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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 20-12-2007

    SECÇÃO: Arte Nona


    Um poço de virtudes...

    Personagem bem conhecida dos leitores portugueses, que durante anos seguiram as suas tiras publicadas em “O Primeiro de Janeiro”, Zé do Boné é uma notável criação de Reg Smythe, quadrinista inglês que viu esta sua obra começar a ser publicada no “Daily Mirror” e no “The Sunday Times” em Agosto de 1957. A personagem é o estereotipo mais conseguido do anti-herói, preguiçoso, bebedor, mulherengo, perdulário, egoísta... Poucas são as “qualidades” que lhe escapam.

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    A Fólio Edições publicou recentemente (em Outubro de 2007) o terceiro volume de “Zé do Boné”, uma compilação das tiras publicadas anos a fio no jornal portuense “O Primeiro de Janeiro”.

    Zé do Boné (Andy Capp) é a figura do típico doente da bola, machista quanto baste, calaceiro, gastador (jogo, bebida, mulheres), que pode representar bem uma época anterior ao fenómeno do hooliganismo jovem das claques modernas.

    Da sua adaptação para Portugal perdem--se evidentemente muitas ambiências e gags que fazem sobretudo sentido se enquadradas na vida de um bairro popular londrino.

    O próprio nome da personagem (Andy Capp – handi...cap) constitui logo por si uma blague que acaba por perder-se na tradução que então foi feita para Portugal.

    Este terceiro volume da edição da Fólio (edição de Ana Machado, a partir da tradução de Francisco Alba Linhares e balonagem de Patrícia Fernandes) segue as especificações dos anteriores: formato quadrado, capa de Miguel Paulo, volume de 120 páginas.

    Nele estão publicadas quer tiras do criador da personagem, Reg Smythe, falecido entretanto, em Junho de 1998, quer tiras posteriores da personagem, estas da responsabilidade de Roger Mahoney/Roger Kettle. A qualidade da obra é que – numa generalizada coincidência de opinião da crítica, parece ter diminuído muito em relação ao original “Andy Capp”.

    O traço de Reg Smythe, embora figurativo, é muito estilizado e minimalista, os olhos não existem no rosto, por exemplo.

    Os pensamentos e diálogos expressos nos balões são também concisos e, de tira para tira, vão ajudando a caracterizar melhor a personagem principal e aquelas que rodam à volta dele, com destaque para a pobre da mulher, a esforçada Flo.

    Como muito bem aponta o texto introdutório da edição, «as tiras têm habitualmente como cenário três locais: o pub (o Zé vai sempre ao mesmo), a rua, ou a sala de estar do Zé e da Flo, no número 37 da Durham Street (normalmente com o Zé deitado no sofá e a Flo a gritar-lhe da cozinha».

    Na rua sucedem-se as cenas de pugilato com os amigos/rivais, no pub, além da ingestão continuada das bebidas que ficam por pagar, há a eterna e porfiada tarefa de meter conversa com todas as mulheres que por lá, por vezes, aparecem...

    Depois, há toda uma galeria de personagens que são evidentemente muito secundárias e só existem para poder fazer o contraponto com o Andy, fazendo viver este.

    Há o amigo das bebidas, como o Chalkie, vizinho e companheiro das mesmas pândegas e adepto do mesmo estilo de vida, embora um tanto ou quanto mais complacente com a mulher, Rube, confidente da Flo.

    Por: LC

     

     

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