Medronheiro (Arbutus unedo)
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Foto LUÍS LAGE |
O medronheiro (Arbustus unedo), da família das Ericáceas é um arbusto que nalgumas situações atinge as proporções de uma árvore.
Aqui bem perto, na Serra da Agrela, havia muitos medronhos. Costumava andar por lá com uma amiga do peito, a minha amiga Zé.
Hoje fui apanhar medronhos, é quase um ritual, e quando se tem amigos que comungam e sentem de uma forma muito especial a natureza, é um encantamento.
Associo a apanha dos medronhos aos grandes amigos, nunca apanhei medronhos sozinha.
São pequenos actos de extrema simplicidade, em que, cada um, no seu silêncio, procura o mais perfeito, o mais encarnado, o mais sedutor, e não resiste: afaga-os entre os lábios – um, dois, três …
Alguém se lembra: cuidado!, que não se pode comer de mais!...
O cesto custa a encher, a beleza atrai-nos e, entre os frutos, também não resistimos às flores, pois é, o medronheiro floresce na mesma altura em que os frutos ficam maduros.
Dizem que o diabo, julgando-se esperto, experimentou Deus, pedindo-lhe que lhe desse uma laranjeira e um medronheiro e Deus, conhecedor da natureza, respondeu-lhe:
Pede-me uma dessas árvores quando não tiverem nem flor nem fruto…
Do medronheiro tudo se aproveita, as raízes, os caules, as folhas e os frutos.
Dos frutos fazem-se compotas e aguardente.
A madeira é macia e boa para tornear.
O medronheiro é um bom companheiro nas noites de Inverno, pela generosidade do seu calor, boa aguardente, saboroso licor e a melhor lenha para a lareira.
Por:
Fernanda Lage
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