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    Arquivo: Edição de 20-12-2008

    SECÇÃO: Crónicas


    Carta de doação

    “Em Nome da Santa e Indivídua Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, Trindade Indivisa e sem fim por todos os séculos. Eu Gontina Guterres com os meus filhos e filhas e com os meus netos, a saber Pedro Gonçalves, Mem Gonçalves, Soeiro Gonçalves, Sancha Gonçalves, Tota Gonçalves, Gontina Gonçalves, Hoenga Gonçalves, Bona Gonçalves (todos filhos de Gonçalo), para mais segurança, em nome de Cristo, por este texto de escritura, doamos ao mosteiro e religiosas de Rio Tinto e às demais que aí morarem, duas igrejas que possuímos na Terra de Santa Maria, das quais uma se chama S. João da Madeira e outra S. Martinho de Fajões, para remédio das nossas almas e dos nossos e pelo temor do dia do Juízo; e por que nos façais participantes das vossas orações e das boas obras quotidianas, damos e concedemos a vós e a S. Cristóvão de Rio Tinto aquelas supraditas igrejas ;e as hajais por meu testamento e quanto nelas temos.

    E não damos licença nem a leigos nem a clérigos que as vendam ou dêem, ou estraguem ou destruam nem alienem um passo ou pé que seja. E só aquele que for obediente à obra da Igreja e viva santamente e ande direito, as tenha firme. E que nós encontremos digna recompensa, pelo poder de Deus, em desconto dos nossos pecados.

    Se alguém vier, ou nós ou parente ou estranho, a impugnar esta doação, dê as mesmas igrejas dobradamente e quanto forem melhoradas e, além disso, quinhentos soldos a quem competir.

    Escrita esta carta no mês de Fevereiro da era de mil duzentos e dezassete (1179). Nós supraditos a mandamos escrever e o fizemos por nossas próprias mãos, diante de testemunhas idóneas que são três: Pedro, testemunha; Gonçalo, testemunha; Martim testemunha.”

    (Este documento encontra-se no ANTT, ADP, Convento de Rio Tinto, maço 5, nº 19, ADP e Convento de Avé Maria, Liv.16, fl.367, tradução do latim, em 1936, por Serafim Leite).

    Não há dúvida que foi uma doação desinteressada! Naturalmente que pretendia reservar um lugar no Céu em troca de bens terrenos que já não lhe fariam qualquer falta após a morte.

    Remiam-se assim todos os pecados com algumas doações e os pobres iriam para o Inferno, porque nada tinham para doar. Esta mentalidade não foi combatida pelo Clero porque dela obteve muitos bens e rendimentos.

    Isto fazia parte do chamado obscurantismo medieval que ainda hoje perdura e que dá a sensação a muito gente que a vil matéria se sobrepõe ao espírito e que tudo compra até as almas e um lugar no Paraíso.

     

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