples do que aparenta.

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    O computador Magalhães é uma versão aportuguesada pela companhia J. P. Sá Couto (a mesma que produz os computadores da marca Tsunami) do Intel Classmate – um computador vocacionado para um público infantil e criado como resposta ao primeiro projecto do género, o OLPC, mais conhecido pelo PC de 100 dólares, cujo objectivo era fazer chegar as novas tecnologias, a um preço muito acessível, às crianças do Terceiro Mundo.

    Na altura em que apareceu o OLPC, este era um intuito “revolucionário”, mas entretanto, paralelamente a esse movimento, surgiu uma outra ideia, esta já dirigida a um público adulto, tendo a Asus como pioneira (com o Asus Eee PC), a de possibilitar a maior portabilidade nas soluções tecnológicas de comunicação, a partir de computadores muito leves, com maior autonomia e um perfil essencialmente vocacionado para correr as aplicações da net.

    Ora estes movimentos têm um espaço comum – a leveza, a simplicidade e o preço.

    No sentido, precisamente, de tornar o preço mais baixo, a Asus começou a distribuir versões do seu Eee PC com o sistema operativo Linux em vez do Windows. O próprio OLPC inicialmente tinha um idêntico propósito, embora mais recentemente tenha feito acordos com a Microsoft para instalar antes o Windows. A isto não deve ser estranho o facto de o OLPC se dirigir a um mercado governamental e à grande influência e poder que a Microsoft goza junto de muitos governos, mesmo que isso implique uma dependência tecnológica absoluta. Mas quando há negócios chorudos pelo meio nem sempre as razões são de ordem estritamente racional do ponto de vista público.

    Ora, em Portugal, tendo o Governo de José Sócrates decidido apoiar a introdução nas escolas das novas tecnologias, parecia fazer sentido poder fazê-lo com um computador “português”, embora a incorporação nacional no produto esteja muito longe do anunciado projecto de 80% e mais difícil será ainda com o fecho previsto da Qimonda.

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    Retomando um caminho já antes trilhado com o programa escolar das TI (Tecnologias de Informação), foi decidido distribuir o computador Magalhães, quer com o sistema operativo Windows (da Microsoft – uma grande empresa multinacional), quer com o Caixa Mágica, uma distribuição (variante se se quiser) do sistema operativo GNU Linux, de código aberto, apetrechada com um grande número de programas gratuitos, também eles de software livre, isto é que qualquer pessoa pode usar, modificar e distribuir livremente. Além do mais a Caixa Mágica, dirigida por Paulo Trezentos, é uma empresa portuguesa.

    Tudo bem até aqui, o pior foi quando começaram a aparecer as denúncias de que um dos programas do Magalhães continha graves erros de Português, sendo aconselhável a sua desinstalação. Ainda pior, o referido programa era o GCompris, um software livre educativo de origem francesa instalado pelo Caixa Mágica.

    Logo houve quem quisesse aproveitar para fazer o maior alarido possível, fazendo uma comparação desfavorável ao Linux, no que toca àquilo que tem para oferecer relativamente ao Windows.

    Primeiro esclarecimento, os erros detectados no GCompris nada têm ver com a qualidade ou debilidades do Linux, aliás o próprio GCompris tem também uma versão Windows, como aliás se pode ver na foto de baixo, que retrata um momento da instalação do programa num ambiente Windows.

    A questão está pura e simplesmente numa tradução mal feita e, já agora, na responsabilidade da empresa Caixa Mágica em ter distribuído assim o programa.

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    Segundo esclarecimento, sendo um programa de software livre, na linha da filosofia do sistema operativo GNU Linux (e outros como FreeBSD e Open Solaris), que qualquer pessoa pode descarregar, utililizar, modificar e melhorar e redistribuir, os próprios que primeiro detectaram os erros podiam muito bem ter sido também os primeiros a contribuir para a sua correcção, em vez de simplesmente criticar o uso do programa que, aliás, refira-se, é excelente.

    E aliás, conhecidos os erros, eles foram de imediato corrigidos pela comunidade, uma coisa absolutamente impensável se o programa estivesse incluído no Windows em vez de estar incluído num sistema operativo de software livre como era o caso.

    No caso de pertencer ao Windows as correcções teriam de ser feitas, a seu tempo, pelos programadores responsáveis pelo respectivo software (proprietário), sujeitando-se ao alargado tempo de revisão do sistema operativo. Veja-se o tempo que durou a actualização do Windows XP pelo Vista (havendo até quem ache que a substituição não trouxe senão problemas).

    Ao contrário, no ambiente Linux, tirando a distribuição Debian, que costuma demorar mais tempo a liberar uma versão (com plena garantia de estabilidade), a maior parte delas é actualizada, geralmente, a ritmos entre seis meses e um ano. A escolha é óbvia.

    Por: LC

     

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