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    Arquivo: Edição de 29-02-2008

    SECÇÃO: Local


    Casos do Dia a Dia

    AGRESSÃO NA BELA – VIOLÊNCIA GERA VIOLÊNCIA

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    As agências noticiosas, os jornais diários e a televisão relataram copiosamente os factos (ou os supostos factos) ocorridos há mais de uma semana, a 19 de Fevereiro, cerca das 21h45, na zona da Bela em Ermesinde. Um jovem de 17 anos, Michel O., estudante de um curso profissional, que se encontrava acompanhado por mais três jovens amigos, terá sido esfaqueado na rua por um residente, Manuel R., a poucos metros da casa deste. O suposto agressor, professor universitário de profissão, terá usado uma navalha que traria escondida numa Bíblia.

    O jovem agredido, em estado grave e com a carótida cortada, terá perdido então muito sangue, que ficou a correr rua abaixo ainda durante muito tempo – o encontro quase fatal deu-se quase ao cimo da Rua Ilha de S. Jorge – e só a prontidão do socorro de um amigo que, por ter sido bombeiro, tinha algumas noções de socorrismo, lhe permitiu sobreviver. O amigo conseguiu com um bocado de t-shirt, improvisar um garrote que estancou minimamente a hemorragia. Quatro ambulâncias (incluindo a dos médicos do INEM) estiveram no local, tendo a vítima sido transportada para o Hospital de S. João onde o seu estado, embora a necessitar de cuidados, foi considerado livre de perigo. O professor terá também recebido assistência hospitalar, conforme a versão do “Público”

    O suposto agressor, temendo represálias, ter-se--á refugiado numa casa das redondezas, aonde a polícia o terá ido buscar.

    Presente entretanto ao Tribunal de Valongo, ter--lhe-á sido fixada prisão domiciliária, tendo recolhido à sua casa de Montalegre.

    As razões apontadas pelas pessoas do local são quase unânimes em que o acontecido terá necessariamente a ver com o clima de má vizinhança.

    Quanto ao desenrolar no concreto da situação e às causas próximas, é que se está muito longe da unanimidade.

    Alguns dos vizinhos contam que se as desavenças já vinham de trás, e muito por causa de um galinheiro de uma vizinha. Este caso concreto, aliás já julgado em tribunal, segundo contou um vizinho à reportagem de “A Voz de Ermesinde”, há muito estava decidido, contra o queixoso, e não havia razão nenhuma para este súbito acender de paixões.

    Vinha para a rua de máscara

    e com a mão no nariz

    Que o professor, de cerca de 40 anos, era homem de poucos amigos na zona, e tinha problemas psiquiátricos, contam alguns. Que era dado à provocação, exagerando os fedores do galinheiro e chegando a vir para a rua com uma máscara e a mão no nariz, conta o mesmo vizinho à Voz de Ermesinde. Que até deitava a língua de fora à senhora do galinheiro. Que este já só teria uma galinha e nunca terá tido mais de três ou quatro. Que se queria fazer, às vezes, “engraçado” com as mulheres.

    Isso, no dia do acontecimento, também já uma rapariga teria afiançado, mas acusando o professor de ter tentado abusar dela na escola, em Ermesinde, deixou a descoberto a intrujice. Manuel R. é professor sim, mas não em Ermesinde. Aí, ao contrário do local de residência com alguns vizinhos, era estimado pelos colegas.

    Razões num sentido

    ou razões no outro

    foto
    Que a mulher o teria até deixado por já não o poder suportar, indo viver para Montalegre – voltam à carga. Mas é o mesmo lugar onde ele agora também se terá refugiado.

    Que a mulher foi para Montalegre, afiançam outros, será verdade sim, mas por causa da má vizinhança, que lhes fazia a vida negra. O professor teria até já sido agredido em vezes anteriores. Talvez por isso andasse agora de navalha. Também dizem que não faz sentido que ele tivesse tentado atacar um grupo de quatro rapazes e o mais provável é ter respondido a uma agressão física ou verbal, daquela maneira. Se a intenção era provocar ou não a morte será difícil dizê-lo, mas terá saltado de um muro (versão relatada ao “Diário de Notícias”), garantem os rapazes, e a zona do corpo da vítima que sofreu a agressão parece indicar uma intenção malévola. Outros afirmam que o estavam a agredir com socos e paus. Que os rapazes foram mandados, disse outra vizinha. Aliás, diz um amigo da vítima, Ruben M., que o professor quis foi agredi-lo a ele, por o confundir com um primo – são relativamente parecidos –, filho da vizinha com a qual terá havido o problema do galinheiro – e que, segundo conta Ruben ao “Jornal de Notícias”, aquele já se terá envolvido em problemas com o professor, atirando mesmo pedras à casa deste, mas no acto da agressão, Michel O. interpôs-se e, em vez do Ruben, acabou por ser ele a receber a navalhada.

    Os que viam o professor, diariamente, no Café Caravela, próximo da sua residência, ou no pão quente, confirmam que ali não se metia nem falava com ninguém, salvo o cumprimento lacónico da praxe, sempre à volta do seu computador portátil, que não largava.

    Tinha instalado uma porta blindada na sua casa, há pouco tempo, por causa das ameaças.

    Manuel R. incorre agora numa pena entre ano e meio e dois anos e meio de prisão, aponta ainda o “Diário de Notícias”.

    É possível que haja um pouco de verdade em tudo o que se conta. Provavelmente Manuel R. não teria um comportamento tido como dentro dos padrões normais para alguns dos moradores desta zona. A sua intransigência para com o galinheiro terá avolumado a má vontade contra ele e, já se sabe, como muitas vezes, as pessoas são cruéis para com os pacientes de males ou diferenças de personalidade. Que terá sido, uma vez ou outra, alvo de agressões ou insultos, também parece ser o mais provável. Que ele próprio as tenha feito, não estará também posto de parte.

    Na terça-feira, dia 19, provavelmente a força do número dos rapazes terá levado a alguma provocação, a que Manuel R., descontrolado, não terá conseguido resistir. Como se já não bastasse, agora, além da carreira profissional em risco, ameaçam-no ainda de lhe “acertar o passo”.

    Como muito bem dizia uma senhora na sede do União da Bela – lugar que também alguns aventavam, seria frequentado pelos rapazes, pelos vistos erradamente –, «violência gera violência» e, desta maneira não se vai a lado nenhum...

    Alguns dos moradores da zona, aliás, até acharam bem que, quando se falou do caso, na televisão e nos jornais, não se falasse da Bela mas sim de Ermesinde, por causa de uma má-fama antiga que ninguém quer ver agora confirmada, mesmo que injustamente. Razões antigas que, como se sabe, envolviam também algum racismo.

    Por: LC

     

     

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