Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 15-02-2009

    SECÇÃO: Arte Nona


    Uma nova vida para a “l’Echo des Savanes”?

    Criada em França, em 1972, por Nikita Mandryka, Claire Brétécher e Marcel Gotlib, a “L’Echo des Savanes” é um dos títulos mais importantes do panorama editorial da Banda Desenhada franco-belga.

    Não sem sobressaltos a revista atravessou estas três décadas vertiginosas – como ela bem o demonstra – até chegar aos nossos dias em 2009. Depois de 1982, já sem Brétécher e Gotlib, partidos ainda durante os anos 70, vira-se para uma fórmula que repousa mais no erotismo. O último dos calafrios sofreu-o em 2006, quando a sua casa editora, a Lagardère Active Media, decide a suspensão do título. Felizmente, uma outra casa editora francesa, a Glénat, pegou na l’Echo e, depois de bater um outro concorrente, a Soleil, voltou a pô-la nas bancas, agora sob a direcção de Claude Maggiori, que entretanto substituiu o anunciado Didier Tronchet. Revista de choque não aconselhada aos mais sensíveis e puritanos, ainda recentemente,na Suíça, foi retirada das bancas devido a uma peça de um dos seus enfants terribles, o cartunista Willem.

    foto
    O projecto da “L’Echo des Savanes” não se aceita sem discussão. Tanto assim é que Tronchet, ao anunciar o regresso da revista, prometia muito menos nudez e muito mais crítica, humor e provocação, o que, de resto, continua a não lhe faltar.

    O erotismo – em tempos de império do audiovisual (filmes em DVD e jogos electrónicos, sobretudo) – é sempre uma panaceia, tendo eventualmente permitido à “L’Echo”, juntamente com o seu corrosivo humor (expresso além das pranchas e dos cartoons, em reportagens do tipo “Apanhados”, de uma grande comicidade) perdurar um pouco mais no tempo que outras revistas francesas como a mítica “À Suivre” ou, só para falarmos de alguns dos títulos da própria Glénat, que agora relança a L’Echo, a “Circus”, aparecida em 1975 e que acabou em 1989, ou a “Vécu” (revista de grande qualidade no seu estilo, inteiramente dedicada a temas históricos), que surgiu em 1985 e irá durar até ao fim do ano de 2004.

    No meio destas aventuras falhadas, com a experiência de uma casa editora como a Glénat, há uma hipótese para a sobrevivência da “L’Echo des Savanes”.

    De facto, entre os seus grandes nomes, a “L’Echo” continua a contar com alguns monstros sagrados da Banda Desenhada franco-belga de humor, como Shelton, Reiser, Vuillemin, Wolinski, Veyron, Willem, etc., a que se juntam alguns jovens lobos, que também não auguram nada de bom (ih, ih, ih!).

    A estes pode juntar-se ainda a presença de Manara, cuja obra de natureza erótica é bem conhecida.

    A ganância dos muito ricos, o fanatismo religioso, o “horror” da libido são muitas vezes os temas desta revista de excessos, nem todos pontuados por um normativo bom gosto.

    Num número especial lançado já em 2009, por exemplo, além da saga dos poderosos Borgia (Milo Manara), a “L’Echo”, em cerca de 120 páginas, belisca ainda o império americano (Salma/Marco Paulo – este último nome não é nenhuma blague da nossa parte, mas já agora uma coincidência bem humorada, a opulência versus a fome, a sexualidade, o cinema japonês (visto no seu pior).

    Algum voyeurismo, sensacionalismo, ee certos toques de estilo pimba-choque são o outro lado da moeda de uma publicação de que, apesar de tudo, se saúda a resistência.

    Por: LC

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].