Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 29-02-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 15-04-2008

    SECÇÃO: Cultura


    Ionesco

    Integrada na programação da Mostra de Teatro Amador de 2008 do Concelho de Valongo, o grupo “Casca de Nós” (da Associação Académica e Cultural de Ermesinde) levou à cena, no passado dia 5 de Abril, no Centro Cultural de Sobrado, a peça “A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco.

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    Eugène Ionesco, dramaturgo de nacionalidade romena (nasceu em Slatina, em 1912, tendo-se radicado em França em 1940) é o autor da peça agora encenada pelo grupo Casca de Nós.

    Quanto mais não fosse, pelo arrojo da escolha e pela importância de Ionesco, já teria de se saudar a escolha desta companhia, amadora e de poucos recursos.

    Junte-se a isto o facto da representação da peça ocorrida em Sobrado ter de se defrontar com um palco muito reduzido a tornar muito difícil a movimentação dos actores em palco.

    Mas desse ponto de vista – há que dizê-lo –, a exibição do grupo Casca de Nós foi soberba, com uma movimentação em palco (e não só, já veremos) muito segura e convincente.

    A desculpar há alguns deslizes no débito do texto, mas para além do facto de se tratar de actores amadores, há ainda que ter em conta tratar-se de uma peça com uma dramaturgia dificílima, que vai do texto desarticulado à palavra, esta por vezes proferida torrencialmente.

    Toda a cena se passa em casa de um casal burguês em Inglaterra, e as peripécias decorrem na presença de um casal amigo, de um bombeiro e da criada (seis personagens). De uma banal conversa amigável, a peça vai passar ao solilóquio sem sentido e ao confronto. Da pose realista à quase dança estereotipada e do pleno realismo ao nonsense e absurdo surrealista. Não terá sido por acaso que o próprio Ionesco a considerou uma anticomédia.

    A trupe da Casca de Nós, num movimento pirandelliano, e num dos momentos mais altos da encenação, salta do palco a dado momento e vem para o meio do público, sem dúvida surpreendido pela deambulação.

    foto
    A cenografia é sóbria, mas a nosso ver, demasiado realista para uma peça que é sobretudo surreal.

    A cena do fogo e do fumo salvam um pouco esta sensação de afastamento de Ionesco, mas o final, pelo menos aquele produzido em Sobrado pelo grupo pareceu-nos ser a maior debilidade desta encenação do grande autor, para o qual, depois de um aparente final da peça, esta recomeçará, com a troca dos casais, mas repetindo o enredo, e dando assim o tom final decididamente surreal e ahistórico. Ora, em Sobrado, a peça termina no aparente final, cerceando uma parte fundamental da peça de Ionesco.

    Também um ou outro resvalar para um registo de revista nos pareceu um pouco excessivo, apesar da liberdade do texto.

    FICHA

    TÉCNICA

    Título da Peça

    "A Cantora Careca"

    Autor

    Èugene Ionesco

    Encenação

    José Gonçalinho

    Intérpretes

    A. Queijo Barbosa

    Estrela Rocha

    Fernando Miguel Azevedo

    Frederico Silvestre

    Fernanda Barbosa

    Manuela Botelho

    Figurinos

    Fernanda Carneiro

    Cenários

    Manuel Carneiro

    Operação de Luz e Som

    Fernando Carvalho

    Hermínia Carvalho

    Por: LC

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].