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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 20-09-2008

    SECÇÃO: Opinião


    Não terá reparado?

    É verdade, meu caro leitor, será que José Pacheco Pereira, ainda há dias tão preocupado com as declarações de Ana Gomes, a  propósito de uma suposta cabala contra o seu partido, em torno da situação em que se viu envolvido Paulo Pedroso, não tem reparado em  tantas outras questões do mesmo teor, mas referidas por outros nossos concidadãos? Passemos, pois, uma ligeira revista sobre tais temas. Em primeiro lugar, as afirmações de José Luís Saldanha Sanches, há já  um bom ano e meio, em torno do que designou de possível captura dos procuradores colocados em meios pequenos, e em que citou até o histórico caso da razão de ser dos juízes de fora.

    Os de boa memória lembrar-se-ão que o académico acabou até por ser  recebido pelo Procurador-Geral da República, tendo posteriormente referido que a sua função era apenas a de expor um risco possível, que não devia ser esquecido, cabendo às autoridades competentes as medidas essenciais a evitar uma tal situação potencial. E onde esteve o protesto de José Pacheco Pereira, ou mesmo uma ínfima manifestação de desagrado, com tal tomada de posição?

    Em segundo lugar, a recente notícia de um semanário de referência, a cuja luz haverá por aí quem pense que a recente vaga intepretativa de muitos juízes sobre as novas regras penais e de processo penal poderá ser uma manifestação reactiva contra a política de afronta do Governo aos magistrados. E ouviu-se algum protesto de José Pacheco Pereira, ou  mesmo uma mínima manifestação de desagrado com tal notícia?

    E em terceiro lugar, a recente entrevista do desembargador Eurico Reis, concedida a Daniel Catalão, em que o magistrado disse ter por vezes uma ligeira sensação de que a tal vaga interpretativa poderá ser  a tal manifestação de desagrado de alguns juízes.

    De resto, e na sequência de uma pergunta muito incisiva do entrevistador, Eurico Reis salientou que não se referia aos juízes no seu todo, mas que tem sido atravessado por uma ligeira impressão de  que algo do género poderá, porventura, estar a ocorrer num ou noutro caso. Bom, mas onde está, aqui, a reacção de José Pacheco Pereira? A uma primeira vista, José Pacheco Pereira poderá não ter reparado nos três casos ora referidos. Mas há uma coisa em que José Pacheco Pereira reparou, como lhe foi possível ouvir numa recente Quadratura do  Círculo, e que é o facto, mais que evidente, de que parece ter-se  apropriado dos portugueses a ideia de poder ter ocorrido a tal cabala  referida por Ana Gomes.

    Tenha ou não existido, o que é certo é que já hoje quase português algum tributa um ínfimo de credibilidade em quanto decorreu em torno do caso Casa Pia. Um caso que se constituiu, quase certamente, numa das páginas mais desacreditadoras do Sistema de Justiça. E porque quem manuseou toda a informação ao nível dos portugueses foram os jornalistas, bom, não terão sido os magistrados os principais responsáveis. Cometeram erros? Ah, pois claro que sim, mas quem transformou Rui Teixeira em herói e hoje o crucifica, no mínimo, cometeu um outro erro, e por igual grande. É bom ter memória e deitar uma mão mínima da coerência política.

    Por: Hélio Bernardo Lopes

     

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