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    Arquivo: Edição de 10-07-2008

    SECÇÃO: Arte Nona


    Como aguentar a falta de água no deserto?

    Falemos do cacto, por exemplo. Todos sabem como ele é eficaz a aproveitar a míngua de recursos que tem, para se fazer à vida no seu mundo difícil.

    Pois o cacto, talvez não por acaso, foi o símbolo escolhido para identificar as edições Elpep, uma iniciativa de auto-edição levada a cabo por Pepe, ou Pepedelrey, se se quiser, ou ainda Pedro Daniel Dinis da Silva Pereira, quadrinista português, nascido em Fátima (e a sua obra, neste contexto, é mesmo um milagre!) em Fevereiro de 1967.

    O pretexto que aqui nos traz para referir o trabalho de Pepe (e não só) é “Paris Morreu”, de Pepedelrey e Nuno Duarte, editado com a chancela Elpep, no já longínquo ano da graça de 2002. Aliás, do que não há dúvida é que se trata de uma experiência de auto-edição, porque quanto à responsabilidade desta, ela aparece repartida (?) por Elpep (mas também designada el pep, [email protected] e mmmnnnrrrg, também designada MMMNNNRRRG – um delicioso caos só mesmo possível na auto-edição.

    O livrinho, com copyright dos autores, tinha design gráfico de Pepedelrey e Carlos Fernandes (tasca d’animação), anunciando uma tiragem de 1 000 exemplares, cem dos quais acompanhado de um CD musical.

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    Pepedelrey, com estudos na área da Imagem e Comunicação Audiovisual, foi editor de vários fanzines (“Kiwi Podre”, “Ovelhas Anarquis”, “Hyena”, “The Killer Season Fanzaine”) e participou noutros como “Shock” e “Café No Park”. E tem trabalhos seus publicados em "Ritmo", “Boletim CPBD", "Max", "Eros", "Recortes", "Improvisos na Toalha de Mesa", "Tertúlia BDzine". Fez, sob argumento de "Marte", o álbum policial “Chindogu” (Bedeteca de Lisboa). Colaborou (em Maio de 2005) com a BD “Mal de Amores”, em quadricromia, no jornal "Mundo Universitário". Participou, com argumento de Marte, no “Lx Comics” #9. Com Nuno Duarte participou ainda no “Mutate & Survive” (uma antologia internacional de BD e Ilustração editada pela Chili com Carne. Foi responsável pelo livro “Virgin's Trip” com as colaborações de Rui Gamito, JCoelho e Rui Lacas.

    Era seu o blog “As Meretrizes Mutantes da Mata de Monsanto”.

    Quanto a Nuno Duarte, é um conceituado cenarista, membro associado das Produções Fictícias (TV, imprensa e teatro), autor da série de animação “Turno da Noite”. Mantém o blog “Sem Comentários”.

    A Elpep anunciara ainda, dos dois autores, para 2003, “Um Cadáver no Dois Cavalos”. Não temos a certeza, mas cuidámos que o projecto não se concretizou.

    “Paris Morreu” é um policial.

    Pequeno formato, de cerca de 50 páginas, a prerto e branco puros, conta a intervenção de um detective privado numa estória familiar, e a sua constante sofreguidão por ir mais além do que era suposto, nas pequenas ou grandes coisas em que se envolve.

    Neste caso há um crime e motivações sombrias e relacionamentos sentimentais cruzados e complicados. E carreiras de espectáculo à espera ou impossíveis.

    O texto não é de leitura fácil, o desenho de Pepedelrey ainda não é tão desenvolto como virá a ser. Mas há uma bela caracterização de um improvável herói de cabeleira de opereta (à Nicolau Tolentino). E, sobretudo, a independência e o arrojo de quem se mete à aventura da edição, fazendo caminhos no deserto de areia.

    Por: LC

     

     

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