Magusto de S.Martinho
O tradicional magusto em honra de São Martinho realiza-se a 11 de Novembro com fogueiras e descantes profanos, não faltando as competentes castanhas e o correpondente vinho novo.
Neste dia que se festeja na Igreja Católica o insigne apóstolo – São Martinho de Tours, nascido na Panónia – Baixa Húngria, no ano 316, filho de um tribuno militar romano.
Alistado no exército romano chegou a ser oficial de cavalaria, conhecido por dar metade da sua capa a um pobre quase nú, que posteriormente lhe apareceu, durante o sono como sendo Jesus Cristo coberto com a capa.
TRÊS SÃO MARTINHOS
Este primeiro São Martinho festejado a 11 de Novembro é apóstolo dos Gálias no século IV, pela conversão dos franceses, já como Bispo de Tours – actual França.
O segundo São Martinho festejado a 20 de Março é o apóstolo do Baixo-Minho, no século VI, pela conversão dos Suevos, já como Bispo de Dume – actual Portugal.
O terceiro São Martinho festejado a 12 de Novembro foi o Papa São Martinho I que, perseguido e desterrado para a Frácia, faleceu neste dia no ano de 655 (século VII).
Da celebração destes três São Martinhos resulta na confusão de São Martinhos, que muitas paróquias não sabem qual deles é afinal o padroeiro, mas o povo dotado de um senso prático reduzio-os à expressão mais simples dando preferência à data do mais antigo – grande São Martinho de Tours.
O mais curioso é que os dois São Martinhos, o primeiro, Bispo de Tours e o segundo, Bispo de Dume, embora numa distência de 200 anos de idade, são ambos naturais da mesma região – a Panónia na Baixa-Húngria, tornando-se um e outro evangelizadores dos Bárbaros – o de Dume, pelos Suevos e o de Tours, pelos Francos.
SÃO MARTINHO
DE DUME
Era poeta, filósofo, ilustrador, sábio conhecedor das leis e ciências do tempo, dominando os inimigos da fé pela sua palavra de fogo.
Seguidor do exemplo apostólico do seu conterrâneo e patrono São Martinho de Tours que tinha convertido os Francos. O São Martinho converteu o Rei dos Suevos – Teodomiro, por intercessão do seu patrono.
Com este Rei fundou a Igreja e o Colégio da Cedofeita – como 1ºPrior – relíquia duma civilização, tesouro precioso e orgulho heráldico da cidade do Porto.
Este São Martinho, sagrado por Lucrécio como Bispo de Dume foi por por fim o seu sucessor no Arcebispado de Braga.
SÃO MARTINHO
DE TOURS
Nasceu sob o reinado do grande Constantino, Imperador Romano, sendo a sua família idólatra mas desde a infância começa a desgostar-se das superstições dos pais e a inclinar-se para Deus.
Após 10 anos inscreve-se como catecúmeno na Assembleia dos Cristãos.
Aos 16 anos alista-se nas legiões romanas que defendiam os Gálias, sendo notável a doação de metade da sua capa a um pobre, quese nú, por não trazer mais nada para lhe dar.
Aos 18 anos deixa a vida militar, faz-se baptizar por Santo Hilário – Bispo de Poitiers, tendo-o como seu pai na fé, que começa a conferir-lhe as Ordens Sagradas, de acólito a presbítero.
A primeira acção apostólica foi ir à sua pátria converter os seus pais, conseguindo apenas converter a mãe, mas foi de lá expulso. De regresso aos Gálias fizeram-nos Bispo de Tours. Fruto do seu zelo apostólico, ainda fundou um mosteiro onde se aos 81 anos rodeado pelos seus discípulos entre eles São Patrício – apóstolo da Irlanda.
Devido às suas extraordinárias virtudes de humildade e caridade, venerado pelo povo como MAG(N)US (SANC)TUS – esta locução latina por corruptela deu origem ao termos popular suevo – «Magustus» – o «Dia do Magusto» local de romagem ao seu túmulo.
Daí a quadra dos magustos, a partir do «Dia de Todos os Santos» em 1 de Novembro, por meio de grandiosas festividades religiosas e expansão de alegria.
E se o Inverno não era caminho temo-lo pelo São Martinho:
«Ó meu rico São Martinho
Hoje te quero festejar
Com muitas castanhas e vinho
E na fogueira saltar
Por: Luís Gouveia
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