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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-10-2008

    SECÇÃO: Arte Nona


    “Os Ridículos” – Desenho humorístico e Censura (1933-1945)

    Duas bibliotecas especializadas de Lisboa, a Bedeteca (biblioteca de banda desenhada) e a Hemeroteca Municipal (biblioteca de periódicos), apresentam nas instalações da primeira, nos Olivais, um conjunto muito significativo de primeiras páginas do jornal “Os Ridículos”, bissemanário humorístico, acompanhadas das respectivas provas enviadas para e recebidas dos serviços de censura do Estado Novo (a célebre “Comissão de Censura”), e o seu famoso carimbo «VISADO pela Comissão de Censura», em duas linhas). Nesta mostra, inédita, de “Os Ridículos”, a gargalhada, no mínimo, irrompe dobrada em face deste confronto de traços: o do mestre desenhador e o do censor zeloso, perante uma linguagem gráfica insinuativa.

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    Duas bibliotecas especializadas de Lisboa, a Bedeteca (biblioteca de banda desenhada) e a Hemeroteca Municipal (biblioteca de periódicos), apresentam nas instalações da primeira, nos Olivais, um conjunto muito significativo de primeiras páginas do jornal “Os Ridículos”, bissemanário humorístico, acompanhadas das respectivas provas enviadas para e recebidas dos serviços de censura do Estado Novo (a célebre “Comissão de Censura”), e o seu famoso carimbo «VISADO pela Comissão de Censura», em duas linhas). Nesta mostra, inédita, de “Os Ridículos”, a gargalhada, no mínimo, irrompe dobrada em face deste confronto de traços: o do mestre desenhador e o do censor zeloso, perante uma linguagem gráfica insinuativa. A exposição está organizada em três núcleos temáticos (política nacional, política internacional e Lisboa), e conta com desenhos e caricaturas da autoria de Alonso, Stuart, Colaço, Natalino, Silva Monteiro, Américo e Pargana. Através dos cortes às versões iniciais propostas pelos ilustradores, e da comparação com as páginas finais, é possível descortinar os resultados do controlo do Estado sobre o discurso humorístico e gráfico veiculado por este jornal, por outras palavras, sobre a liberdade de expressão, aqui essencialmente plástica – razões de sobra para não perder esta exposição. É comissariada por Álvaro Costa de Matos (Hemeroteca Municipal de Lisboa) e Pedro Bebiano Braga (Museu Rafael Bordalo Pinheiro). A exposição manter-se-á em exibição na Bedeteca até 31 de Dezembro. O material exposto faz parte da colecção da Hemeroteca Municipal de Lisboa e constitui uma fonte da maior importância patrimonial e histórica, que nunca foi objecto de um estudo sistemático. São documentos bem reveladores dos objectivos e especificidades da censura sobre a imprensa, neste caso, sobre um jornal humorístico, bem como das estratégias e respostas dos jornais, muitas delas subtis, para contornar a acção do famoso lápis azul. Com esta exposição e toda a programação subsequente, as duas bibliotecas pretendem precisamente despertar o interesse dos seus públicos e do público em geral para este espólio, e promover a sua primeira abordagem. Além da disponibilização de conteúdos digitais, no sítio das BLX e da Hemeroteca Municipal, está prevista a realização de visitas guiadas, ateliers e um debate.Refira-se que “Os Ridículos” começaram a publicar-se em Lisboa em 1895, por iniciativa e sob a direcção de José Maria da Cruz Moreira, o “Caracoles”. Dois anos mais tarde, em Setembro de 1897, a direcção é assumida por “Auto-Nito”, outro humorista muito popular na época. Apesar do entusiasmo inicial, a suspensão foi inevitável devido à forte concorrência entre os jornais humorísticos e ao elevado analfabetismo existente no país. Oito anos depois, em 1905, “Caracoles” pega novamente no jornal e, juntamente com “Esculápio” (Eduardo Fernandes), reedita "Os Ridículos", aproveitando agora a oportunidade que lhes oferecia a efervescência política que precedeu a implantação da República. A partir de 1906, já sem a colaboração de Eduardo Fernandes, o jornal conhece então uma fase de franco desenvolvimento, enveredando pela crítica política e pela sátira aos acontecimentos dominantes da época; os seus jocosos comentários granjearam-lhe uma popularidade e uma notoriedade que se manteriam praticamente até ao fim do jornal, em 1984. Entre os seus colaboradores destacam-se Alonso (Santos Silva), Colaço, Silva Monteiro, José Pargana, Stuart de Carvalhais e Natalino Malquiades, no desenho humorístico e na caricatura política, enquanto os textos eram assegurados por Gamalhães (Xavier de Magalhães), Sousa Pinto, Aníbal Nazaré, Nelson de Barros, Borges de Antão, Casimiro Godinho, entre outros. A par do "Sempre Fixe" foi, sem dúvida, um dos mais importantes e mais duradoiros jornais humorísticos publicados em Portugal no século XX.“

    (...)

    De 3ª a 6ª, às 10h30 ou 14h30, há visitas guiadas à exposição seguidas de atelier. Destinatários: Público em geral, alunos do 1º ciclo (3º e 4º ano), 2º e 3º ciclos, secundário e universitários. De realçar o debate sobre "Jornalismo Gráfico e Censura no Estado Novo", com historiadores, ilustradores e jornalistas, no dia 8 de Novembro no Auditório da Bedeteca.

    PROGRAMA

    – Visitas guiadas à exposição, para diferentes públicos (escolar, universitário, jovens, adultos e idosos);

    – Ateliers, após visitas guiadas, sobre a temática do desenho humorístico, da caricatura política e da censura;

    – Debate Jornalismo Gráfico e Censura no Estado Novo, com historiadores, ilustradores e jornalistas, no dia 8 de Novembro (Auditório da Bedeteca de Lisboa);

    – Conteúdos Digitais sobre o tema, em:

    • Fora de Portas (sítio da rede municipal de bibliotecas de Lisboa) – Exposição Digital (http://blx.cm-lisboa.pt);

    • Hemeroteca Digital (sítio da Hemeroteca Municipal de Lisboa) – Conteúdos Informativos (http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/

    Por: Marcos Farrajota*

    * Bedeteca de Lisboa

     

     

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