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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-10-2007

    SECÇÃO: Arte Nona


    O esplendor da América

    Harvey Pekar é um desajeitado a desenhar. Mas, simultaneamente, é o autor de uma das mais celebradas sagas da Banda Desenhada norte-americana e mundial. Ao invés de produzir mirabolantes histórias de super-heróis afadigados a salvar o mundo, Pekar dá-nos a conhecer as misérias de si próprio, no quotidiano mais realista e banal. Foi a isso mesmo que ele chamou “American Splendor”, uma ironia fina sobre o modo de vida do americano médio, chamemos-lhe assim. Não sabendo desenhar, Pekar pediu a vários desenhadores para darem vida às suas histórias. O primeiro foi um dos mais importantes artistas underground, Robert Crumb, e seguiram-se muitos mais, pela saga fora. O sucesso da obra de Pekar acabou mesmo por levá-lo ao Cinema e a ele, a mergulhar ainda mais fundo nas histórias da sua própria vida, como o álbum que dedicou à luta contra o seu próprio cancro. Mas também a falar, como neste “Another Day”, de que aqui vamos abordar, sobre temas tais como: por onde andará a gata, o problema no autoclismo, a chegada a casa tarde e a más horas da sua filha, etc., etc.. Mas Pekar fala também de política, como quando se insurge contra o centralismo do Estado.

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    Another Day, editado nos EUA pela DC//Vertigo, é mais um álbum da saga American Splendor de Harvey Pekar. Histórias curtas, ridiculamente banais, revelam, à semelhança de Michael Moore no cinema documental, uma certa América, mas Pekar não precisa de agarrar em qualquer aberração ou de denunciar os extremos do american way of life.

    O seu tema é a absoluta normalidade e (in)tranquilidade do dia a dia.

    Para ilustrar Another Day, tornando-se muito interessante ver como cada um deles agarrou na figura de Pekar e a retratou, Pekar teve a parceria de muitos desenhadores.

    Entre estes estão nomes mais ou menos consagrados (ou melhor dizendo, por nós mais reconhecidos), a par de outros, menos sonantes para os comuns mortais.

    Estão aqui, por exemplo, Richard Corben, Hunt Emerson, Gilbert Hernandez ou Dean Haspiel (que já tinha desenhado “The Quitter”, a primeira obra após a adaptação de “American Splendor” ao cinema), mas também Ty Templeton, Hilary Barta,Greg Budgett e Gary Dumm, Eddie Campbell, Chris Samnee, Leonardo Manco, Chandler Wood, Chris Weston, Rick Geary, Josh Neufeld, Zachary Baldus, Steve Vance, Ho Che Anderson e Bob Fingerman.

    Fora do comum é “Regionalism”, um manifesto político de Harvey Pekar, em que ele defende um governo mais autónomo para Cleveland, a cidade onde vive. Fascinante!

    Por: LC

     

     

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