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    Arquivo: Edição de 15-02-2009

    SECÇÃO: Destaque


    CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE – UM RETRATO DO QUE É HOJE/ANABELA SOUSA APRESENTA A VALÊNCIA AOS LEITORES DE “A VOZ DE ERMESINDE”

    Lar de S. Lourenço – fazer viver em comum um ocaso da vida digno e a valer a pena

    Porventura a valência mais emblemática do Centro Social de Ermesinde, o Lar de S. Lourenço abriu as suas portas no ano de 2002, depois de muitos e muitos anos de esforços no sentido de concretizar uma obra que a comunidade há muito exigia.

    Como principal responsável técnica, mantém-se desde o seu início Anabela Sousa, que reporta directamente ao presidente da Direcção do Centro Social, Alberto Carvalho, que tem nas suas mãos o pelouro da valência.

    Com uma capacidade instalada para 56 utentes, tantos quantos ali se acolhem – muitas são as pessoas que se encontram em lista de espera.

    No dia em que conversámos com Anabela Sousa, o programa de animação a cumprir incluía, à tarde, uma ida ao cinema, sendo os idosos acompanhados, além dos técnicos do Lar, também por muitos voluntários, alguns deles de idade igualmente provecta, mas disponíveis de corpo e de espírito, para dar uma mãozinha.

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    Com uma média de idades à volta dos 85 anos, a maioria dos utentes do Lar de S. Lourenço é já dependente do apoio de outrem.

    Destes 56 utentes do Lar, 9 deles foram ali colocados pela Segurança Social, sendo os restantes provenientes das listas de espera do Centro Social de Ermesinde (CSE), no respeito pelos seus critérios próprios de admissão. O apoio da Segurança Social contempla 50 utentes.

    O objectivo do Lar de São Lourenço é o acolhimento de pessoas idosas cuja situação social, económica, familiar ou de saúde não permita outro tipo de resposta. Pretende-se promover o bem-estar dos utentes em convivência e ambiente saudáveis, minimizando os problemas próprios das pessoas idosas, proporcionando condições de vida capazes de os fazer sentirem-se física e psicologicamente confortáveis.

    Também se prevê proporcionar alojamento temporário a pessoas de família (uma situação que se verifica neste momento, segundo Anabela Sousa) e, em geral, apoiar o idoso e fazê-lo sentir-se útil e válido na comunidade.

    O grupo-alvo são as pessoas de idade superior a 65 anos, podendo admitir-se excepcionalmente pessoas mais novas (neste momento há uma situação, de uma senhora com 52 anos).

    O pagamento dos utentes corresponde a 80 a 85% dos seus rendimentos (variando isso em função da sua dependência).

    Os horários de visita estendem-se por todo o dia, desde as 10 às 22 horas.

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    Quanto aos serviços prestados aos utentes são de vária ordem: alojamento, alimentação (pequeno-almoço, reforço alimentar matinal, almoço, lanche, jantar e reforço alimentar à noite), prestação de cuidados de higiene, imagem, e conforto, cuidados de enfermagem, atendimento médico semanal, lavagem e tratamento de roupas, animação, ocupação e lazer, apoio em deslocações ao exterior (em situação de indisponibilidade familiar), apoio psico-social, e prestação de assistência religiosa sempre que tal seja solicitado.

    A grande maioria dos utentes são católicos, verifi- cando-se muito esporadicamente um caso ou outro de natureza diferente.

    O Lar presta ainda ou diligencia a prestação de outros serviços extra, isto é, remunerados à parte do contratualmente devido, tais como serviço de cabeleireiro, de transporte em ambulância, de cuidados de enfermagem específicos, consultas médicas no exterior, fraldas, suplementos vitamínicos actividades de animação com custos para o CSE (como piscina, visitas, passeios...), cerimónias fúnebres e ainda outras despesas menos comuns.

    A entrada dos utentes no Lar está sujeita a vários critérios, tais como os potenciais utentes terem residência ou familiares residentes em Ermesinde, estarem em situação de carência económica, haver indisponibilidade da família em assegurar as necessidades básicas, estarem em situação de isolamento social e geográfico, haver insuficiência de condições habitacionais, contar com um parente já utente da instituição e haver uma vontade expressa de a frequentar.

    A equipa técnica do Lar tem entre outras funções o atendimento dos utentes e familiares, e a apreciação e avaliação dos dossiers referentes a potenciais novos utentes, cuja decisão de admissão carece de parecer por parte da Direcção do CSE.

    A equipa técnica é ainda responsável pela elaboração e avaliação dos planos referentes a cada um dos utentes, e sua alteração se necessário, e pela planificação e dinamização das actividades sócio-culturais.

    A direcção técnica dirige o serviço, assume a responsabilidade pela programação, a execução e avaliação das actividades, garante o acompanhamento da situação do utente e a prestação de cuidados (o plano individual para cada um), assegura a coordenação dos ajudantes de acção directa e, por último, conjuga esforços para rentabilizar recursos técnicos, financeiros e humanos para garantir a melhor gestão dos equipamentos.

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    O corpo técnico do Lar é, neste momento, constituído por 19 ajudantes de acção directa (ajudantes de lar, cuja função é a execução dos planos de prestação de cuidados), na vida quotidiana, ministrar a medicação prescrita e acompanhar eventuais alterações da situação global dos utentes), dois enfermeiros, uma encarregada geral (comum aos serviços do CSE), uma animadora social, uma directora técnica, uma roupeira e ainda muito pessoal comum às várias valências do CSE, como auxiliares de serviço social, cozinheiras, ajudantes de cozinha, motoristas, pessoal auxiliar, pessoal do serviço de lavandaria da empresa de inserção respectiva, sem contar, evidentemente com os profissionais das áreas administrativas (tesouraria, contabilidade, recursos humanos, etc.).

    De momento, além destes profissionais, o Lar de S. Lourenço conta ainda com a intervenção humana que deriva de diversos protocolos estabelecidos com várias instituições, a nível da realização de estágios – Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria (neste momento presente com 6 a 8 estudantes, em dois turnos, de manhã e de tarde, Escola Secundária de Ermesinde e Escola Secundária de Alfena (alunos dos cursos de Acção Social e Desporto).

    Existe ainda uma voluntária na área da Psicologia Clínica, mais um grupo de voluntariado que apoia os idosos utentes do Lar no serviço de refeições, no convívio e no acompanhamento.

    CERTIFICAÇÃO

    DE QUALIDADE

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    Neste momento, com a implementação do sistema de gestão da qualidade no Lar, que deverá levar a uma certificação por parte de entidade avaliadora oficializada, procede-se à planificação e registo de todas as actividades e ocorrências (as refeições, a prestação de cuidados de higiene, as doenças, eventuais quedas, as saídas...), e de quais os técnicos ou profissionais que intervieram nessas situações.

    As saídas, por exemplo, deverão ser sempre comunicadas e autorizadas por um(a) responsável de turno. Refira-se que dos actuais utentes só três ou quatro podem sair pelo seu próprio pé, o que aliás um ou outro faz com regularidade, para jantar com a família, podendo regressar por exemplo, até cerca da meia-noite, sem problemas.

    Mas, pelo contrário, há também utentes que padecem de parkinson ou alzheimer, estando mesmo três permanentemente acamados, embora muitos deles recolham à cama com alguma frequência ou regularidade.

    Tratando-se de um trabalho muito exigente para os profissionais que lidam mais de perto com as situações mais extremas dos utentes em caso de doença ou mesmo de eventual passamento, aqueles precisam de ter uma preparação adequada para poder acompanhar e ultrapassar as situações mais exigentes e difíceis. Assim, os técnicos recrutados devem ter o curso de Geriatria, gosto por trabalhar com idosos, experiência na área, o 9º Ano da escolaridade e ainda muita disponibilidade.

    A psicóloga clínica está também disponível, se necessário, naturalmente, para falar com as pessoas em momentos em que se possam sentir mais em baixo.

    Mas para todos aqueles utentes que ainda o podem, são várias as actividades permanentes de que usufruir.

    Por exemplo ginástica, dança, jogos de mesa, saídas (passeios, visitas, idas ao cinema,...), festas temáticas, venda de trabalhos seus ou de ofertas ao Lar, actividades informáticas. Para esta última actividade os utentes têm uma sala à disposição, mas compreensivelmente não são muitos os habituais frequentadores.

    No Lar existe ainda uma sala-oficina de trabalhos manuais, uma sala de leitura e jogos (cartas, xadrez e damas, sendo as damas preferidas ao xadrez), uma sala de estar (com bar e televisão) e ainda uma capela.

    Claro que há também o espaçoso refeitório do Lar.

    Os projectos de actividades não faltam. Por exemplo, agora Anabela Sousa, a directora técnica do Lar, estava à espera que, em breve, chegasse o sim da Câmara de Valongo para o uso da piscina municipal.

    E muitos dos utentes do Lar, ao contrário do que se poderá pensar, poderão bem ser utentes da piscina, pois encontram-se ainda com forças e saúde para tal.

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    Um destes exemplos de longevidade activa é David Festas, de 95 anos de idade, e utente do Lar de S. Lourenço desde a sua fundação e a quem “A Voz de Ermesinde” dedicou, entre outros espaços, a última página do seu número 670, de 30 de Novembro 2002, «David Festas, “arquitecto” de miniaturas» e que passou ainda há poucos dias pela nossa redacção para nos deixar, em legado, digamos assim, um volumoso caderno de versos, cantigas, anedotas e adivinhas, amorosamente recolhidas durante anos a fio, o que a sua vista agora já não permite continuar.

    Mas onde a sua inspiração criadora mais se revelou foi na construção de centenas de maquetes de monumentos e edifícios, de que o exemplo do Lar de S. Lourenço na fotografia ao lado, bem documenta.

    Muitos anos de vida activa, mesmo que com alguns acessos de mau génio, aqueles que todos lhe conhecemos, é o que lhe desejamos, Sr. David, a si e a todos os seus companheiros e companheiras do Lar de S. Lourenço.

    Por: LC

     

     

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